ensino público

VÍDEO: falta de monitores em escolas impede que alunos da Educação Especial frequentem aulas

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Eduardo Ramos (Diário)
Na Escola Municipal Darcy Vargas, situação preocupa professores e direção. Pelo menos, cinco alunos precisam do acompanhamento de monitores

Escolas municipais e estaduais estão sofrendo com a falta de monitores, fundamentais para o atendimento de Alunos da Educação Especial (AEE), e estagiários, que auxiliam nas turmas de educação infantil. Os monitores prestam atendimento individual para alimentação, locomoção e higiene aos estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), mobilidade reduzida, deficiência visual, deficiência intelectual e paralisia cerebral. Em alguns casos, é necessária a presença em tempo integral em sala de aula. De acordo com levantamento feito pelo Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm), 20 escolas estariam precisando da contratação de 58 monitores. Além disso, há a falta de 16 estagiários.

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A Secretaria Municipal de Educação não divulgou o número exato em falta, já que o quantitativo sofre variação à medida que novos alunos solicitam atendimento, mas afirma que tem conhecimento da necessidade das instituições. Conforme a 8ª Coordenadoria Regional de Educação, são 38 escolas habilitadas para receber estudantes da educação especial. Já há monitores contratados para 58 alunos e outros 32 estão com o contrato em andamento no sistema para alunos novos.

Para garantir o desenvolvimento de habilidades, as crianças com o transtorno precisam participar de terapias específicas, e a presença em sala de aula é indispensável e garantida por lei desde 2012.

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Francine da Rosa, 38 anos, é mãe do Benjamin da Rosa Pergher, que em 27 de abril completa três anos. Em dezembro do ano passado chegou o diagnóstico de TEA. Uma das primeiras recomendações à família foi a importância do convívio da criança no ambiente escolar. A matrícula foi feita, porém Benjamin não chegou a frequentar as aulas. A falta de um monitor para o acompanhamento do aluno é o motivo.

- Sou mãe de primeira viagem, o autismo é novo para mim, foi um baque. É difícil, e ainda temos que lidar com essa situação da escola. Um empurra (o problema) para o outro. Não sabemos mais o que fazer. Vai entrar maio e meu filho vai seguir sem escola? Ele merece estar com os colegas e conviver com eles como qualquer criança - relata a mãe.

O problema não é exclusivo da Rede Municipal. Nas escolas estaduais também há casos de falta de monitores e estagiários.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Pedro Piegas
Bernardo tem ficado com a avó, Andrea Ruratto, no período em que deveria estar na escola. Laudo médico aponta urgência no acompanhamento de monitor

Bernardo Carra Kuntz tem seis anos. Aos três, foi diagnosticado com TEA. Desde então, tem acompanhamento de terapeuta ocupacional, educadora especial, fonoaudióloga eoutras terapias necessárias, porém está longe da escola em função da falta de um monitor para acompanha-lo em sala de aula.

- Ele está tendo o direito dele de frequentar a escola privado. A única coisa que eu busco é o direito do meu filho. Não estou pedindo um favor. Inclusão não é um favor, é um dever de o Estado proporcionar. Isso é preconceito, não é brincadeira - lamenta a mãe do menino, Viviane Rodrigues Carra.

A mãe fez a matrícula de Bernardo em novembro do ano passado. Todos os documentos solicitados foram encaminhados, entre eles um laudo médico que aponta a urgência de um monitor individual. A criança está na fase de ouro de absorção de aprendizado. Cada dia a menos de estímulo é um tempo precioso no desenvolvimento. Viviane levou o caso ao Ministério Público. Nesta sexta-feira, Viviane foi chamada pela 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE) a comparecer na escola. A direção vai aumentar a carga horária com a educadora especial, mas a contratação do monitor ainda depende da liberação da Secretaria Estadual de Educação.

- Tudo que ele deixar de fazer hoje, vai prejudicar ele no futuro. Não só para ele, mas para todas as crianças que não estão no ambiente escolar. Não estão proporcionando isso ao meu filho.


NOVA REALIDADE
Na Escola Municipal de Educação Infantil Darcy Vargas, que atende 320 alunos, cinco já tiveram o diagnóstico de TAE confirmado e outros 16 estão sendo investigados. A escola não tem nenhum monitor para o atendimento dessas crianças.

- O município não se preparou para a demanda de alunos novos com AEE. Só que isso é uma realidade não só do nosso município, mas é geral. Acho que é importante rever essa questão para que no próximo ano isso não se repita. Já estamos em abril e nada dos monitores e estagiários - salienta a diretora da escola, Márcia Beck.

Além da falta de monitores e estagiários, o município, também passa pela falta de professores. Segundo levantamento do Sinprosm (realizado até 1º de abril), são 65 profissionais. Conforme a Secretaria Municipal de Educação, são 49 professores em falta (realizado até 24 de março).

- Onde que está o entrave na contratação? Queremos uma resposta! A escola e as crianças não podem mais esperar. Isso está prejudicando não só o trabalho pedagógico, mas também o direito de aprendizado de todas as crianças. Isso causa mais sobrecarga e precariza as condições de trabalho dos professores e das gestões escolares - avalia a coordenadora de Organização e Patrimônio do Sinprosm, Juliana Moreira.

Na última semana, o sindicato elaborou um documento apontando os principais problemas e encaminhou ao gabinete do prefeito Jorge Pozzobom.

O QUE DIZ A PREFEITURA E A 8ª CRE
A prefeitura, por meio das secretarias de Educação e de Administração e Gestão de Pessoas, explica que, com o retorno das aulas presenciais, e o consequente aumento do número de alunos na rede pública e abertura de mais turmas, aumentou a necessidade de mais estagiários e monitores nas escolas. As contratações dos profissionais, segundo o Executivo, estão sendo feitas de forma contínua desde o começo do ano letivo. Na medida em que este movimento se consolida, o processo de contratação de estagiários também acelera. Atualmente, de acordo com o município, são 465 estagiários lotados na Secretaria de Educação.

A 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE) afirma que o processo de contratação não é rápido e que, em alguns casos, falta documentação por parte da família, como o laudo médico.

- Todas as situações que chegaram até nós foram encaminhadas para a Secretaria Estadual de Educação. Cresceu muito a necessidade de monitores e estagiários, mas vamos atender a todos - garantiu o coordenador da 8ª CRE, José Luis Eggres.


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