
Gabriel Haesbaert, BD, 2/02/2017/
A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) está organizando um evento para o início de agosto, a fim de esclarecer os produtores de arroz pré-germinado da Região Central sobre o uso indevido do agrotóxico Mertin. Há suspeitas de que alguns agricultores estão utilizando o produto, contrabandeado do Uruguai, que tem na sua composição hidróxido de fentina, substância usada para combater o caramujo presente nas lavouras da região. Em razão do uso inadequado, o produto foi retirado do mercado gaúcho pela empresa que detém a marca. O Mertin é indicado apenas para lavouras de sequeiro de feijão e algodão.
- Existem consequências graves para quem usa o Mertin contrabandeado, como processo criminal, embargo de área, entre outros. Estamos alertando os produtores para os riscos do seu uso inadequado e mostrar que não vale a pena arriscar e sofrer as consequências depois - afirma o chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários da Seapdr, Rafael Friedrich de Lima.
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O evento para esclarecer os produtores sobre os riscos do uso deste agrotóxico para as lavouras, para o ambiente e para os seres humanos, ocorrerá às 9h desta quarta-feira, dia 7 de agosto), na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Estarão presentes representantes da Seapdr, Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (Larp) da UFSM, Polícia Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Ministério Público Estadual.
A história
Em 2014, a Secretaria de Agricultura/RS, Regional de Santa Maria, identificou que produtores de arroz da Quarta Colônia que plantam no sistema de plantio pré-germinado (forma de cultivo em que a semente vai para o solo, já alagado, germinada) estavam utilizando um agrotóxico fabricado pela empresa Syngenta, de nome Mertin 400 (Hidróxido de Fentina).
De acordo com o fabricante, este produto só pode ser utilizado em lavouras de sequeiro (feijão e algodão), nas quais a pluviosidade é diminuta, para combater um fungo. Em ambiente aquático, o produto é classificado como altamente persistente no meio ambiente, altamente bioconcentrável em peixes e altamente tóxico para organismos aquáticos tendo como classificação toxicológica "extremamente tóxico (classe I)" e como classificação ambiental "produto muito perigoso ao meio ambiente". Após fiscalização da Secretaria, houve a abertura de ação civil pública e, como desdobramento, o produto foi retirado do mercado gaúcho por parte da fabricante. Este produto só é produzido pela Syngenta no Brasil.
Já em 2016, uma ação conjunta entre a secretaria e o Ibama gerou a interdição de uma área de arroz no município de Santa Cruz do Sul, além de multa e a responsabilização criminal do proprietário. Naquela propriedade foram encontradas embalagens vazias de um produto com o mesmo ingrediente ativo contrabandeado do Uruguai, que resultou em laudo laboratorial que indicou a presença de hidróxido de fentina no solo. Como não há mais o produto nacional para compra no Rio Grande do Sul, alguns produtores começaram a contrabandear o produto do Uruguai. Para combater esse crime, a Secretaria da Agricultura decidiu comprovar o uso do produto através de laudo laboratorial realizado sobre amostras de solo da lavoura. A presença no solo indicaria o uso do produto contrabandeado. (Com informações da Secretaria Estadual de Agricultura)
SERVIÇO
Palestra: Uso de Mertin contrabandeado em lavouras de arroz pré-germinado. Quais as consequências para o produtor rural?
Quando: 7 de agosto
Horário: 9h
Onde: Anfiteatro A, Prédio 17, UFSM (Universidade Federal de Santa Maria, em Santa Maria/RS)