Família de Agudo que conquistou o Brasil com vídeos sobre a rotina no interior se muda para nova casa

Foto: Beto Albert (Diário)

A rotina em uma localidade do interior de Agudo, desafios entre pai e filho que acompanham a expressão “ô, pai, duvido tu adivinhar” e demonstrações de amor em forma de ações do cotidiano têm alcançado quase meio milhão de pessoas nas redes sociais. No período das enchentes, vídeos caseiros produzidos por Altair Pape, 40, e o filho Leonardo, 11 anos, emocionaram milhares de pessoas em todo o Brasil. De lá para cá, eles nunca mais pararam. Quase três meses depois, o trabalho rendeu a eles uma nova casa, eletrodomésticos e o carinho de quem acompanha o dia a dia da família.


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Em meio às chuvas de maio que insistiam em não parar, um vídeo publicado no perfil “Altair Fernando Pape” no TikTok emocionou milhares de pessoas. Na produção caseira, feita na porta de casa, Leonardo filma o pai Altair caminhando na chuva com uma cesta básica de alimentos e produtos de limpeza. Na gravação, o filho narra: “Chuvarada está dando aqui e ele vindo com nossa cesta básica. Isso sim que é pai, né pessoal?”

O vídeo, que alcançou milhões de visualizações, mudou a rotina da família. Não demorou muito para que os 3 mil seguidores chegassem à marca de quase meio milhão. Com o retorno em forma de números e o carinho dos seguidores, a família passou a se dedicar a produções dos vídeos. Diariamente, são três. E os temas são os mais variados, desde a rotina no interior até formas inusitadas de encarar o inverno gaúcho.

Tudo é gravado de forma muito instantânea. Do bolso, Altair tira o celular que o acompanha o tempo todo e começa a gravar, sem aviso prévio ou a tradicional contagem de “3, 2, 1”. Assim, em 60 segundos, o vídeo está pronto para ser postado. Altair conta que, às vezes, até falta imaginação, mas nunca espontaneidade. É como se a câmera fosse os olhos de pai e filho.

Redes sociais viraram fonte de renda e fazem parte da rotina

“Tu vê”, para alguns, as enchentes foram uma desgraça. E nós sentimos, porque muitas pessoas sofreram, sentimos muito mesmo pelo Rio Grande do Sul. Mas, para nós, de certa forma, ajudou. Nossa realidade seria outra se não fosse isso – conta Altair.

O trabalho com as redes sociais mudou a rotina da família. Há cerca de dois meses, eles compraram uma casa custeada por uma rifa e pelo novo trabalho. A antiga, que fica a 10 quilômetros dali, oferecia riscos diante de desmoronamentos de terra que tomaram o cenário de toda a localidade. Logo, voltar não era mais uma realidade.


O novo lar 

O local em que Altair morava com a esposa Clenir, 30 anos, e os filhos Leonardo e Ravena, de 3 meses, foi completamente atingido pelas enchentes. A família conta que desmoronamentos de terra colocavam em risco a segurança de moradores da localidade e entrou no mapa das áreas de risco mapeadas em Agudo. Foram dias ilhados, sem água ou energia elétrica. Pouca coisa sobrou. Por isso, fizeram uma rifa e arrecadaram dinheiro para comprar uma casa. Nas redes sociais, eles postavam o dia a dia da mudança: 

Agora, a rotina é outra. A começar pela água encanada que antes não era uma realidade. Um banheiro, que fica do lado da casa, também é novidade para a família – a antiga não tinha. Dentro de casa, todos os móveis e eletrodomésticos foram comprados com o faturamento vindo das redes sociais ou vindos de doações. Um sofá marrom, de couro, foi o único móvel que veio da antiga casa. Para eles, nada é como antes:

Eu sempre faço vídeos muito feliz. O pai também dá muita ideia, e eu faço. E isso nos dá muita coisa. Deu essa casinha para nós, conseguimos comprar um carrinho já e fazer coisas que antes não fazíamos. Então, pretendo continuar fazendo isso – comenta Leonardo.

Para dar ares de lar à nova casa, não podiam faltar os animais de estimação e um pátio diverso. Altair mostra com orgulho as mais de 60 árvores frutíferas, o porquinho e os cachorros de estimação. São eles os atores de diversos vídeos e também o entretenimento da família.


Redes sociais como fonte de renda

Mesmo morando no interior de Agudo, a 36 km do Centro, num local em que é preciso viajar 50 minutos da cidade, Altair e Leonardo ganharam fama no TikTok e no Instagram. Antes da enchente, tinham 2 mil seguidores. Em um dia, chegaram a ganhar 25 mil e, hoje, estão perto de 500 mil. A rede social tem rendido boa renda à família e ajudado Altair a conviver com a depressão.

Alguns até comentam: “Bah, o cara não trabalha”. Só que o meu trabalho tem sido isso, de trabalhar na internet – diz.

Assim, diariamente, a família encara a rotina de produção dos vídeos. O sucesso nas redes sociais tem chegado a vida real também. Leonardo conta que é comum, principalmente na escola, o pedido de fotos e o reconhecimento por parte de quem acompanha os vídeos:

– Hoje, na minha escola, uma professora que entrou pediu para tirar uma foto comigo para deixar registrado. É bom ir para os lugares e ver que eles me conhecem.

Durante a visita da reportagem do Diário, realizada na manhã da quinta-feira (22), Altair e Leonardo fizeram o registrado para as redes sociais:


A rotina com Ravena

Pequena Ravena, de 3 meses, nasceu em Santa Maria após ser resgatada pela FABFoto: Beto Albert (Diário)

Na sala da casa, uma foto emoldurada registra um dos momentos mais importantes da família. É uma das primeiras coisas que Clenir fez questão de mostrar a todos que chegam. Na fotografia, dois militares da Força Aérea Brasileira com a pequena Ravena no colo. No início das enchentes, Clenir foi uma das primeiras grávidas a serem resgatadas por helicópteros da FAB. A missão permitiu que a pequena viesse ao mundo e carregasse o momento no nome: Ravena Esperança Speridião Pape, que nasceu em segurança no Hospital Universitário (Husm).

– Agora, estamos melhores. Passei por poucas e boas no meio das enchentes e de tanta água. E o resultado está aqui, deu tudo certo no nascimento dela. Apesar do helicóptero, não é? Foi a primeira vez, mas gostei – afirma Clenir.


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Thais Immig

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