"Colhe a alegria das flores da primavera e brinca feliz enquanto é tempo. Sempre haverá os dias em que chegará o inverno e não terás o perfume das flores, nem o sol, nem a vivacidade das cores". (Augusto Branco)
Senti o inverno soprar no meu rosto. No ciclo eterno de ascensão e queda de nossa existência, o novo inverno aparecerá após o outono. O riso mórbido da Morte silenciará após o suspiro eterno. Ou não?
A vida ganhará novos contornos e novos sentidos após a perda?
Sentimos saudades. E as lembranças são colhidas em flashbacks dia após dia. Lembramos e lembraremos dos amados e das amadas que já se foram nos detalhes, nas minúcias da vida. Uma música. Um objeto. As histórias. Os sorrisos e risos. Os presentes. As lágrimas. Aquele abraço gostoso. Aquele beijo quente.
O gosto da lembrança impressiona e é marcante. Sentimos uma centelha, uma esperança do reencontro. Talvez seja o presságio de algo eterno e imutável. Da vitória da Vida sobre a Morte? De laços que não se rompem? De mãos que não se desgrudam? Fios que tecem cadeia... no infinito chamado amor. O amor que não tem fim. Renova. Purifica, Enobrece. Enaltece.
Ah! Quando as imagens vívidas ou menos intensas das lembranças retornam... é uma dádiva sentir aquele momento mágico e divino. A vida pulsa no reencontro entre almas ligadas pelo destino. O destino é uma coisa engraçada. O que é o destino? É uma força do imponderável? Uma Deusa? Um tempo feiticeiro? Escolhas certas ou erradas que nos levam naquele ponto. Algo pré-determinado? Algo escrito em letras tortas? Bem, enfim, não sei.
Como diria Alberto Caeiro, heterônimo criado por Fernando Pessoa, "é talvez o último dia da minha vida. Saudei o sol, levantando a mão direita. Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus. Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada".
"Não importa se a estação do ano muda... Se o século vira, se o milênio é outro. Se a idade aumenta... Conserva a vontade de viver, Não se chega a parte alguma sem ela." Fernando Pessoa
Minha mãe querida, Lídia Barbosa, deixe a vida correr e movimente seus dias. Temos que fluir como a água que corre, assim a vida não deteriora.
Beijos e Feliz aniversário!!!
Esse texto é em homenagem a minha avó Olga, a minha mãe Lídia, a minha tia Carmen e a minha irmã Isabel. As eternas mulheres da minha vida.