“É uma sensação de injustiça e de impunidade”, diz presidente da AVTSM sobre anulação do júri

Arianne Lima

“É uma sensação de injustiça e de impunidade”, diz presidente da AVTSM sobre anulação do júri

Após oito meses do julgamento do Caso Kiss, que condenou quatro réus em dezembro de 2021 por 242 homicídios e mais de 636 tentativas de homicídio, um novo júri ocorreu na quarta-feira, no Tribunal de Justiça (TJ), em Porto Alegre. A votação dos recursos foi acompanhada de perto por sobreviventes e familiares de vítimas da tragédia, ocorrida no dia 27 de janeiro de 2013. Em entrevista ao Diário, o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Gabriel Rovadoschi Barros, comentou sobre os últimos desdobramentos.

Na quarta (3), à CDN, o ex-presidente da AVTSM, Flávio Silva, também falou sobre a decisão. Ele afirma que, apesar de cansados e esgotados, os famíliares e sobreviventes seguirão na luta por justiça.

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Diário –  Enquanto presidente da AVTSM, como você avalia o resultado do júri de recursos, ocorrido na quarta-feira em Porto Alegre?

Gabriel Rovadoschi Barros – É uma sensação de injustiça e de impunidade que retoma o movimento. Isso nos faz mobilizar cada vez mais nessa luta incansável por justiça. A anulação do júri não anula a nossa experiência de ter vivido aquele julgamento durante 10 dias e essa decisão nos fere profundamente enquanto familiares, amigos e sobreviventes. Nós somos os que sentimos a dor profunda de sermos os únicos a pagarem o preço dessa injustiça.

Não foi um ato do acaso, nem do destino o que aconteceu, foi uma tragédia de obra humana que deve ser responsabilizada. A anulação não muda os fatos, o embasamento dos laudos, as perícias e os testemunhos que fazem parte da denúncia e que colaboram com a condenação.

Diário – A partir da decisão, que resultou na anulação do júri, quais serão os próximos passos da AVTSM?

Gabriel – Cabe ainda recurso sobre a decisão de ontem e é com base nisso que a gente planta a nossa convicção de que o recurso será proveitoso no sentido de reverter essa decisão”.  

Diário – Para a comunidade de Santa Maria, o que você acredita que precisa ser enfatizado sobre os últimos desdobramentos?

Gabriel – A associação em busca desse direito de justiça e de memória é um movimento que abrange não somente os afetados pela tragédia, mas toda a população que deve se empoderar dos próprios direitos e deveres. Especificamente para Santa Maria, dizemos que o nosso compromisso nessa luta atinge diretamente a forma como vivemos o dia a dia. Cada decisão proferida que fere o direito à justiça abre mão para que uma série de processos termine nesta impunidade e consequentemente, traz muito sofrimento e dificuldade em seguir a vida para cada um afetado. Portanto, fazemos um convite aberto à comunidade de Santa Maria para participar desse processo de reumanização do jurídico e de toda essa luta coletiva na construção de uma memória, porque o esquecimento só delibera o futuro sofrimento”.  

*Colaborou Rebeca Kroll

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