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Em quatro anos, área plantada de trigo dobrou na região

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Fotos: Renan Mattos (Diário)
Produtividade média esperada é de 55 sacas por hectare

Puxados pelo bom momento do agronegócio, que movimentou R$ 7,8 bilhões apenas com a safra de soja na Região Central neste ano, produtores rurais apostam, agora, nas culturas de inverno para diversificar os negócios. Com pouca área plantada na última década, por ser considerada uma planta frágil às intemperes do clima, o trigo vem ganhando destaque. Somente nos últimos quatro anos, a área plantada na região saltou de 36,5 mil hectares para 79,6 mil nesta safra - um incremento de 118%. A produtividade média esperada é de 55 sacas por hectare.

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O preço do grão e a importância da rotatividade de culturas, segundo a Emater, são os chamarizes para essa evolução. Na última semana, o trigo era comercializado a um preço médio de R$ 79,92. Há dez anos, a saca não passava dos R$ 24 (confira a evolução de preço abaixo).

- É claro que a boa remuneração das outras lavouras, principalmente da soja, que praticamente dobrou em relação à safra passada, acaba estimulando cultivos de inverno. A gente sabe que ele tem benefícios, dependendo do manejo que é feito, para a cultura de verão - relata o engenheiro agrônomo do escritório regional da Emater em Santa Maria, Luis Fernando Oliveira.

PREÇO ESTÁVEL

Com 570 hectares de trigo plantado em Santa Maria, o produtor rural Roberto Balsan aposta na lavoura de inverno para diversificar a produção. Além do trigo, ele planta milho e soja.

- A rotatividade é muito importante. Vai nos trazer uma produção sustentável, como a gente chama. É a maior área plantada desde 2013, pela expectativa de um preço estável de uma remuneração boa, porque a cultura de trigo é de bastante risco - relata.

CLIMA
As temperaturas por volta de 0ºC das últimas semanas não causaram perdas à lavoura, já que a planta ainda está em fase de desenvolvimento. O período mais crítico para o frio é durante o final do ciclo da cultura, entre setembro e novembro.

- O clima está bom. A gente teve um excesso de chuva na implantação, o que acabou estragando um pouco. Mas, agora, o clima está bem. Esse frio não nos prejudica nesse estágio. Estamos preocupados é se vier um frio em setembro, que pode atingir a cultura - comenta Roberto Balsan.

NO ESTADO
Em todo o Rio Grande do Sul, a Emater estima que 1 milhão de hectares de trigo tenha sido plantado. A área com maior produção é a da Emater de Ijuí, com mais de 300 mil hectares de área semeada. 

Área plantada de trigo na região:

  • Safra 18/19 - 36,5 mil
  • Safra 19/20 - 45,8 mil
  • Safra 20/21 - 58,7 mil
  • Safra 21/22 - 79,6 mil

Produtores vão vender somente na colheita
Prática comum no mercado do agronegócio, principalmente na cultura da soja, a venda antecipada, neste ano, é quase irrisória nas lavouras de trigo do Estado. O cenário é um contraponto ao ano passado, em que boa parte das lavouras já tinha sido comercializada com preço futuro balizado.

Entretanto, em 2020, durante a lavoura, o trigo se valorizou e quem vendeu somente após a colheita teve um rendimento superior a quem comercializou o grão antes. Na prática, em junho do ano passado, a saca era cotada, em média, por R$ 57,57. Apenas cinco meses depois, na época da colheita, em novembro, a saca de trigo era comercializada a R$ 76,27. Ou seja, quem vendeu antes, perdeu R$ 24,7 por saca.

- O maior medo do produtor é errar de novo e fazer uma venda antecipada e, quando chegar na colheita, tem um preço maior - analisa o gerente comercial da Cooperativa Agropecuária de Júlio de Castilhos (Cotrijuc), Luiz César Moro.

Segundo Moro, a maioria do grão colhido neste ano vai ficar no mercado interno. Parte vai ser destinado para a fabricação de ração animal em função da alta do preço do milho.

- Se reforma a ração, garantindo as garantias de nutrientes, mas substitui uma parte do milho pelo trigo - acrescenta. 

Preço médio da saca de trigo em julho nos últimos dez anos

  • 2011 - R$ 24
  • 2012 - R$ 25,09
  • 2013 - R$ 34,43
  • 2014 - R$ 30,26
  • 2015 - R$ 30
  • 2016 - R$ 40
  • 2017 - R$ 32
  • 2018 - R$ 40
  • 2019 - R$ 42
  • 2020 - R$ 54,65
  • 2021 - R$ 78,23



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