júri da kiss

'Esse julgamento significa uma tomada de decisão para o povo brasileiro', diz promotor do Caso Kiss

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Reprodução
Promotores Lúcia Helena Callegari e David Medina concederam entrevista logo após a fala da acusação, na noite desta quinta

A noite do 9º dia de júri do caso Kiss foi marcada por momentos de tensão e pelo início da fase de debates entre acusação e defesas. O Ministério Púbico foi o primeiro a falar. Por duas horas e 30 minutos, promotores de Justiça e assistência de acusação tentaram mostrar aos jurados de que o incêndio se trata de homicídio doloso (quando o agente assume o risco de matar). 

Veja como funciona a importante e decisiva missão dos jurados no tribunal do júri

Ao final da fala da acusação, os promotres Lúcia Helena Callegari e David Medina da Silva concederam uma entrevista coletiva aos jornalistas que acompanham o júri. 

'Incendiar uma boate cheia de gente é crime de homicídio doloso', sustenta Ministério Público

- Esse julgamento significa uma tomada de decisão para o povo brasileiro. Nós não queremos mais lugares inseguros para as pessoas frequentarem. A condenação por dolo, que o Ministério Público está pedindo, significa que, daqui para a frente, os proprietários de estabelecimentos, aqueles que fazem shows pirotécnicos, devem tomar todas as precauções, cautelas, e pensar muito bem o que estão fazendo, porque nós queremos estabelecimentos seguros, lugares seguros. Precisamos que o dolo afirme isso - declarou o promotor.

FOTOS: o nono dia do júri do Caso Kiss em imagens

De acordo com Lúcia Helena, o MP tentou mostrar aos jurados a responsabilidade de cada réu. Para isso, a promotoria apresentou vídeos resgatados do celular de uma das vítimas e gravações de ligações de pessoas dentro da boate para os órgãos de salvamento, o que causou mal-estar entre os familiares de vítimas e sobreviventes que estavam no plenário:

- A gente também quis mostrar para os jurados a realidade do que foi. A gente tentou ao máximo, até agora, preservar algumas coisas mais sensíveis, mas nesse momento dos debates, tínhamos que mostrar. Não tem processo com imagens mais terríveis do que esse. Mas eu entendo que os jurados compreenderam bem toda a realidade do que se fez durante o processo na instrução. Eu queria trazer essa realidade para os jurados porque eles têm de julgar entendendo isso tudo, a gente tem de se colocar no lugar dos outros. Aquele ambiente era claustrofóbico, fechado, tudo pegando fogo. Essa foi a realidade daquela noite. A gente só buscou fazer um fechamento e mostrar que realmente há dolo eventual, além das consequências e responsabilidade de todos os acusados.

Em determinado momento, o MP mostrou trechos do depoimento à Polícia Civil de André de Lima, o Baby, um dos seguranças que trabalhavam na boate Kiss no dia da tragédia, em que ele afirma que o réu Elissandro Spohr, o Kiko, o fez ajudar a "segurar um pouco a porta", o que derrubaria uma das principais teses da defesa.

- Eu estava guardando esse depoimento para esse momento, para a fase de debates. Ele, na verdade, me dá sensação de dolo direto, ele tira a sensação do dolo eventual e passa para o direto. Ele (o Kiko) se postou na frente da porta para impedir as pessoas de saírem. É uma conduta extremamente grave, é um egoísmo extremo, é o dinheiro que vale mais do que tudo - afirmou a promotora. 

O promotor justificou o uso de imagens fortes na fase de debates para mostrar a realidade do que ocorreu em 27 de janeiro de 2013.

- Era uma cena de horror, de guerra. Isso que foi trazido aqui é importante para as pessoas se ambientarem. Porque a gente percebeu, durante os interrogatórios, principalmente, uma vitimização, que é natural que os réus sintam que estão sofrendo. Mas precisamos também lembrar do sofrimento que está do outro lado, das famílias, e dos jovens que morreram naquela situação, de extrema agonia, de asfixia e queimadura - conclui Lúcia Helena.

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