O que uma engenheira civil entende de marketing? Tudo, quando se trata de Martha Gabriel, escritora, consultora e palestrante nas áreas marketing digital, inovação e educação. Autora de cinco livros, ela é pós graduada em marketing (ESPM) e design (Belas Artes), mestre e PhD em artes (ECA/USP) com Educação Executiva em Inovação e Neurociência para Liderança pelo MIT Sloan. Além disso, já fez mais de 500 palestras no Brasil e 70 no Exterior para grandes empresas e eventos.
A professora de pós-graduação da USP esteve em Santa Maria para ministrar a palestra NeuroBussiness: a neurociência para alavancar negócios, promovida pela Unimed em função dos seus 45 anos de atuação.
No evento voltado a lojistas, empresários e administradores, realizado no Park Hotel Morotin, ela falou dos principais gatilhos da neurociência para uso prático em negócios, ilustrados com curiosidades e cases interessantes sobre o funcionamento do cérebro.
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Leia a seguir um bate-papo com o Diário:
Diário – Por que estudar neurociência e marketing?
Martha Gabriel – Antes de tudo, precisamos entender o cérebro. De algumas décadas pra cá, isso se tornou cada vez mais fácil. Ele é o controle central do ser humano. Tudo o que a gente faz, passa pelo cérebro. Quando você consegue conhecer melhor e medir o seu cérebro, você consegue melhorar. Em função disso, a gente consegue usar a neurociência para mudar várias áreas. Melhorar os negócios, a produtividade, e também influenciar pessoas, trabalhar na gestão de equipes, entender o comportamento do consumidor, melhorar a saúde, a disposição, os relacionamentos e uma série de outras atividades.
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Diário – Como saber se a minha empresa está adaptada ao meio certo quanto ao marketing digital, principalmente no quesito tecnologia?
Martha Gabriel – A tecnologia muda muito rápido. As pessoas estão mudando muito rápido de comportamento. O marketing é: olhar para as pessoas, perceber o que elas estão fazendo de diferente e mudar também. É incluir tecnologia no seus serviços. Temos como exemplo o Uber, que afeta os taxistas. Na verdade, não é a tecnologia do Uber que afeta, são os taxistas que não perceberam que a tecnologia mudou o comportamento das pessoas. Elas estão acompanhando a evolução e usando de maneira diferente o transporte. Cabe aos taxistas oferecerem algo diferente para o seu público.
Diário – Qual a principal dica quanto a isso?
Martha Gabriel – A dica é: estuda o seu público, de um lugar para outro existem variações. Analisa que mídia ele usa, como usa, o que é mais popular, algo ligado com a cultura. Presta a atenção nas pessoas, vê que elas estão usando de tecnologia. Depois disso, dê valor à elas. Coloque seu foco nas pessoas, no comportamento delas. Se fizer o que o público gosta, ele vai atrás de você.
Diário – Como usar a rede social como ferramenta de marketing?
Martha Gabriel – É preciso entender o que tem valor para as pessoas nas redes sociais. Isso muda o tempo todo. Hoje, o Instagram, que tem as histórias, é tida como a principal ferramenta e mudou outras que já existiam. É preciso saber usar todas com gestão, gerenciar as postagens de forma relevante. É preciso ter muito cuidado, em vez de postar bobagem é melhor não postar nada.
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Diário – Qual a visão sobre empresas que não estão na internet?
Martha Gabriel – Muita empresa tradicional ainda está tendo resultado do jeito que atua, sem site, sem uma agência de propaganda, sem presença digital e para eles está ok. No entanto, quando a tecnologia chega, o comportamento do consumidor tende a mudar, e as empresas que têm condições precisam mudar também, se não você quebra. A recomendação é: mude enquanto não é preciso, porque depois, quando for preciso, pode ser mais difícil de manter o seu negócio em atividade.
Já vimos empresas grandes quebrarem porque não mudaram de estratégia. Vemos exemplos como a Google ou a Amazon que estão sempre se reinventando e hoje atuam em várias áreas para não quebrar. Além disso, a presença digital dá uma impressão boa ao consumidor, pois ele sempre pesquisa antes de comprar.

Diário – Quais os passos básicos para alavancar a empresa por meio do marketing digital?
Martha Gabriel – O básico é montar um plano de marketing junto das suas plataformas digitais, que são: marketing de busca, uma vez que se você não é encontrado, você não existe; uso do e-mail marketing com responsabilidade, sem encher a caixa de e-mails do consumidor com spam; investir em mídias sociais; e saber trabalhar com um marketing de conteúdo bem feito, afinal é ele que abastece todos estes outros.
Diário – É preciso ser um profissional da área para trabalhar com marketing digital?
Martha Gabriel – O grande problema constatado hoje é quem trabalha com marketing digital e não sabe o que é marketing. Marketing é entender a necessidade e o desejo das pessoas. Se não entender isso não adianta saber de tecnologias. Um é requisito básico para o outro. Se não for assim, o resultado é ruim, não importa qual seja a plataforma digital usada.