As mulheres que desafiam diferentes realidades; conheça quatro personagens que instigam uma Santa Maria melhor

Bibiana Pinheiro e Laura Gomes

As mulheres que desafiam diferentes realidades; conheça quatro personagens que instigam uma Santa Maria melhor

Não faltam músicas dedicadas a elas, nem poemas escritos a musas inspiradoras. Também não faltam desafios diários. Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, trazemos o relato de mulheres que instigam uma sociedade melhor e protagonizam muitas histórias.

As entrevistadas são referência em diferentes setores de Santa Maria. Elas participaram de uma série de entrevistas da Rádio CDN, 93.5 FM, no programa Bom dia, Cidade. Confira abaixo.

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Transformando a cidade que virou seu lar

 A trajetória de Margarete Vidal, coordenadora da Asmar 

Foto: Eduardo Ramos (Arquivo Diário)

Alterar costumes diários da população. Uma tarefa difícil, que exige tempo bem empregado. Margarete Vidal tenta colaborar com o município que considera sua casa, desde que enfrentou o desafio de sair do espaço doméstico e ir para a reciclagem. Em 1992, foi uma das incentivadoras da criação da Associação de Selecionadores de Material Reciclável de Santa Maria (ASMAR).

– São anos de história em busca de reconhecimento, busca de sensibilidade das pessoas com a questão da separação do resíduo. Para que a população saiba que tem pessoas que sobrevivem desse material. É muito difícil para o ser humano se reconhecer como trabalhador dentro desta área. 

Na trajetória tem vários orgulhos. O avanço da Asmar, ao participar do novo modelo de coleta seletiva em Santa Maria, com a responsabilidade pelo recolhimento e pela triagem dos resíduos. Também, pelo número de mulheres que trabalham na associação. Para ela, isso representa a independência das chefes de família ao poderem criar seus filhos.  E por se transformar em cada desafio, seja como uma recicladora que chegou no Ensino Superior, no curso de Enfermagem, ou poder proporcionar a educação de qualidade aos seus filhos.     

A maioria, mas poucas atuando na gestão

Indaga a Professora vice-reitora da UFSM Martha Bohrer Adaime

Foto: Pedro Piegas (Arquivo Diário)

São 64 anos de história da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mas foram nos últimos três anos que pela primeira vez a comunidade acadêmica viu uma mulher como vice-reitora. Martha Bohrer Adaime carrega a responsabilidade frente a mais de 23 mil alunos, em quatro campi. 

Muito mais que isso. É uma trajetória dedicada à educação. Logo depois que se formou em Química Industrial, escolheu seguir e passou pelo mestrado e por um doutorado na área de Educação. Em 1989 foi contratada na UFSM após concurso. Passados 35 anos de instituição, entende a naturalidade e importância de exercer a posição:     

– Uma honra enorme estar aqui neste cargo. Entendi que era um caminho natural pela minha trajetória, e só assim compreendi o impacto de uma mulher ocupando esse lugar. Precisamos mudar um pouco a forma de trabalhar, e incentivar mulheres para a gestão.  Somos quase 55% de mulheres, a maioria na UFSM. Por que não estão nesses cargos? A gente precisa fazer essa diferença e eu procuro incentivar o máximo de colegas  e estudantes, pois eles podem ser quem é o que quiserem – relata a vice-reitora Martha. 

“Onde estão as mulheres nos espaços de poder?”

Questiona Ana Cristina Londe, chefe da PRF em Santa Maria

Foto: Beto Albert (Diário)

No final deste ano, Ana Cristina Londe completa 12 anos de trabalho na 9ª delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), de Santa Maria. Ela, que hoje é chefe da unidade e 2ª mulher a ocupar essa posição, atua há mais de 18 anos na corporação. Natural de Pato de Minas (MG) e formada em Letras, Ana Cristina passou por outros estados, como Rondônia e Paraná, antes de chegar no Rio Grande do Sul.

Por aqui, além do cargo que ocupa, atualmente, ela participa da comissão de Direitos Humanos da PRF do RS e do Movimento dos Policiais Antirracistas. Também é presidente da Comissão de Equidade de Gênero da PRF do Estado.

Apesar do cargo e da atuação em várias frentes dentro da corporação, a policial rodoviária destaca que apenas 10% do efetivo da PRF é composto por mulheres. Em cargos de poder, Ana Cristina diz que, além da PRF, muitos outros locais públicos e privados espelham essa mesma realidade. 

– Onde estão as mulheres nos espaços de poder? Se você for ao Clube Dores e olhar o painel de ex-presidentes são todos homens. Se você for na Câmara de Vereadores, o painel é majoritariamente masculino. Se você for na Assembleia Legislativa e olhar o painel, tem uma única mulher, que era esposa de um político famoso, e ocupou a presidência da AL/RS. Na Cacism, também são ex-presidentes (homens). Se você for em qualquer núcleo da Brigada Militar e das Forças Armadas, (vai ver) que os cargos de gestão são ocupados majoritariamente ou exclusivamente por homens. Independente dos lugares na iniciativa privada ou setor público, os cargos e as funções de gestão, normalmente, são pensados por homens e para homens – afirma Ana Cristina.

Aquelas que conseguem chegar no posto almejado, como Ana Cristina, ainda enfrentam machismo e preconceito por ser mulher.

– Temos que marcar o nosso território. Acredito que já passei por várias superações, coisas simples, no dia a dia, em uma pista quando está atendendo acidente ou trabalhando na ronda. Não é fácil – conta a policial.

Segundo Ana Cristina, em função desse cenário de machismo, sexismo e misoginia que se mantém na sociedade, é preciso apostar nos questionamentos que geram reflexão e podem mudar comportamentos, assim como na união entre as mulheres:

– Primeiro temos que desconstruir o mito da mulher forte. Precisamos formar uma rede de proteção mútua, desconstruir todas as questões referentes à rivalidade entre mulheres, nada disso tem que existir, isso são coisas plantadas para que não possamos nos unir. O feminismo é exatamente isso, para desconstruirmos desinformação que foi plantada. Feminismo não é mulher ser superior ao homem, feminismo prega os direitos iguais entre homens e mulheres – defende Ana Cristina.

A próxima entrevista 

Foto: Nathália Schneider (Arquivo Diário)

O público pode acompanhar a última entrevista no programa Bom Dia, Cidade, da rádio CDN, 93.5 FM, nesta sexta-feira (8), a partir das 7h. A protagonista será Elisangela de Deus, 51 anos. 

Ela é presidente da Associação Mulheres Rosas de Março, que atua diretamente na assistência às famílias carentes no bairro Lorenzi. Atualmente, a Rosas de Março atende cerca de 230 pessoas, sendo 110 crianças e adolescentes (de zero a 16 anos). 

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