Estamos em dias que se tornaram semanas e meses de pensar mais, de prestar atenção, relembrar o bom e até o ruim que aconteceu. Quer para esquecer, até jogar fora, para reiniciar todo o dia, com cara de novidade, e reciclar vivências. Quem dera fosse fácil... É um pacote de acontecimentos, e, como dizem: "- O passado é como uma roupa que não nos cabe mais..." Ainda estou no meio do processo, já que a bagagem é grande e nem tudo dá para jogar na fogueira sem a devida espiada. Até por que os comparativos nos fazem aceitar e ir fazendo pacotes de lembranças boas como suportes.
Foi aí que eu fui relembrando docemente um naco inesquecível de tempo... Sei que a vida é feita e vivida por etapas. Ser inserido num núcleo familiar ao nascer, ser amado e aceito, (ou não), sobreviver, aprender a caminhar, a conviver, e se comunicar, e sair do seu chão, ir para o mundo, até aos tropeções, e aprender tantas coisas... É preciso saber desembaraçar-se nos caminhos das ruas, ir para a escola, aprender sobre a vida e seus enroscos, procurar sem saber direito uma "crença", para tentar entender o porquê disso tudo e ficar apaziguada(o). Aí, o tempo passando e nós vivendo... E conjugando verbos de vida, como amar, procriar, trabalhar, ganhar, perder, aceitar, recomeçar, quantas vezes for necessário. Até nos distanciamentos que a vida nos apresenta: é o trabalho, a falta de tempo para visitas... Às vezes até sem saber as razões, pois a vida é "perguntona" e nos lança dúvidas para tentarmos responder! Até as distâncias sendo absorvidas como coisas naturais, aprendemos.
E haja tempo em tudo isso, para preparar o futuro mais tranquilo, também para curtir as férias diferentes ou passeios comuns que nos despertam o jeito interiorano de ser, que a maioria de nós, veio dos arredores dos centros citadinos. Vamos perdendo nas "mudanças" quando nos mudamos para a cidade grande, e aprendendo a nos adaptar a outras desconhecidas maneiras de viver. Há uns anos fiz um passeio num lugar chamado São Valentim, aonde acontece a Festa do Cordeiro e da Mandioca. Eu não conhecia e nunca participei da festa, infelizmente, nem sei se sobrevive...
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No lugar tranquilo, com estradas ainda de chão, foi me batendo uma saudades daquele jeitinho rural que conheci tão pouco... Na chegada, o cheirinho de casa de gente simples e acolhedora. Fui com uma pequena grande amiga que gostava de visitar seus parentes, revivia suas origens, e todos alegres, correspondiam ao gesto afetuoso, pois gostavam muito da sua visita.
Nem preciso dizer que amei o passeio! Recebi o carinho das pessoas, pois eu sendo amiga dela, me acolheram também! Lembro da mesa grande, das conversas, dos quitutes, o café saboroso, o pátio enorme com plantas de "tudo um pouco", das ervas de chás, e dos canteiros de verduras bem cuidados! Por aqueles dias, o vento forte fizera estragos, derrubara eucaliptos e outras plantas. Enquanto minha amiga recolhia gravetos para acender a lareira da casa dela, eu catava galhos com cachopos de sementes para fazer algum artesanato. E ainda os guardo, com florinhas de organdi! Saímos satisfeitas pela acolhida, e eu encantada de ter conhecido o lugar tão aprazível e rogando a Deus que um dia pudesse voltar com minha amiga.
Às vezes, nos falta vida e espaço para o tanto que se quer viver... Li e reli agora o que escrevi, e lembrei quando ela fazendo correções nos meus escritos falava amuada: -Eu já te ensinei isso outra vez! Eu sorria envergonhada, mas amava o jeito da Professora que insistia em me ensinar... Assim, leitores, quando eu falhar no meu português ruim, é por que às vezes nos falta vida,tempo e espaço, para o tanto que se quer "aprender" também, e nós os subestimamos. Há um tempo de viver, um tempo de ir embora e quem sabe um dia receber respostas do tempo que não entendemos...Mas, uns vão antes, e nós aprendemos à força, quando a distância é carinho,saudades, e respeito. Saudades da amiga Ruth Farias Larré... Foi cedo demais e acho que estaria detestando essa Pandemia turrona!