Em depoimento ao Conselho de Justiça Militar, o soldado Raziel dos Santos, 19 anos, admitiu ter disparado o tiro de fuzil que matou o colega dele de quartel Roger Lazaretti Rodrigues, 18, mas disse que estava brincando com a arma e não teve a intenção de matá-lo. O crime ocorreu no dia 6 de novembro, dentro do Regimento Mallet.
O interrogatório ocorreu na tarde desta segunda-feira, na 3ª Auditoria Militar Federal em Santa Maria, e durou cerca de 40 minutos.
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Santos chegou ao local por volta das 13h30min, conduzido por dois integrantes da Polícia do Exército. Algemado, apresentou-se no plenário, depois, foi levado a uma sala onde aguardou até o começo da audiência, às 14h20min. Já sem as algemas, respondeu às perguntas do juiz auditor Celso Celidonio, que conduz o processo, e dos outros quatro juízes militares que compõem o Conselho de Justiça.
Durante o relato sobre as circunstâncias do crime, Santos se manteve tranquilo, com tom de voz baixo, segurando nas mãos a boina que faz parte da farda militar, e pouco gesticulou. Disse que, no dia do fato, estava no banco da guarda, ou seja, naquele momento, não estava no "quarto de hora" de serviço. Rodrigues, que estava saindo de serviço, teria passado pelo local, e Santos teria lhe pedido um cigarro. Rodrigues teria ido buscar o cigarro no alojamento. Santos teria esperado uns cinco minutos e teria ido atrás de Rodrigues no alojamento da guarda. Teria feito o percurso brincando com a arma em punho, mas sem apontar para ninguém, o que, segundo ele, os militares são acostumados a fazer. No alojamento, Rodrigues estava sentado na cama arrumando as coisas para ir embora.
_ Fui eu que efetuei o disparo, mas não foi intencional. Cheguei e mirei o fuzil nele (Rodrigues). Ele disse: tá na mão, pegando o cigarro dentro da mochila. Ele me alcançou o cigarro, e coloquei o fuzil para o lado dele e dei um golpe de segurança (ato que coloca o projetil no cano), que foi até a metade. Aí, dei outro. Um (colega) gritou que eu estava louco. Eu disse que não tinha nada (munição). Voltei o fuzil para ele (Rodrigues). Alguém gritou: você é louco mesmo. Destravei e apertei o gatilho, e o fuzil disparou no rosto dele (Rodrigues) _ relatou Santos.
Em depoimento, Santos disse que esqueceu que a arma estava municiada. Falou que, após o disparo, entrou em choque e teve vontade de se matar. Disse ainda que, naquele momento, não estava sob efeito de drogas ou bebida alcoólica, apesar de ser usuário de maconha. Ele se disse arrependido.
_ Perdi a vida de um amigo, coisa que nunca pensei em fazer _ disse Santos, ao mencionar que era amigo de Rodrigues dentro e fora do quartel.
Liberdade provisória foi negada pelo Conselho de Justiça
Ao final do interrogatório, foi analisado e votado pelo Conselho de Justiça o pedido de liberdade provisória feito pela defesa de Santos. A solicitação foi negada por unanimidade. Santos deixou a Auditoria Militar às 17h0