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Preço da soja cai, mas produtores vivem clima de expectativa

Joyce Noronha


Foto: Pedro Piegas (Diário)
Cooperativas e produtores estocam o grão na expectativa de melhora do preço no mercado

Depois dos produtores de soja da Região Central enfrentarem problemas com as fortes chuvas de janeiro, que resultaram em perdas nas lavouras, agora, as dificuldades estão no mercado de compra e venda do grão. Na semana passada, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) divulgou que o preço pago pela saca de soja no Estado caiu 20% em 2019 na comparação com o ano passado.

Na última semana, a saca de 60 quilos chegou a ser cotada a R$ 64, quando o Rio Grande do Sul já registrou valores de até R$ 81 por saca. Entretanto, devido à forte reação do dólar, nos últimos dias, o preço da soja teve ligeira elevação e passou de R$ 64 para R$ 68 em algumas cooperativas da região, mas a expectativa é até quando o dólar se manterá acima dos R$ 4 para segurar a cotação do produto em alta. 

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O chefe do escritório regional da Emater em Santa Maria, Guilherme Godoy dos Santos, conta que na última quarta-feira, o preço de venda da saca estava R$ 9,50 menor que na mesma data de 2018. Ele diz que pode parecer pouco, mas salienta que é uma grande diferença para os produtores e, principalmente, para o mercado do grão. O chefe do escritório da Emater em Santa Maria explica que a variação do preço de venda é diária, pois depende da cotação do dólar, das commodities (matéria-prima) e do preço do mercado internacional.

Santos explica que um grande fator que tem influenciado o valor do grão no mercado internacional são as negociações entre Estados Unidos e China sobre as tarifas de produtos chineses. A China é a maior compradora de soja no mundo, enquanto Estados Unidos e Brasil lideram a lista de países produtores do grão.

ALTOS E BAIXOS
Santos conta que para os produtores de soja é interessante vender parte da safra logo após a colheita, para quitar os custos com a produção. Contudo, ele diz que em caso de preços baixos, alguns agricultores costumam armazenar a produção, para o momento de recuperação do mercado. As cooperativas acabam sendo a opção para os produtores que não tem um local próprio para a armazenagem. 

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A Cooperativa de Agricultores Parceiros da Região Centro (Cooparcentro) é uma das entidades que aloja a produção de agricultores, com filiar em cinco municípios gaúchos. O gestor da filial de Rosário do Sul da Cooparcentro, Marcos Vasconcelos Menezes, conta que, atualmente, o produtor que costuma aguardar a melhora do mercado é o que tem poder aquisitivo mais alto, já que tem como custear os gastos sem depender do dinheiro de venda da soja.

A Cooparcentro tem em depósito cerca de 96 mil toneladas de soja, de acordo com Menezes.

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Tupanciretã é o maior produtor de soja na Região Central e o gerente geral de comercialização da Cooperativa Agrícola Tupanciretã (Agropan), Volfe Umberto Gobbato, diz que as vendas estão baixas, na expectativa de um preço melhor. Ele avalia que não há muito a fazer no momento, a não ser avaliar o andamento do mercado. Segundo Gobbato, a Agropan armazena cerca de 200 mil toneladas de soja atualmente.

PRODUTORES DIZEM QUE PREÇO DE VENDA NÃO COBRE CUSTOS DA SAFRA

O gestor da filial de Rosário da Cooparcentro, Marcos Vasconcelos Menezes, conta que, em conversas com agricultores, a principal reclamação é que o preço de venda, que tem se mantido abaixo de R$ 70, não é suficiente para quitar os custos com a produção. Pelo que ouviu de agricultores, ele opina que para que a safra não feche com prejuízo para os produtores, o preço da saca deveria chegar a, pelo menos, R$ 80. 

Para o chefe do escritório regional da Emater em Santa Maria, Guilherme Godoy dos Santos, diz que o que tem salvado agricultores são os contratos prévios, que os produtores fecham com compradores antes de começarem o plantio e em que definem um valor por saca.

_ É uma jogada e parte dos custos da produção são beneficiados com estes contratos. A questão é que, às vezes, o produtor fecha o valor do saco a R$ 80 e depois o preço de mercado é R$ 85 ou mais e o produtor perde. Mas desta vez está beneficiando o agricultor _ conta Santos.

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Ainda assim, o chefe do escritório regional da Emater em Santa Maria, diz que os insumos subiram, em média, 12% da safra 2017-2018 para a 2018-2019, o que também afeta a lucratividade dos produtores.

SENTIDO NO BOLSO
O produtor de soja Roberto Rossini Santini conta que fechou 20% da safra a R$ 82 a saca, porém, está com os 80% da produção estocada. Ele diz que com o preço atual de venda no mercado, ele não consegue ao menos equiparar o que pagou em insumos e que, segundo ele, foram 5% mais caros do que na safra anterior. 

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Santini diz que já começou a pesquisar preços dos insumos para a próxima safra e também constatou outro aumento, de aproximadamente 5%.

_ É assim de ano em ano, vai subindo 5% lá nos gastos do começo e o preço de venda não aumenta ou até cai. A gente investiu porque valia a pena, mas essa briga entre os Estados Unidos e a China estão complicando o nosso lado _ opina o produtor de soja.

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