crônica

Datas marcadas e assinadas

Outubro está bem marcado com círculos de caneta no meu calendário de mesa. Datas boas para celebrar e outras de acontecimentos tristes, embora "normais", marcaram a vida dos que ficaram e a passagem de muitos para o outro modo de viver. Até as lembranças mexidas viraram páginas e vamos passando adiante como podemos. O fato é que o desenrolar da vida quase não assusta, e a caneta sobrevivente ainda cumpre seu "papel" no papel: anota firme, retifica aqui, rasura ali, confirma acolá. Um ano atípico, situações diferenciadas, em segundos mudam-se notícias e rasgam-se metaforicamente pretensas verdades. 

No dia 10/10, 2020 marcou pela coincidência dos numerais repetidos e o lançamento de mais um livro feito por um grupo (dos tantos que a cidade tem) que faz da escrita uma maneira prazerosa de ser e fazer, agora, redigindo direto no computador. Mas a caneta serviu de testemunha! Autografamos e assinamos como se fora o primeiro livro, e de fato é: primeiro depois da Pandemia instalada! E nesse Novembro que está logo ali, empunharemos nossas canetas e iremos escolher os representantes legais nas urnas. Noutros países alguém será escolhido de modo semelhante e assinará também com uma caneta, possivelmente de "grife", quem sabe de ouro, e com o nome do ufano ganhador...  

Muitas canetas trancariam o pé (no caso, a esferinha diminuta que deixa passar a tinta), lembrando as muitas vezes que assinou erroneamente Leis que, de um modo ou de outro, podem arrasar a vida de tantos que nem ler e escrever aprenderam...E muito menos têm canetas. As canetas são objetos da "resistência" apesar de antigas, ninguém lhes tira o valor na hora de assinar embaixo!  Barack Obama uma vez assinou um documento com dez canetas. E o próximo fará isso?  Lembrei-me que antigamente, no início do ano letivo, lá pela quarta série do primário, aguardava-se com ansiedade passar do lápis à caneta. 

Antes, era preciso que se dominasse perfeitamente a escrita, a um custo de muita caligrafia. Lá um dia a Professora falava:
-Amanhã todos tragam caneta, tinteiro e mata-borrão, pois vamos aprender a escrever com caneta! 

Era a glória, um susto e uma responsabilidade muito grande, pois a escrita não podia ficar suja ou rasurada. Compenetrados os estudantes, abriam o tinteiro e enfiando a caneta dentro, uma espécie de bombinha sugava a tinta. Depois, era só limpar o excesso e começar a escrever, cuidando de não passar a mão por cima do escrito, pois a tinta fresca custava a secar, e para isso, buscava-se o mata-borrão.  

Quando surgiram as canetas esferográficas foi um avanço espetacular e, melhor ainda, quando apareceram as que davam para "apagar" o escrito, coisa que deixou muita gente de cabelo em pé pela possibilidade de documentos serem adulterados. Não sei no que deu, pois não vejo mais propaganda delas e, também, os documentos são (ou eram) até micro-filmados... Agora, guardados na "nuvem", e mesmo assim as fraudes continuam acontecendo, os "sistemas" dando problemas.

As praticas canetas também tinham um simbolismo, eram consideradas verdadeiras armas, pois tínhamos então a cabeça cheia de "verdades", e valia o que estava escrito. Não sei da validade do que foi escrito e assinado pelo simpático Obama, mas tanto lá, como aqui, espero que os novos eleitos optem por decisões acertadas, pois ninguém gosta de conversa fiada e pingos/respingos fazem um borrão danado nas biografias futuras. A única certeza mesmo, continua sendo de que um dia passaremos, deixando a escrita de nossa vida em dia, ou não!

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