Falta de professores e de informação marcam a volta às aulas em Santa Maria

Fotos: Thays Ceretta (Diário)
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Helena, no Bairro Camobi, faltam professores para os 2º e 3º anos

A quarta-feira deveria ser de volta às aulas para os alunos dos 2º e 3º anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Helena, no Bairro Camobi, em Santa Maria. Assim como os outros 32 mil estudantes das redes municipal e estadual de Santa Maria, eles deveriam ter ser recepcionados pelos professores e convidados a entrar nas salas de aula. Mas não foi essa a realidade em alguns colégios.

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- Vim na escola para ver como estava a situação, já que meu filho estuda à tarde, no 2º ano. Chegando aqui, descobri que não terá aula porque não tem professor. Eu vi que avisaram que o quadro (de docentes) estava completo, mas isso é uma mentira - relatou o pai, Juliano Fernandes.

À reportagem do Diário, que esteve na Santa Helena nesta manhã, a diretora Silvana Alegransi informou que faltam professores para turmas do 2º e 3º anos do Ensino Fundamental e, por isso, a direção decidiu que as aulas, para esses alunos, não irão começar enquanto o problema não for resolvido. Ao todo, são 252 alunos matriculados no colégio.

A diretora relatou também que, no ano passado, havia acontecido a mesma coisa. A prefeitura foi informada da situação e, nesse ano, não foram destinados professores para atender às turmas. Silvana relata que foi autorizado que a coordenadora pedagógica atenda às turmas por 15 dias, mas a direção optou por não iniciar as aulas enquanto não houver professor. 

- O que preocupa a gente é em relação à imagem da escola. Parece que não fizemos nada. E isso nos deixa angustiados. Não é nossa responsabilidade contratar professores - diz a diretora.

A assessoria de comunicação da prefeitura informou, em nota, que os dois professores estão cumprindo licenças previstas na legislação municipal, mas que outros profissionais aprovados em concurso já foram chamados e estão dentro do prazo para apresentação. Confira, abaixo, a íntegra da nota:

"A Prefeitura de Santa Maria esclarece que, a cada início de ano letivo, ajustes no quadro de professores e nas turmas são situações pontuais e estão dentro da normalidade. A Secretaria de Município da Educação inicia o ano letivo com a nomeação de mais 51 novos professores, totalizando 300 profissionais nomeados na Rede Municipal de Ensino, nos últimos dois anos.  

Em relação à Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Santa Helena, a Secretaria de Educação informa que dois professores do quadro (responsáveis pelo 1º e pelo 3º ano) estão cumprindo licenças previstas na Legislação Municipal. No entanto, a ausência é temporária, pois a Prefeitura já chamou os profissionais aprovados em concurso público para nomeação e os mesmos estão dentro do prazo legal para se apresentarem no serviço público. 

Por fim, os pais dos alunos do 1º e do 3 ano foram comunicados com antecedência, pela direção da escola, sobre ausência destes professores."

Na terça-feira, uma notícia no site da prefeitura sobre volta às aulas informava que o quadro de docentes estava completo.

NA REDE ESTADUAL 

Nas escolas estaduais, o velho problema se repete também: de acordo com a coordenadora pedagógica do Instituto Olavo Bilac, Carla Coradini, há falta de professor e uma turma de Ensino Médio não está autorizada.

- A coordenadoria (8ª Coordenadoria Regional de Educação) nos liberou três turmas de 2º ano e nós temos uma demanda para quatro turmas. Então, são 38 alunos que já eram alunos nossos, que estão sem turmas. Eles estão aqui, mas no sistema eles não existem. Depende da aprovação da Secretaria de Educação, e a coordenadoria nos disse que está difícil. Isso precisa ser resolvido com urgência, porque não podemos trabalhar com uma turma que não existe. Nós temos espaço, temos professores, temos tudo - explicou Carla, informando também que falta professor para a disciplina de Filosofia.

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O Olavo Bilac tem 1.700 alunos. Desses, 400 são alunos do Ensino Médio, divididos em 11 turmas. Para a volta às aulas deste ano, a coordenação preparou uma recepção diferente para os estudantes, com apresentação dos professores e regras da escola. Além disso, foi feita a pintura de seis salas de aula com recursos próprios. O Exército também auxiliou na limpeza do pátio da instituição. 

FILAS NA CENTRAL DE MATRÍCULAS
Outro problema foi relatado na Central de Matrículas, também durante essa manhã. Por lá, mais de 100 pessoas aguardavam atendimento em uma fila extensa abaixo do sol. Uma mulher que estava no local informou ao Diário que haviam muitas gestantes e, por isso, pais e mães decidiram fazer a fila do outro lado da rua, onde havia menos sol. Por se tratar da entrada de um estacionamento, a Guarda Municipal foi chamada, o que causou revolta entre os pais. 

- Isso é um absurdo, uma falta de respeito. Estamos todos aguardando atendimento, debaixo do sol quente, muitas grávidas, e fazem isso - comentou a mulher.

O Diário entrou em contato com a prefeitura de Santa Maria, mas ainda não teve uma resposta.