O empresáo Lair Ferst, apontado como um dos principais envolvidos na fraude investigada pela Operação Rodin envolvendo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), reafirmou nessa quarta-feira, em depoimento ao juiz da 3ª Vara Federal de Santa Maria, Loraci Flores de Lima, o que já havia dito sobre a ex-governadora Yeda Crusius, atualmente deputada federal pelo PSDB.
Yeda é ré em uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal (MPF).
Lair falou com Loraci diretamente da sede da Justiça Federal, em Porto Alegre, por meio de videoconferência, e respondeu a todas as perguntas da procuradora Bruna Pfaffenzeller, que estava em Santa Maria, e do advogado de Yeda, Edmilson Nunes da Silva, que acompanhou a audiência da Capital.
Durante 1h28min de depoimento, o empresário descreveu detalhes do esquema que acabou com a condenação de 22 pessoas em segunda instância.
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Segundo Lair, ele se aproximou do governo Yeda, de quem foi um dos chefes de campanha, por intermédio de Marcelo Cavalcanti, que mais tarde chefiou a representação do governo do Rio Grande do Sul em Brasília. Sobre o contrato do Detran com a Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia (Fatec), instituição vinculada à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Lair disse que nunca conversou com Yeda durante a campanha, mas somente depois dela eleita.
O empresário, que fez acordo de colaboração premiada com o MPF, contou que havia um grupo de políticos e empresários que se reunia numa sala próxima do gabinete da então governadora para articular a substituição da Fatec pela Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), também vinculada à UFSM.
Lair falou que conversou com a governadora e disse que seria necessária uma justificativa convincente para a substituição do contrato. Ele também questionou, à época, a economia de apenas 8% com a troca de fundações, enquanto outros contratos previam redução de 20% dos custos.
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– A governadora sabia de todos os detalhes sobre a troca. Eu a alertei pessoalmente. Yeda chegou inclusive a dizer que tinham oferecido R$ 50 mil para ela, e ela disse que era muito pouco para autorizar a troca (das fundações) – disse Lair.
Durante a audiência, o advogado de Yeda tentou explorar contradições no depoimento do delator. Quando se pronunciou, a defesa de Yeda sempre disse que a ação foi uma das maiores calúnias institucionalizadas da história do Judiciário.