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A revolução incomoda. Nós também. Santa Maria, deixe-nos ficar


Fotos: Arquivo Pessoal
Evento movimentou profissionais da Comunicação, Tecnologia e Educação 

Empreendedorismo que transforma. Essa é a expectativa - para falar a verdade, crença - que une empresas e entusiastas numa linha chamada Digital Edtech, incentivados pelo Sebrae. Em função disso, de 17 para 18 de abril, sete agentes da mudança, como acredito muito que sejamos, se mobilizavam. Tentávamos deixar tudo organizado no trabalho, entidades ou clientes. Seguíamos respondendo e tocando demandas pelos dispositivos móveis; alguns tomavam o ônibus rumo à Capital; outros corriam para abastecer o carro a tempo e; certo mesmo, era que todos se encontrariam no voo para São Paulo. Nosso destino? Edtech Conference 2018

O evento atraiu cada um de nós pela "simples" perspectiva de que até 2.035, cerca de 2,7 bilhões de pessoas estarão em idade escolar e, para atender essa demanda, seria necessário construir 2 universidades por dia durante 18 anos. Assim como a Startse, promotora do evento, a gente também acredita que só a tecnologia será capaz de resolver esse problema - oportunidade pra quem como nós sabe, de verdade, o que é disrupção e não usa essa palavra só porque parece estar na moda.

Dividindo um Uber até a Expo Center Norte, quatro num carro, três no outro, a gente se (re)encontrava. Disrupção pra nós é filosofia de vida. Não exercício de retórica. Histórias similares, anseios mais ainda. Em comum, também, aquela espécie de grito travado na garganta de quem acredita, de verdade, na mudança. 

Lá a gente se toca que mais do que aprender podemos reafirmar nossas convicções - porque empreendedor as vezes precisa comprovar que não está louco - junto de quem tá a frente ou pode ser, de fato, mentor da gente. Lá percebemos mais que isso. Lá a gente sente o quanto nos escutam. Lá a ficha cai e por vezes um cutuca o outro só pra dizer "viu, aquilo que te falei"; "cara, o nosso projeto é tão bom quanto". 

Os bons, aliás, não estão somente do Vale do Silício. 

A Startse nos passou nesse evento que até 2020, cerca de 380 milhões de estudantes estarão conectados a salas de aulas virtuais, movimentando US$ 24 bilhões. E que a revolução só pode vir de três eixos: 
1. Escolas e Colégios
2. Universidades
3. Educação Corporativa

A gente, em contrapartida, acha que só pode vir de nós. Andreas Auerbach, fundador da NEXOHw e Partner da Box1824, o palestrante de quem mais gostei e quem mais me tocou, falou sobre o nosso protagonismo, justamente. Pra ele - e a cada pouco que ele falava meu coração batia forte sinalizando que o meu sentimento era o mesmo - educação e competências do futuro têm haver com isso. 

Auerbach disse que somos seres humanos tribais, ainda (por qual outro motivo, por exemplo, me senti em casa no Uber com os meus colegas?). O que fode tudo, com o perdão da palavra, é quem tem uma galera que também é combativa, estão aí as guerras - e o Trump - pra comprovar. 

Somos dogmáticos, afinal, ao longo do tempo, buscamos métodos, nos organizamos (ou desorganizamos) em leis e processos. Mas, agora, somos - ou precisamos ser - performáticos, está todo mundo nos cobrando produtividade e eficiência. É aí que entram as novas tecnologias.

Mas, ancorado por outros palestrantes, o cara que abriu sua fala, em tese tecnológica, no evento apontando quão maus pais éramos por estarmos sempre com a droga do celular na mão o todo tempo, mostrou que estamos cada vez mais depressivos. A gente perde a capacidade de brincar com os nossos filhos. De transar! A gente toma remédio para fazer uma coisa que seria a mais natural do mundo: dormir.

