Preços de frutas, verduras e legumes disparam nos supermercados devido às chuvas excessivas em 2023

Preços de frutas, verduras e legumes disparam nos supermercados devido às chuvas excessivas em 2023

Foto: Nathália Schneider

As chuvas excessivas ao longo do ano passado no Rio Grande do Sul prejudicaram o cultivo de várias culturas, algumas com perdas de até 90%. Os reflexos estão nos preços e na qualidade de legumes, verduras e frutas. O consumidor se assusta com valores descritos como “inacreditáveis”.

Um dos casos é o tomate. Em Santa Maria, o quilo varia entre R$ 11,99 e R$ 14,99. Batata-inglesa, melancia e mamão também são motivos de reclamação. Para que este cenário de altos preços mude, os agricultores esperam que o tempo e a economia ajudem na próxima safra.

Na percepção da comerciante Fabiana Ribas Dalci, 47 anos, que vai ao mercado duas vezes por semana em busca de frutas e verduras frescas, todos os itens subiram. E na sua casa há alimentos que não podem faltar na geladeira.

– Não pode faltar fruta, verdura, leite e carne. São os essenciais. A gente vem toda semana e se apavora. Temos pesquisado bastante, e vou atrás das dos preços mais favoráveis – diz Fabiana.  


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Pesquisa de preços

A reportagem esteve na última segunda-feira (22) em dois supermercados da cidade para conferir os preços de alguns alimentos. Veja os valores mínimos e máximos encontrados pelo quilo dos alimentos:

  • Tomate italiano – R$ 4,99 a R$ 11,99
  • Tomate gaúcho – R$ 11,99 a R$ 15,99
  • Banana caturra – R$ 2,99 a R$ 5,99
  • Banana prata – R$ 7,49 a R$ 7,69
  • Mamão papaia – R$ 15,99
  • Mamão formosa – R$ 5,79 a R$ 10,99
  • Melancia – R$ 1,99 a R$ 4,99
  • Maçã gala – R$ 9,99
  • Alface – R$ 3,69 a R$ 4,99
  • Repolho – R$ 10,99
  • Batata-inglesa – R$ 9,49
  • Manga – R$ 7,99


Quais itens subiram mais?

Batata, cenoura, tomate. Também banana, laranja, mamão e melancia. Os verdes, como o alface, estão na lista que alimentos que subiram bastante de preço nos últimos meses. O responsável pelo setor de hortifrúti em um dos mercados da na Avenida Prefeito Evandro Behr, Thiago Link Pires, 19 anos, repõe diariamente as gôndolas, e ouve as queixas dos consumidores: 

– O tomate é um dos itens primordiais. Muitos não cozinham sem, e reclamaram muito também, pois o preço subiu bastante. Também tem reclamação sobre a qualidade das folhas, como o alface. O clima acaba afetando muito a qualidade. E o pessoal reclama bastante da melancia, que custava R$ 1,99 e, neste ano, está quase R$ 5 o quilo. Então, o cliente nota a diferença e acaba optando por pegar em fatia.

Uma melancia inteira, que pesa cerca de 10 quilos, custa em média R$ 30.  

Estratégias 

A fatura no final do mês da funcionária pública Pricila Arrojo, 32 anos, soma R$ 400 a R$ 500 de gastos com o hortifrúti. Ela permanece como investimento, mesmo com os preços mais caros: 

Uma das prioridades de pricila é comer muita fruta e verdura.

– Sempre circulo para ver uma promoção. Hoje, o pepino que eu amo, que é o japonês, está R$ 3,99, então achei ótimo de preço. A dica é ver promoções mesmo porque, senão, sai caro. Banana, mamão, melão, pepino, chuchu são coisas que nunca podem faltar na minha geladeira. Chuchu e cenoura são itens que compro muito e vejo que oscila bastante.  


Para o agricultor Laudmir Druzian, 66 anos, tudo está muito caro. Neste caso, ele opta por comprar em um só local, mesmo sabendo que poderá pagar mais caro por alguns itens:

– Não adianta eu pegar uma mercadoria aqui e no outro supermercado pagar uma diferença de centavos, pois vou gastar em combustível. Então, faço uma parada e pego tudo aqui. 

Os danos da chuva 

A chuva acima da média em 2023 gerou prejuízos em Santa Maria e região. Em setembro, várias cidades tiveram casos de ruas alagadas. No mesmo mês, um forte temporal com granizo deixou cerca de 500 casas alagadas e destelhadas em Faxinal do Soturno. Temporais que geraram vários danos materiais, inclusive na agricultura. 

Na propriedade da agricultora Luciane Wilhelm, 53 anos, em Agudo, foram plantados 75 kg de mudas de batata-inglesa. Com as chuvas, grande parte da produção foi perdida. 

– Em uma produção normal, colheria de 200 kg a 300 kg.  Eu não tirei nem o valor para pagar as mudas. Consegui colher 20 kg.  Então, isso tudo reflete no recurso para fazermos a próxima safra, que é agora em fevereiro, início de março, quando a gente planta de novo – salienta Luciane. 

A diferença de expectativa para a realidade do cultivo da batata-inglesa representa uma perda de cerca de 90% da produção na lavoura de Luciane. Os efeitos também aparecem para o consumidor. Em um dos mercados visitados pela reportagem, a batata-inglesa era vendida a R$ 9,49. 

Para garantir um valor mais em conta, a agricultora espera por uma nova produção mais tranquila em relação ao clima. Assim, o preço da batata normalizará, bem como de repolho, pimentão, tomate, itens também produzidos na propriedade de Luciane. 

O tomate é o vilão da vez 

A vendedora Vanessa Vedoin Cechin (foto abaixo), 24 anos, está sempre atenta às promoções em diferentes mercados. O objetivo é evitar pagar R$ 10 ou mais pelo quilo do seu item preferido, o tomate.

– Eu compro bastante. O mais barato custa R$ 4, R$ 5. E, agora, só em promoção para pagar isso – salienta Vanessa.   

A propriedade do agricultor Renato Unfer, 38 anos, no distrito de Linha dos Pomeranos, em Agudo, deve produzir 5 mil quilos de tomate, com os pés plantados entre agosto e novembro. Uma produtividade satisfatória graças ao cultivo em estufa. 

– Quem plantou tomate no campo foi prejudicado. Muita gente não conseguiu produzir e colher aqui na minha região. O tomate é muito suscetível à doença e não gosta de umidade. Com as chuvas, muitos deixaram de entrar na prateleira e na feira. 

Preços mais baratos? 

Os 740 pés produzidos por Unfer, em Agudo, são de tomate gaúcho.  Em Santa Maria, ele vende o quilo por R$ 10. No ano passado, cobrava R$ 7. Mas nos supermercados, o consumidor encontra o produto por até R$ 15 o quilo. 

O tempo e a economia terão que ajudar para que os consumidores possam comprar tomates mais baratos, alerta Unfer. 

– Por agora, só se vier tomate de outros Estados. Aí vai ficar mais barato. Fora isso, só na safra que vem, se o tempo ajudar. Ela será plantada no meio do ano. Entre agosto e setembro em alguns lugares. E só chegará nos mercados entre o fim deste ano e início de 2025 - antecipa. 



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