Segurança

'Não é simplesmente colarmos um cartaz de greve na parede', desabafa policial civil

O escrivão Paulo Rogério Silva da Cruz, 46 anos, tem uma trajetória de 26 de carreira junto à Polícia Civil. Em Santa Maria há apenas seis meses, alocado na 1ª DP, ele atravessa a segunda greve da categoria neste ano. O motivo, embora já seja de conhecimento público, reflete uma realidade de delegacias de todo Estado e foi reiterada pelo Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm) após paralisarem as atividades desde a manhã desta segunda-feira: o atraso salarial.

Porém, conforme o relato dos servidores, a reivindicação vai além do dinheiro na conta dos policiais e impacta na rotina de toda sociedade.

– Não é simplesmente colarmos um cartaz de greve na parede. Queremos pressionar a população para que tenha o entendimento que a segurança pública está desmantelada e que é preciso uma postura de revitalização. Na última paralisação (outubro), fizemos abordagens com as pessoas para explicar e o retorno foi positivo – avalia Cruz. 

Só em Santa Maria, são cerca de 90 agentes paralisados. O pagamento dos salários está previsto para ser quitado até o dia 13 deste mês. Se o prazo for cumprido, a greve deve terminar neste dia. 

 Santa Maria - RS - BRASIL 06/11/2017Polícia civil em greve
Foto: Lucas Amorelli / New CO DSM

O representante regional da Ugeirm, Leonardo Trevisan,  acrescenta:

– Faz dois anos que não temos uma política se segurança e  passamos parcelamento de salários e, agora, atraso. Há redução de combustível, de material e estrutura, pois a reposição de efetivos é menor que a de aposentados.

A Associação dos Delegados de Polícia Civil do Rio Grande do Sul (Asdep), apoia a Ugeirm.

– Seguimos a posição do sindicato. Para o Fórum, estamos enviando os casos que têm prazo ou o que têm mais urgência – explicou a delegada Débora Dias, representante da 3ª região da Asdep.

COMO FICAM OS SERVIÇOS?
Durante a paralisação, apenas casos de maior gravidade serão atendidos, como latrocínios, homicídios, estupros, ocorrências envolvendo crianças, adolescentes e idosos e Lei Maria da Penha. A circulação de viaturas também só será feita também em caráter de urgência. Não serão cumpridos mandados, operações e ações policiais, serviços de cartório, entrega de intimações, oitivas, nem remessas de inquéritos policiais ao poder judiciário.  

Conforme o delegado Sandro Meinerz, titular da Delegacia Regional, 30% do efetivo está atuando em todas as delegacias para atendimento dos casos graves. Os demais registros, como roubos, danos, abigeatos, desaparecimento e localização de pessoas, devem ser feitos pela população diretamente no site da Delegacia Online

REGISTROS DE OCORRÊNCIA PELA INTERNET
Veja quais as ocorrências podem ser feitas pela Delegacia Online e como fazer o registro:*

Como proceder
– É preciso acessar o site delegaciaonline.rs.gov.br
À direita na página inicial, existe uma espécie de tutorial que explica como fazer a ocorrência. O sistema fará algumas perguntas sobre o que aconteceu e, com base nelas, guiará o usuário no preenchimento da ocorrência
– Escolha o crime que você quer registrar e siga os passos indicados
– O registro vai gerar um número de protocolo
– Ao final do registro, é possível imprimir a ocorrência
– Também é possível acompanhar o andamento dos casos, acrescentar ou editar informações. Para isso, insira o número de protocolo no local indicado à direita na página inicial
– O site não aceita denúncias anônimas. No preenchimento dos dados, é preciso informar nome e número de identidade
– Se o fato que motivou o registro policial não estiver disponível na página inicial da Delegacia Online, será preciso comparecer em qualquer Delegacia de Polícia para fazer o registro
– Ocorrências envolvendo crianças e/ou adolescentes vítimas, autores ou comunicantes não podem ser feitas pela internet. Deverão ser registradas na presença de um responsável em uma Delegacia de Polícia (lembrando que esse tipo de ocorrência, além das que envolvem violência contra as mulheres e os idosos e crimes contra a vida, continuam sendo atendidas mesmo no período de greve)
– O site vale para fatos ocorridos no Rio Grande do Sul (exceto Perda e Localização)
– O registro feito será avaliado por uma equipe que, neste momento, também está em greve, ou seja, isso ocorrerá depois do término do movimento
– Depois da verificação dos dados e da aceitação da ocorrência, o caso será encaminhado para a Delegacia de Polícia da região onde ocorreu o fato para os procedimentos de praxe

O que pode ser registrado
Perda de objetos ou documentos
– Acidentes de trânsito sem feridos
– Furto
– Ofensas
– Maus-tratos contra animais
– Pertubação do sossego
– Localização de objetos ou documentos
– Roubos
– Danos ao patrimônio
– Danos causados por fenômenos da natureza
– Abigeato
– Vias de fato (briga)
– Ameaça
– Desaparecimento de pessoa
– Localização de pessoa
– Violação de domicílio (arrombamento)

*A comunicação falsa de crime ou contravenção está sujeita às penas dos artigos 138, 339 e 340 do Código Penal Brasileiro com pena prevista de reclusão de dois a oito anos e multa


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