Dificuldades para ingressar na Casa do Estudante fazem parte da rotina de calouros da UFSM

Thais Immig

Dificuldades para ingressar na Casa do Estudante fazem parte da rotina de calouros da UFSM

Fotos: Beto Albert (Diário)

A chegada de calouros na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) vem acompanhada de novidades, entusiasmo e o sonho de iniciar a graduação. Para alguns deles, a nova rotina de aulas, estudos e socialização com professores e colegas inclui também dificuldades na permanência. Atualmente, 85 estudantes estão em um alojamento provisório, a União Universitária, e aguardam para ingressar na Casa do Estudante (CEU).

Localizada acima do Restaurante Universitário, a União é o primeiro destino para muitos estudantes que chegam em Santa Maria e não têm para onde ir. Assim, ficam de forma provisória no espaço até que consigam uma vaga na Casa do Estudante. Porém, o local provisório tem se tornado permanente para os alunos que ainda estão no local, como Andrielly Kristiuk, 18 anos. Ela é de Nonoai, no noroeste do Estado, e veio para a UFSM cursar Ciências Sociais.

- A principal questão é que não temos uma previsão de quando vamos sair da União. É um lugar provisório, não é feito para ficarmos aqui por muito tempo. E a cada momento está chegando mais gente. Na medida que vão entrando novos alunos, não tem onde estudar. A gente fica meio a Deus dará - afirma a estudante, que está há um mês na União, no aguardo por uma vaga na CEU.

O calouro de Relações Internacionais, Felipe Winck, 18, também enfrenta dificuldades no ingresso. Ele veio do município de Colorado, no Rio Grande do Sul, e precisa de um lugar para ficar:

- A gente se sente um pouco abandonado. A estrutura não é das melhores porque são mais de 80 pessoas. Também tem a incerteza em relação à ida para a Casa do Estudante porque a gente não tem uma previsão ou uma resposta da Prae (Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis) e da reitoria. Eu vim pensando que, por ser um alojamento provisório, eu ia ficar uma semana, duas ou três, no máximo. Todo mundo que está aqui já se inscreveu no BSE, mas eles não estão aprovando.

Andrielly relata dificuldades na rotina da União Universitária.

Calouros como Andrielly e Felipe estão de forma provisória na União enquanto aguardam pelo deferimento do Benefício Socioeconômico, que comprova a situação de baixa renda. Além da moradia estudantil, o BSE também prevê acesso ao Restaurante Universitário, bolsa transporte e auxílio para a compra de materiais pedagógicos.

Desde 2022, o ingresso na Casa do Estudante acontece por meio de dois editais: do Benefício Socioeconômico (BSE) e da moradia. O estudante que se inscreve no BSE já pode solicitar ingresso na União Universitária a partir do segundo edital, conforme explica a coordenadora geral da moradia estudantil da UFSM, Rita de Cássia Trindade dos Santos:

- A gente tem uma diferença bem significativa entre os dois editais. O BSE é uma análise socioeconômica feita com mais detalhamento e exige mais documentação. Já o edital da moradia é mais simplificado o único documento que ele pede é um comprovante de residência.

O edital da moradia é publicado semestralmente e tem um fluxo de inscrições frequentes. Na prática, o edital prevê uma semana de inscrições. Após, é feita a análise das inscrições e uma lista de chamada é publicada. A partir dela, o estudante pode ingressar no alojamento provisório da União e uma nova semana de inscrições é aberta. No momento, o edital de moradia está na sétima  lista de chamada. O estudante que estiver com o BSE deferido pode ingressar no alojamento provisório e procurar uma vaga na Casa do Estudante. Já quem estiver com o benefício solicitado deve permanecer na União até que a análise seja concluída.

Esse processo por meio de editais vai de encontro com o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), base para a permanência de estudantes de baixa renda (com até 1,5 salário mínimo per capita) matriculados em instituições federais de ensino superior. A Pró-reitora de Assuntos Estudantis, Gisele Guimarães, explica que o processo precisa passar pela análise documental para que seja comprovado o uso do recurso público.

- É a execução de uma política nacional. A moradia estudantil precisa passar pela  institucionalização desses estudantes como público de assistência estudantil. Hoje temos tido dificuldade para dar conta do aumento dessa demanda por conta da diminuição de orçamento. Então, é um desafio  fazer com que essa institucionalização seja feita no menor tempo possível - comenta Gisele.

Por conta da greve da categoria de servidores técnico-administrativos em educação (TAE’s), há uma limitação de profissionais trabalhando na análise dos documentos e, em consequência disso, um tempo maior para a conclusão do processo.

O ingresso na Casa do Estudante
Com o BSE aprovado, o aluno já pode ingressar na Casa do Estudante. Rita explica que no portal de transparência da assistência estudantil existe uma relação de todos os apartamentos disponíveis:

- A partir disso, a gente orienta que os alunos façam o processo de entrevista com moradores da casa para se conhecerem, porque afinal de contas, vão dividir o mesmo apartamento. A nossa interferência é colocar a informação na mão deles.

Nesse sentido, os alunos cobram um maior auxílio da PRAE no ingresso à Casa do Estudante, especialmente no contato com os moradores.

- Eu acho que a Prae não está gerenciando de forma adequada essa negativa de vagas. Teve gente que teve o BSE deferido antes de começar a greve e eles não estão conseguindo lugar na casa do estudante por negativa dos próprios moradores. Eles nos deram uma lista dos apartamentos disponíveis, mas, mesmo assim, deveriam ter essa conversa com os moradores - afirma Andrielly, que atualmente está na União.

Estrutura

Durante a pandemia, a União Universitária passou por reformas para atender as demandas do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI). Com a conclusão do processo, o espaço foi reorganizado e a capacidade diminuída de 200 para 158 vagas. Atualmente, a União Universitária possui oito dormitórios, equipada com beliches e armários. Além disso, há uma cozinha coletiva e banheiros masculino e feminino.

Até essa quinta-feira (11), 85 alunos ocupavam o espaço e três quartos estavam vagos. Mesmo sem a lotação máxima, os alunos enfrentam dificuldades em relação à estrutura, seja pelo baixo número de chuveiros, seja pela falta de locais apropriados para estudo.

A união possui dormitórios femininos, masculinos e mistos.

Regras de entrada e saída são contestadas pelos calouros

Horários rígidos de entrada e saída também têm acompanhado a rotina dos calouros. Isso porque existe uma vigilância de 24 horas na União em que a entrada a partir das 23h30min é proibida. Na visão de Andrio Brito dos Santos, 18 anos, essa regra tem prejudicado a permanência dos estudantes.

- É ruim impor um horário pra gente. Eu, muitas vezes, tenho ansiedade e preciso sair pra fora tomar um ar. Aqui eu não consigo, preciso ir na janela. E a cozinha e os espaços coletivos é um espaço que não cabe todo mundo - conta o calouro de Educação Física.

Após a reivindicação dos alunos em relação à entrada e saída do local, na sexta e no sábado, não haverá limite de horário. Durante a semana, a regra foi mantida.

- A gente pensa que ali é um espaço de uso coletivo e também um espaço de estudo. Então, pensando nisso, a gente estabelece esses horários de limite. Mas a partir da reivindicação deles, abrimos essa exceção para as sextas e os sábados - explica Rita.

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