Alguma coisa tem de estar acontecendo e a gente tem que parar de falar de revolução e focar nos instrumentos e plataformas sem atentar para a principal competência do futuro, na real do presente: a socioemocional.

Foto: Arquivo Pessoal

Eu não quero parecer pretensiosa. Mas eu acho que nós sete e todos demais da nossa tribo somos a solução. Pensem comigo: os "boomers", com cerca de 55 anos, que têm o trabalho como foco enxergam a carreira sob dois pilares, a fidelidade e a experiência. E eu valorizo, juro, demais isso neles. Precisamos deles. Mas as nossas inovações seguem entaladas na garganta pelos que não deixam que apliquemos porque nos cobram experiência, a mesma que só teremos se deixarem que façamos.

Os "mileninnials", entre 18 e 35, são caracterizados pela fidelidade à comunidade, eles valorizam e querem contribuir (mas as vezes um boomer não deixa e não sou eu quem está falando, são eles). Só que tem, felizmente, os "x", nós, eu acredito. A gente está entre os experientes e os com sede de ação, detendo e talvez inspirando muito dela. A gente também valoriza a produtividade, mas estamos tentando, a todo custo, mantermos a fidelidade aos nossos propósitos, isso acima da estabilidade.

O que eu, Liana, acredito é que a gente pode fazer uma baita diferença, sendo ponte entre a experiência e a sede de fazer porque, afinal, alguém tem que colocar ordem na revolução.

O que eu estou querendo dizer é que a coisa mais importante que aprendemos - e para falar a verdade mais uma vez, confirmamos - é que as boas práticas de gestão e governança são importantes, mas não aceleram mudanças disruptivas. As vezes é preciso ir na intuição, avançar na emoção, sabe? Ou você acha que os grandes e mais exponenciais feitos vieram de onde? Nada, sem coração, permanece. 

O dado mais chocante e mais batido por todo mundo da área é que 65% dos alunos do ensino básico de hoje vão trabalhar em profissões que ainda não existem. Só que enquanto todo mundo está preocupado com esses 65% a gente também está com a transformação do que reside nos 35%. 

Edtech é sobre pessoas. Não sobre volume de negócios. Não, pelo menos não só, sobre tecnologia. É sobre oportunidade para gerações do futuro. O que eu estou falando e que mais me gera ansiedade é que a Comunicação é imprescindível nisso tudo. Nunca se teve tanto canal, instrumento pra ela. Mas nunca se teve tão pouco engajamento. Entendem que todo criado é justamente pra isso? Por favor, digam que sim. Se não houver engajamento a ponto das pessoas se tornarem melhores - porque é isso que temos que querer! - estamos pecando. 

O mercado quer disciplina e método. Quer foco, eficiência e controle emocional (sim, eu disse, tem milhões de jovens com problemas. A depressão é uma causa global de incompetência produtiva e a disfunção sexual está presente em milhares de jovens). O mercado quer, também, múltiplas inteligências, resistência. E o mais importante: coexistência e integração. 

Algumas dessas demandas são tecnológicas? Não, né? Tecnologia é meio. Não fim. 

Dêem o lugar certo às pessoas certas. Não tirem as pessoas certas dos lugares certos. Toda vez que estiverem perdidos ou não souberem qual decisão tomar, vão para e com quem faz por amor. 

Isso porque aprendemos que a arquitetura da inovação é baseada em cenários de acolhimento, experiências colaborativas e; redes de compartilhamento. E eu quero dizer pra vocês que toda vez que apresentei o projeto que mais levei não na vida, por outro lado, nos corredores de eventos como o da Edtech me fizeram a mesma pergunta: por qual motivo está (ainda) em Santa Maria? 

Eu não sei responder essa pergunta. Acho que meus colegas também não. Só sei dizer que a exponencialidade da revolução é diretamente proporcional à teimosia que insiste em compor a nossa mente e ações. Alguma coisa acontece que faz a gente seguir investindo tempo e dinheiro que muitas vezes não temos em coisas que apesar das portas fechadas a gente sabe, de verdade, que vão mudar o mundo. E parece, não sabemos o porquê, que é daqui que queremos operar. 

