Foto: divulgação
A artista Lisianne Gonçalves expõe seu trabalho em mostra individual no Museu de Artes de Santa Maria (Masm). Com o título Materialidade Líquida, a exposição reúne 70 obras, a maioria delas produzida durante a pandemia da covid 19. O título remete à expressão “modernidade líquida”, com a qual o sociólogo polonês Zygmunt Bauman define a época contemporânea. A inspiração, segundo Lisianne, decorre principalmente do fato de as obras terem sido produzidas a partir da técnica japonesa conhecida como suminagashi, que consiste em mergulhar papel ou tecido em um recipiente com água e tinta para recolher, desse contato, um conjunto expressivo de cores e formas que se imprimem naturalmente ao suporte.
A contribuição original da mostra é a disponibilização ao público de um encarte didático. A versão impressa pode ser conferida no Masm diretamente pelos visitantes. Há também, uma versão digital, acessível pelo Instagram da artista (@lisiannegoncalves). No catálogo, há definições das técnicas utilizadas, suminagashi e monotipia, dicas práticas de execução, materiais utilizados, imagens do processo, dos trabalhos e da exposição; e, ainda, a referência de artistas consagrados da arte contemporânea brasileira que fazem uso dessas técnicas em suas poéticas.
De acordo com a artista, trata-se de um projeto que se desenvolveu concomitante a outras práticas:
– É uma abordagem que teve seu tempo e espaço. O diálogo entre as surpresas do momento cristalino da impressão, dos diferentes suportes sobre a fina película de água tingida, bem como, a posterior arquitetura compositiva das camadas de tinta a óleo permitiu-me achar caminhos pictóricos até então não experimentados.
A grande maioria das pinturas é em pequena escala. De acordo com Lisianne, tal dimensão é um dos fatores que a instigou a “dar importância e acabamento às bordas laterais, num contraste tonal que em certas peças beiram o satírico”. De modo semelhante, acrescenta, “a cor do paspatur e das molduras vibram e disputam espaço com as figurações já impressas nos suportes”.
Para o curador Luciano Santos, “os pequenos formatos, vistos no conjunto, arquitetam uma experiência multicolorida de impressionante vivacidade”. As nuances de cores e formas das estampas criam uma espécie de epiderme policromática, sobre a qual técnicas como a monotipia aparecem delicadamente incorporadas às pinturas.
Lisianne é natural de Tupanciretã, nascida em 1974. Residiu parte da infância e adolescência em Caçapava do Sul; e, há 30 anos, mora em Santa Maria, cidade na qual mantém seu ateliê de pintura e cerâmica. Atua, profissionalmente, como artista visual e professora da educação básica da Rede Municipal de Ensino, tendo dupla graduação – Artes Visuais e Letras – e mestrado interdisciplinar pela UFSM. Mantem-se ativa no campo das artes e contabiliza inúmeras exposições coletivas realizadas no Estado e em outras regiões do país, assim como, individuais em cidades da região central.
AGENDE-SE
- O quê: Exposição individual Materialidade Líquida, da artista visual Lisianne Gonçalves
- Onde: Sala Iberê Camargo, no Museu de Arte de Santa Maria (Av. Pres. Vargas, 1400, Santa Maria, RS)
- Visitação: das 8 às 16h, até dia 26/04.