Reportagem da Folha de S.Paulo revela que o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), o santa-mariense Paulo Pimenta (PT), prioriza agendas com representantes do Rio Grande do Sul. Desde que assumiu a Secom, em janeiro, segundo o jornal, foram 40 compromissos referentes ao Estado, alguns deles não seriam assuntos específicos de sua pasta, mas de interesse do Rio Grande do Sul.
A reportagem relata, ainda, que Pimenta, quando não recebe conterrâneos, prioriza agenda em seu Estado e na cidade, “onde foi vereador”. A Folha informa que, além de cumprir atividades em Porto Alegre em uma sexta-feira – 5 de maio –, ele, no dia seguinte, visitou feiras, reuniu-se com a Câmara de Comércio, Indústria e Serviços (Cacism) e “descerrou fita de uma Unidade Básica de Saúde (UBS)” em Santa Maria.
A reportagem sinaliza que colegas da Esplanada dos Ministérios e até aliados no Congresso estariam incomodados com a situação e afirmaram à Folha de S.Paulo que a movimentação política de Pimenta está ligada às “pretensões” políticas no Rio Grande do Sul de concorrer ao governo do Estado ou ao Senado, em 2026, ou até mesmo à prefeitura de Santa Maria, em 2024. “É natural que o único ministro do Rio Grande do Sul no governo federal receba representantes do Estado em seu gabinete”, diz um trecho da nota enviada pela Secom ao jornal.
Primeiro, é claro que o santa-mariense, que está no sexto mandato na Câmara Federal, tem pretensões de voos mais altos, especialmente ao Senado. Entretanto, é compreensível que gaúchos batam em sua porta para tratar de assuntos de sua pasta e também para articular demandas de interesse do Estado em outros ministérios. Muitos políticos da Região Central e de outros cantos do Rio Grande têm passado pela Secom – seria estranho se ele não recebesse a gauchada. Quanto a agendas no Estado, no dia 6 de maio, foi a primeira visita de Pimenta em Santa Maria e o “descerramento” de fita da UBS se trata da inauguração da unidade Estratégia de Saúde da Família (ESF) Alto da Boa Vista, Bairro Nova Santa Marta, em que parte do valor, R$ 512 mil dos R$ 1,4 milhão, é de emenda sua como deputado.
O ministro é alvo de reportagem semelhante à publicada sobre Onyx Lorenzoni (PL), época em que foi chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL) sobre a prioridade de agendas relativas ao Estado e compromissos no Rio Grande, além de muitas entrevistas para veículos de comunicação gaúchos. No caso do Pimenta, parece mais fogo amigo do Planalto, já que ocupa uma pasta estratégica para o governo Lula (PT).