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Foto: Arquivo Pessoal
Passadas duas semanas da eliminação traumática nos Jogos Olímpicos, Maria Portela ainda reflete sobre os motivos da derrota e os próximos passos a serem dados. A judoca ainda não assistiu ao vídeo luta contra a russa Madina Taimazova, pelas oitavas de final, que teve mais de 15 minutos de duração e terminou com a derrota da castilhense após aplicação de uma punição por falta de combatividade. A decisão dos juízes, no entanto, foi polêmica, já que Maria chegou a aplicar um wazari na prorrogação, forçando a queda da rival com os ombros no chão, que não foi marcado pela arbitragem.
- Não sei descrever por que aconteceu aquilo. Mas sei que não tem como voltar. No momento que acabou a luta, eu sabia que tinha perdido e isso me frustrou muito. Estou muito triste pelo fato de não conseguir a medalha. Tem coisas que a gente não controla, e essa derrota foi uma delas. Eu tenho certeza que fiz o melhor que eu pude e sei que o árbitro foi bastante julgado. Se, de fato, houve injustiça, o Papai do Céu está vendo - reflete a judoca.
Saiba mais sobre a trajetória de Maria Portela na reportagem especial: Legado olímpico: da experiência de Anderson Henriques e Maria Portela ao sonho de Ana Laura
Reflexão é a palavra que define o atual momento da "Raçudinha dos Pampas" revelada pelo projeto social Mãos Dadas, de Santa Maria. Pela primeira vez em cinco anos, ela tira férias para descansar. A castilhense adotada por Santa Maria esteve no Coração do Rio Grande no final de semana passado, mas logo teve que voltar para Porto Alegre por compromissos com a Sogipa, clube que representa.
- As pessoas têm me falado muito em Paris, nos Jogos de 2024. Eu sinceramente não sei de nada no momento. Quero aproveitar o meu descanso, colocar os planos no papel. Cheguei até aqui porque sempre tinha uma força grande que me movia e eu acreditava muito na medalha. Não que eu não acredite mais, mas eu já tive três oportunidades. Talvez o meu propósito não seja o de ser medalhista olímpica. Talvez meu propósito seja de inspirar as novas gerações pela minha persistência e garra - afirma.
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Aos 33 anos, Maria hesita em confirmar ou descartar a busca por mais uma vaga olímpica. Como o próximo ciclo será mais curto, de três anos, ela ainda irá analisar a possibilidade. Mas, o que pesa contra é a rotina regrada de treinos e abdicação de momentos com a família, que ainda vive em Santa Maria:
- Eu preciso entender se realmente vale mais três anos disso tudo. Não quero chegar numa próxima Olimpíada e passar por uma frustração de novo. E quero ficar com uma lembrança bonita dessa caminhada toda. Eu tenho gratidão por representar o meu pais. É óbvio que eu queria a minha medalha, mas tem coisas que eu não controlo. Tudo o que eu poderia fazer eu fiz: determinação, entrega, luta...
REPERCUSSÃO
Maria chegou a Tóquio em seu melhor momento. Após duas Olimpíadas, já estava calejada e sabia que precisava de muita tranquilidade para superar as adversárias. Ela conta que, após a derrota, se blindou da repercussão das redes sociais, já que teve a disputa por equipes de judô da Olimpíada dois dias depois. Mas, o que viu depois foi uma onda gigante de mensagens positivas e apoio. Nas redes sociais, viu os seguidores subirem de 18 mil para 86 mil em poucos dias.
- Eu fui muito abraçada pelos brasileiros. Não ganhei a medalha, mas ganhei muito amor. Isso me surpreendeu e me deixou muito feliz. Não consegui responder todo mundo ainda, pretendo fazer isso. Nunca tinha passado por algo parecido. E vejo a alegria das pessoas também quando veem que eu as respondo. Elas falam: "caramba, ela me respondeu!". Recebi muitas mensagens dizendo que reacendi a vontade das pessoas em praticar esporte. Isso não tem medalha que pague - analisa.