Opinião

Após tabela de frete, cooperativa evita contratar caminhoneiros autônomos

Foto: Renan Mattos (Diário)

Já era previsto que iria ocorrer, e acabou acontecendo mesmo. Diante da aprovação de uma tabela de preços mínimos para fretes, empresas e cooperativas estão fazendo de tudo para evitar a contratação de caminhões terceirizados, para os quais têm de pagar preços mais altos a partir de agora. São os reflexos da medida tomada às pressas pelo governo para acabar com a paralisação dos caminhoneiros, entre maio e junho.

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Um exemplo ocorre na Cooperativa Agropecuária de Júlio de Castilhos (Cotrijuc), que aumentou o envio de soja para Rio Grande por meio de trens, caminhões próprios e de agricultores associados à cooperativa, diz o gerente comercial da Cotrijuc, Luiz Cezar Moro. Tudo isso para evitar o aumento dos preços dos fretes terceirizados, que pela tabela ficaram em R$ 90 por tonelada de Júlio de Castilhos ao porto de Rio Grande. Antes da tabela de preço mínimo, o custo era de R$ 65 por tonelada. Na prática, isso significa um custo extra de R$ 25 por tonelada - ou R$ 1,50 por saca de soja. Pode parecer pouco, mas imagine o impacto desse aumento sobre milhares de toneladas de soja transportadas anualmente para Rio Grande.

DECISÃO NO STF
Todas as principais entidades dos setores industrial e do agronegócio são contra a tabela do frete, pois alegam que o governo acaba criando uma espécie de cartel ao fixar preços mínimos. As confederações nacionais do Agronegócio (CNA) e da Indústria (CNI) já entraram com novos pedidos no Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta, alegando que a lei da tabela do frete, sancionada por Temer, é inconstitucional por impedir o livre mercado.

No dia 27 de agosto, o STF terá audiência pública para tratar do tema. Até uma decisão em definitivo, todo mundo fica pisando em ovos diante das incertezas.

DOIS LADOS
O problema é que os aumentos de preços do frete impactam nas indústrias e empresas de todos os setores. Além disso, acabarão afetando os preços de produtos e serviços que todos nós vamos pagar. Portanto, achar o equilíbrio não é fácil. Se agrada os caminhoneiros, desagrada o resto, e vice-versa. O país vive num limiar entre socorrer os caminhoneiros ou deixá-los na pior. Por outro lado, ao dar frete mínimo, incentiva o modal rodoviário, que é mais caro, e deixa de investir em ferrovias e hidrovias, empurrando os problemas com a barriga. A conta virá no futuro.

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