Para detectar perdas de água potável em municípios gaúchos, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) tem utilizado um satélite equipado com tecnologia israelense. O novo investimento foi apresentado em uma coletiva na tarde desta segunda-feira (18) no Centro de Operações Integradas (COI), em Porto Alegre.
Como funciona a tecnologia?
O satélite tem a capacidade de diferenciar tipos de águas (potável e bruta), com base no cloro dissolvido e da condutividade elétrica. Durante a coletiva, o gerente dos projetos de perdas da Corsan, Rodolfo Fucks dos Santos, explicou como funciona a tecnologia, que originalmente era utilizada para buscar água em Marte:
– Estima-se que 2/3 dos vazamentos não afloram, ou seja, eles precisam ser procurados com pesquisa acústica ou outras tecnologias. Por isso, nós contratamos um radar israelense, que emite microondas que interagem com a água tratada até 3 metros de profundidade, identificando possíveis fugas de água. O satélite, que está a 700 km da Terra, com esse radar acoplado emite as ondas e quantifica essas ondas de água, entregando-nos pontos de interesse para investigação. Isso reduz a nossa área e possibilita um trabalho mais efetivo.
Antes, a busca por vazamentos ocultos era feita pelas equipes, que percorriam ruas utilizando geofones para localizar e confirmar as ocorrências. O processo levava em média 18 meses para ser concluído. Conforme Santos, a tecnologia diminuiu este prazo. Um levantamento feito pela instituição aponta que a identificação de vazamentos em áreas verificadas é feita em um tempo 85% menor que o usual, ou seja, em até 3 meses.
Desde novembro de 2023, a tecnologia já é testada em municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre como Viamão, Gravataí, Cachoeirinha, Alvorada e Canoas. A região foi escolhida devido ao cenário. Estima-se que cerca de 60% da água potável é perdida antes de chegar às torneiras abastecidas pela Corsan.
– Um vazamento não aparente, por menor que seja, pode permanecer por 10, 20 ou 30 anos, sendo que o volume de água de um vazamento de 1 litro por segundo é 36 milhões de litros de água em 1 ano. Então, temos que buscá-los por menos que sejam. Por vezes, não é possível encontrá-los durante o dia e por isso, realizamos o trabalho à noite. Estamos localizando dois vazamentos a cada 500 metros, ou seja, quatro vazamentos por quilometro. Então, é uma rotina que ainda está em processo – afirma Santos.
A meta da Corsan é reduzir até 30% a perda de água potável no Rio Grande do Sul até 2033.
Cenário
Contemplando indicadores de todas as regiões do país, o estudo do Instituto Trata Brasil aponta que a situação é de grande heterogeneidade. A região Sul, dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, apresenta 37,5% de perda de água potável produzida nos sistemas de distribuição - terceiro maior índice entre as regiões brasileiras, ficando atrás apenas do Norte (55,2%) e do Nordeste (45,7%).
Somando-se as perdas em todo o país, o Brasil perde diariamente um volume equivalente a 7,5 mil piscinas olímpicas de água antes de chegar às residências.O Rio Grande do Sul, por exemplo, perde um volume equivalente a 524 de piscinas olímpicas diárias, sendo o maior volume entre as os estados do Sul.
Corsan
Atualmente, a Corsan atende 317 municípios do Rio Grande do Sul, realizando captação, tratamento e distribuição de água; coleta e tratamento de esgoto; monitoramento de produtos químicos na água, entre outros serviços. A institução conta com 160 estações de tratamento de água e 930 poços.
Em 2024, a Corsan pretende monitorar todos os setores direto do Centro de Operações Integradas (COI). Durante a coletiva, o diretor de operações da Corsan, José João da Fonseca, afirmou que o investimento será de R$ 50 milhões de reais ao longo do ano.
*com informações da assessoria de comunicação da Corsan