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Desde que essa coluna estreou, a maioria das vezes que passei por aqui para conversar com os leitores do Diário, foi para tratar de boas notícias: participação em eventos cervejeiros, o crescimento do mercado das cervejarias artesanais, prêmios que conquistamos para as nossas cervejas ou, mesmo, dando dicas de quem está mergulhado nesse universo apaixonante. Pois, hoje, o cenário não é para aquele "Prost" que geralmente proponho por aqui. Me proponho a uma breve análise do cenário da cerveja artesanal diante da pandemia e do novo "normal".
Ao longo dos últimos anos, as pequenas cervejarias, que chamamos de nano-cervejarias, conquistaram muito espaço, apresentando e vendendo os seus produtos principalmente em eventos e festas. Aqui mesmo em Santa Maria, tivemos algumas iniciativas importantes ligadas à cerveja artesanal, que oportunizaram que as pessoas experimentassem, alguma spela primeira vez, as diferentes cervejas artesanais.
Essas cervejas se tornaram um grande atrativo, tanto nesses eventos quando em bares especializados. Estes canais, a maioria deles ainda fechados, criaram grandes dificuldades para o setor. Aqui na cidade mesmo, alguns estabelecimentos que vendiam cerveja artesanal já anunciaram o fechamento definitivo de suas portas, o que é triste diante de um quadro tão favorável e animador que se desenhava.
Uma pesquisa feita pelo Guia da Cerveja, em cervejarias artesanais de 12 Estados brasileiros aponta um quadro alarmante para o setor. Aproximadamente 49% dos empreendimentos alegaram não suportar a atual situação por mais três meses, e apenas 9% dos respondentes dizem ter condições de suportar entre seis meses e um ano com o atual cenário.
Precisamos parar para pensar que os planos de negócio destes empreendimentos, surgidos nos últimos quatro anos foram em sua maioria imediatistas, sem as reservas necessárias para enfrentar um momento como esse. Muitas cervejarias começaram como negócios caseiros, de quem gostava de produzir cerveja artesanal e foi começando a vender e crescendo e agora, de uma hora para a outra, viu os clientes desaparecerem sem perspectivas de volta. Muitos, para manterem os negócios, estão se endividando e a conta, mais cedo ou mais tarde, vai chegar.
Entidades como ABRACERVA (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal) e AGM (Associação Gaúcha de Microcervejarias) têm se mobilizado para auxiliar os associados com ações de informação (webinars, palestras on-line e orientações) para proporcionar alternativas, como o delivery e até a adequação das fábricas para a produção de álcool gel. Eu mesmo já passei por aqui para falar aos leitores sobre como o delivery tem salvado muitos empreendimentos nesse momento de crise.
A norte-americana Brewers Association transformou o evento Craft Brewers Conference, que aconteceria em San Antonio - Texas, em um evento on-line, apresentando muitos avanços e novidades do setor, que chegarão aos apreciadores de forma mais lenta, mas seguem sendo apresentados e discutidos. Ou seja, nem tudo são más notícias, nos bastidores novidades estão surgindo e o quadro não é só de desolação, é também de muita expectativa.
O setor é duramente atingido pela pandemia, mas a resiliência dos empreendedores diante das adversidades irá demonstrar também a capacidade de se adaptar e enfrentar os novos desafios. Em um cenário onde o cuidado com o outro é o ingrediente mais importante, seguimos na luta para construir dias melhores.
Uma das ações que estamos lançando em busca de apoio e fortalecimento da cerveja do Rio Grande do Sul é o vídeo que acompanha essa coluna. Ele faz parte da campanha #JuntospelaCervejaGaúcha subscrito por 129 marcas. São marcas que acreditam que logo estaremos juntos, como deve ser. Juntos para reviver os bons momentos. Juntos pela Cerveja Gaúcha!
#JuntospelaCervejaGaúcha
