data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Arquivo Pessoal
A professora de biologia Lenir Neusa Krauspenhar Silveira é a terceira filha de uma família de seis irmãos. A filha do agricultor Osvaldo Rodolfo Krauspenhar e da dona de casa Irma Skrebscky Krauspenhar, falecidos, nasceu em General Vargas, onde hoje é o município de São Vicente do Sul, na localidade de Vila Clara. Lenir passou a infância entre São Francisco de Assis e Canabarro e, a adolescência, em Santa Maria, até a formação universitária. A professora foi casada por 32 anos com o advogado Carlos Alberto Muniz da Silveira, falecido. Ela é mãe de Ruy, Adriano e Verônica Krauspenhar Silveira, e avó de Carlos Alberto, Matheus e Vitória. Secretária de Educação de Cacequi entre 1997 a 2004, Lenir, há meio século, se dedica a trabalhar pelo desenvolvimento de Cacequi. Nesta entrevista, aos 73 anos, ela compartilha um pouco de suas memórias.
Diário - Escolher sua profissão foi um desafio?
Lenir Neusa Krauspenhar Silveira - E tanto! Desde os 13 anos, eu sonhava ser médica. Era bem estudiosa, gostava de passear dentro de hospitais, de onde era aconselhada a me retirar pelas enfermeiras. Quando cursei o Científico, em Santa Maria, conheci um "príncipe", e este não concordava em se casar com uma médica. Nesta época, frequentei muito a capelinha do Colégio Sant'Anna pedindo conselhos a Deus, pois precisava escolher entre ser médica ou esposa e mãe. Eu tinha várias dúvidas em relação à vida profissional. Naquele ano, tiveram dois candidatos por vaga para Medicina, eu teria entrado, mas desisti por amor. Assim, fiz inscrição para biologia e fui aprovada em segundo lugar. Eu queria ser pesquisadora e cientista. Casei quando cursava o quarto ano da graduação. Quando eu já lecionava no Colégio Sant'Anna, nasceu o meu primeiro filho, Ruy.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">No registro de 1980, a família Krauspenhar, em Canabarro
Diário - Quando chegou em Cacequi?
Lenir - Formada, cheguei em dezembro de 1969. Foi uma grande experiência. Em 1970, as portas das escolas começaram a se abrir para mim. Fui a primeira professora formada em Ciências a chegar em Cacequi. Eu lecionava 12 horas por dia, distribuídas no Ginásio Estadual Cacequiense, na Escola Técnica de Comércio Bispo Thomas e no Colégio Nossa Senhora das Graças (CNSG).
Diário - A senhora também foi diretora da Escola Polivalente.
Lenir - Em 1973, recebi o importante convite para ser diretora de uma grande escola que seria construída em Cacequi. O corpo docente precisava ser reciclado em Porto Alegre. Grávida, fui estudar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde cursei Pedagogia e Administração Escolar. Acompanhar cada passo e fazer parte desta inauguração foi importante para mim. Junto a essa responsabilidade, eu ainda lecionava na escola técnica e no CNSG.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Em Cacequi, em 1995, com o marido Carlos Alberto Muniz da Silveira
Diário - Ao longo dos anos que lecionou, como define o seu relacionamento entre professora e alunos?
Lenir - Respeito, ética e diálogo sempre pautaram o relacionamento entre as pessoas com quem convivo. Faço o possível para que quem está perto de mim aprenda que a vida é maravilhosa e precisamos sempre ser felizes. Nunca levantei a voz, tampouco tirei aluno algum da aula. Não posso "terceirizar minha incompetência".
Diário - A senhora foi secretária de Educação de Cacequi durante oito anos. Quais foram as metas cumpridas?
Lenir - Entre os objetivos mais importantes, destaco a qualificação de professores com a abertura do curso de Pedagogia na Universidade da Região da Campanha (Urcamp), onde quase cem professores de Cacequi e 400 da região concluíram o curso superior. Na época, este feito era quase inatingível financeiramente. Além disso, conseguimos ter todos os alunos na escola. Ampliei o transporte escolar na cidade e interior e inseri mais séries nas escolas. Além disso, construí escolas e creches. Junto ao prefeito da época, tive a oportunidade trazer empresas de fora e, assim, gerar mais empregos na cidade.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Lenir na festa da família Krauspenhar, em 2017, no CTG Estância do Minuano. Na fotografia, o filho Adriano (à esq.), a neta Vitória (no colo) e os filhos Verônica e Ruy
Diário - A senhora contribuiu com a organização da comunidade cacequiense e com a instalação de diversas entidades importantes.
Lenir - Ao assumir a secretaria, criei o Grupo de Terceira Idade com a intenção de proporcionar entretenimento e vida social ativa aos idosos. Também fiz parte da criação do Centro Integrado da Criança e Adolescente (Cica), em 2002, que, na época, atendeu crianças em situação de vulnerabilidade social. Ademais, participei da criação do Centro de Memória Ferroviária, para que fosse resgatada a história de Cacequi, a qual teve fundação alicerçadas na ferrovia. Ainda hoje, participo da política da cidade sendo vereadora suplente do Partido Progressista (PP). Penso que a política deve estar em boas mãos.
Diário - E como foi sua participação na Cooperativa de Educação de Cacequi (Coeduc)?
Lenir - Pela cooperativa, participei da criação da nova mantenedora do CNSG, viabilizando, assim, a continuidade da prestação de serviços educacionais de qualidade na cidade.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Em 2019, na Estação Férrea de Cacequi, depois da reforma realizada por Lenir
Diário - A senhora ainda assumiu a direção da Estação Férrea de Cacequi. O que funciona no local atualmente?
Lenir - Em 1999, a prefeitura locou o prédio da Rede Ferroviária Federal, que estava se deteriorando. Então, a engenheira Clara Rosado elaborou um projeto para a prefeitura, solicitando verba estadual para a reforma dos beirais do prédio. Assim, foram transferidas para o prédio a Secretaria Municipal de Educação e Cultura e, pelo menos, mais cinco entidades não governamentais, que se uniram realizando promoções para arrecadar fundos para continuar a reforma. Hoje, o prédio é exemplo de restauração e zelo.