'Os pais não deveriam ter mais um ônus, além da perda dos filhos'

O processo de limpeza da boate Kiss chega ao seu terceiro dia e, desde o início, é acompanhado por familiares das vítimas. Na manhã desta quinta-feira o assunto era um só: a decisão judicial de que as famílias deveriam arcar com os custos de descontaminação dos objetos das vítimas encontrados no interior da boate.

:: Juiz diz que não cabe a ele decidir quem pagará pela descontaminação de pertences de vítimas

A decisão foi divulgada na tarde da quarta-feira, pelo juiz Ulysses Fonseca Louzada. Segundo o magistrado, caberá aos familiares de vítimas apresentar,  dentro de um prazo de 30 dias, à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) um plano para a descontaminação dos objetos. Ainda segundo Louzada, os familiares terão de pagar pelo serviço.

:: Equipe trabalha na remoção dos móveis da Kiss
:: Para Justiça, familiares de vítimas da Kiss devem pagar por descontaminação de objetos pessoais

Entre os familiares, é consenso que a decisão seria equivocada.
_ As únicas pessoas que não deveriam pagar somos nós_, afirma Sérgio Silva, integrante do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, alegando que os filhos já pagaram com a vida na tragédia do dia 27 de janeiro de 2013.

Para o advogado Luiz Fernando Smaniotto, que representa a Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), o custo da descontaminação deve ser de responsabilidade dos sócios da boate, da empresa dona do prédio e do Estado, que está com a tutela do prédio.
_ Como podem ser culpados (pelos custos) por algo que eles não causaram? Eles são vítimas, não podem ter mais um ônus além da perda dos filhos_, salienta o advogado.

Para Smaniotto, o juiz deve reconsiderar da decisão. Mas, caso ela seja mantida, os familiares pretendem recorrer.

Veja vídeo de processo de limpeza da boate na manhã desta quinta-feira: