Outro dia estava abrindo a janela do meu quarto quando vi um homem, devia ter uns quarenta e poucos anos, conversando ao celular. Até aí nada de mais, talvez seja hoje uma das coisas que as pessoas mais fazem. Falam quando acordam, quando comem, quando dormem, o sono chegando, mas ainda tem a última mensagem para ouvir ou mandar, quando aguardam na fila do ônibus, do banco, do caixa do mercado, quando dirigem, enfim, em todos os lugares e de todas as formas possíveis e até nas mais improváveis situações. Não foi o falar no celular que me chamou a atenção, mas o fato de que ele, além de falar, estava chorando. Imediatamente pensei, que pena, deve ter recebido uma notícia ruim, mas minha preocupação aumentou muito mais quando ouvi a única frase que pude, e que se misturava ao choro: “eu não aguento mais esta situação”. Aquilo sim, confesso, cortou meu coração.
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Por um instante fiquei como que cristalizado, como se tivesse recebido uma descarga elétrica insuportável. Minha reação seguinte foi de correr até ele e sacudi-lo, pegar nos seus ombros, olhar nos seus olhos, secar suas lágrimas e dizer nem sei o quê, ou não dizer coisa alguma. Quando voltei a mim, e ainda com aquela dor queimando por dentro, me vi orando por aquele homem que nunca havia visto antes. Não é da vizinhança, moro no mesmo lugar há muito tempo e por aqui nos conhecemos quase todos.
Que situação, estou pensando até hoje, pode levar uma pessoa aos limites de sua resistência? Lembrei-me de um, dos muitos ensinamentos de Jesus: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês, pois o meu jugo é suave e meu fardo é leve”. Tenho repetido esta frase como um mantra, cada vez que penso no homem chorando com o telefone na mão. E ainda agora, enquanto estava repassando aquela cena em minha tela mental, me vieram as palavras que eu gostaria de ter dito: oh, irmão, não desanima, segura na mão de Deus e vai. A vida sempre dará lições e oportunidades. Agora e depois.
Gota d'água
Semana passada destaquei como positivo o protagonismo assumido pelo prefeito Rodrigo Decimo ao chamar a direção local da Corsan/Aegea e acertar a realização de mutirões para corrigir valores exorbitantes nas contas de água. Disse também que era preciso fazer mais. E o prefeito fez, ao pedir a aplicação de multa de R$ 934 mil à empresa através do Procon, com base no Estatuto de Defesa do Consumidor. A “gota d’água”, disse Decimo, foi a declaração da diretora presidente da Corsan/Aegea de que, diferentemente de Passo Fundo e de outras idades, em Santa Maria, a crise era apenas de redes sociais. Trata-se, sim, de uma crise de verdade, real, concreta. O descontentamento vem de desabastecimentos frequentes, falta de consertos em vazamentos que perduram por dias e até semanas, troca de hidrômetros sem a devida justificativa, falta de reparos em ruas e calçadas que sofrem intervenções e falta de atendimento adequado às reclamações ou solicitações de providências. A caixa de reclamações transbordou ao ponto de Rodrigo Decimo declarar, de viva voz, que estes problemas podem levar ao rompimento do contrato. Muito pouco provável, mas admitido pelo prefeito, pela primeira vez. A nota emitida pela Corsan/Aegea mais uma vez ignora o descontentamento cada vez mais crescente por parte dos consumidores.
AGAS: impasse continua
Chapa de oposição que concorreu nas eleições da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS) não acatou a sugestão do Conselho Superior da Entidade. Diante do empate entre Antônio Cesa Longo, situação, e seu oponente, Lindonor Peruzzo Jr. (61 votos), o Conselho sugeriu uma gestão compartilhada: este ano para Longo e 2026 para Peruzzo Jr. A chapa de oposição, além de rejeitar a proposta, está chamando uma Assembleia Geral da AGAS para o dia 18, terça-feira, a fim de tratar do assunto. Se não houver uma decisão consensual, o caminho poderá ser a judicialização do processo eleitoral, incluindo até mesmo questionamento sobre a legalidade da convocação extraordinária da Assembleia. Há uma expectativa de solução amigável nesta segunda-feira, dia 17.
Alerta de golpe
Alerta do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) reforça a necessidade das pessoas estarem sempre em estado de vigia. Criminosos estão falsificando decisões judiciais autênticas e entrando em contato com os trabalhadores que ingressaram com pedidos de valores. De posse de dados com informações reais dos processos em andamento, os golpistas enviam um documento falso ao autor da ação solicitando pagamentos adicionais, com garantias de ganhos maiores posteriormente. O crime vem sendo praticado principalmente pelo WhatsApp, segundo informação divulgada no site do TRT-RS.
Imposto Solidário é ato de amor e de consciência
Entre tantas campanhas e ações meritórias em favor de quem precisa, o Imposto Solidário é sem dúvida alguma uma das mais nobres e de maior facilidade de adesão. O grande problema continua sendo o desconhecimento de quem pode contribuir. Basta escolher um fundo para destinar até 6% do Imposto de Renda devido, e pronto. Sem nenhum acréscimo no valor do imposto gerado, pessoas físicas e jurídicas poderão ajudar a manter R$ 33 milhões para atender crianças, adolescentes e idosos de Santa Maria. Dúvidas podem ser tiradas pelo telefone (55) 3174-1572, ramal 3, das 8h às 17h.
A vida continua, nesta e em outras dimensões!