Eu não quero que tenham pena da gente por isso. Nem que nos admirem. Só quero que nos deixem ficar. Ainda achamos que Santa Maria é cenário. Nós temos as experiências colaborativas para ajudar a sanar as tuas dores. 

Nesse contexto, poderiam abrir as portas - o coração e a mente, sobretudo, a algumas pessoas.

Foto: Arquivo Pessoal

Quero contar que o primeiro, da esquerda para direita, na foto, é o Victorio Venturini. Ele tem a Orusweb.com, uma plataforma que conecta estudantes universitários a oportunidades, de estágio e trabalho voluntário, baseado nas habilidades que o aluno quer desenvolver. Venturini destaca que a versão beta foi lançada em 5 de março e já impactou mais de 5 mil estudantes de 10 estados brasileiros.

A Debora Negrini, ao lado do Victorio na foto, é da Simbox Studios. Ela participou do evento em busca de contatos, novidades e, principalmente, para adquirir mais conhecimento nesta área de tecnologia na educação. "Gostei muito de algumas palestras que me fizeram repensar alguns caminhos e me deixaram inquieta em relação a velocidade com que as coisas mudam com o avanço da tecnologia", contou ela. 

O Alessandro Mathias, ao lado da Débora, não é só dono da DG5. Ele também cuida de uma novidade, a Animalpixel, ferramenta de criação de vídeos para a educação.

O Marçal Paim da Rocha, último à direita, na foto principal, é responsável pela Químea Soluções Ambientais. De forma bem inovadora, ele traz uma linha focada na educação corporativa, ampliando o leque da atuação da empresa.

O Leandro Policarpo, ao meu lado direito, na foto principal, é a quem dedico a coluna da vez, em função do excelente trabalho à frente da Gerência Regional Sebrae Centro. A oportunidade de oxigenar as ideias veio dessa organização, afinal.  

Policarpo conta que estão investindo em um projeto para 20 empresas de tecnologia que visa conectar as empresas com as escolas, universidades, estudantes e outras empresas. "O projeto visa ajudar as empresas de tecnologia a desenvolver novas tecnologias para a educação baseado nas dores do mercado. Acreditamos que a tecnologia é o meio fundamental para transformar o ensino, mas para isso precisamos escutar estudantes, professores, diretores, pais e demais envolvidos com a educação no Brasil. Com essa aproximação podemos entender comportamentos para o desenvolvimento de novas tecnologias e formas de aprendizado que auxiliem na educação das novas gerações", ele revela.

Entendemos e estamos tentando disseminar a ideia de que uma empresa não é uma versão grande de uma startup e nem uma startup uma versão pequena de uma empresa. Não queremos ir embora e nem levar as nossas daqui. Somos o seu ecossistema empreendedor e inovador. Coração do Rio Grande, deixe-nos ficar!

LEGADO ÀS FUTURAS GERAÇÕESFoto: Arquivo Pessoal

Andrewes e eu, vocês já sabem, somos pais do Dé, de apenas 6 anos. A gente vive pensando no legado e não em bens a deixar pra ele. E a gente se cobra bastante por isso. Não é fácil. Atuamos na FADISMA, na Educação a Distância e Comunicação, respectivamente, segmentos que inspiram e transpiram criatividade e inovação. E estamos, também, trazendo algumas novidades para a cidade.

Em breve vamos lançar o Grupo Educadores Google focados nos pequenos e o nosso próximo TEDx vai ser alicerçado no que percebemos - e sentimos na pele - que deve mover, no fundo, a dita revolução: a saúde. Ainda em 2018 vou lançar o meu livro focado em competências e habilidades a partir da observação participante de coaching universitário. E eu espero, em breve, compartilhar tudo isso com vocês.

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