diário bem-viver

Vacinar é prevenir

Diogo Brondani


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Nunca a palavra vacina esteve tão em voga. A pandemia da Covid-19 tornou o tema um dos mais comentados entre famílias, especialistas da área, cientistas e redes sociais como o principal caminho que permitirá a volta à vida normal - ressaltando que, mesmo vacinadas, as pessoas devem continuar usando máscaras e não se aglomerando até que tenhamos cobertura vacinal coletiva. Para ampliar o debate - não restrito à Covid-19 - o Bem-Viver ouviu especialistas que esclarecem o que é relevante para cuidarmos da nossa saúde.

Vacinar é importante?

Vacinas são importantes porque previnem doenças em suas formas mais graves. A vacina ajuda a amenizar os efeitos da doença no organismo caso ela se manifeste. Na maioria dos casos, a pessoa vacinada não desenvolve sintomas. Há vacinas que precisam de mais do que uma dose (reforços) justamente porque vão perdendo a força ao longo do tempo e deixam o organismo suscetível novamente.

Muitas doenças quase não acontecem mais. Devemos nos vacinar contra elas?

Felizmente, muitas doenças não acometem 100% dos indivíduos graças às vacinas. Quanto maior o número de pessoas vacinadas em uma comunidade, menor a chance das não vacinadas adoecerem. Contudo, é muito difícil - ou praticamente impossível - prever quem adoecerá e, principalmente, quem desenvolverá as formas mais graves das doenças.

A continuidade da vacinação é importante exatamente para mantermos o controle ou erradicação de determinada doença em uma região.

Quais vacinas podemos tomar?

O sistema de imunização brasileiro é referência para o mundo por sua eficiência e abrangência. Conforme o calendário de vacinação Ministério da Saúde, o país dispõe de 19 tipos de vacinas para mais de 20 doenças - maioria (16) estão disponíveis pelo SUS, ou seja, são acessíveis a população de forma gratuita. Três vacinas estão disponíveis na rede privada (leia mais no quadro ao lado).

O que ocorre é que algumas vacinas, como a vacina da gripe (Influenza), por exemplo, só estão disponíveis na rede pública para grupos prioritários. Pessoas que não estão incluídas nos grupos só encontram o imunizante na rede privada.

A vacina é diferente na rede privada e pública ?

O resultado a imunização é mesmo. O que pode ser diferente são os efeitos colaterais já que as vacinas são feitas com componentes diferentes. A vacina pentavalente, na rede privada, por exemplo, pode ter um efeito menor de dor e febre.

Como a vacina age no corpo?

As vacinas são obtidas a partir de partículas do próprio agente agressor na forma atenuada (enfraquecida) ou inativada (morta). Quando nosso organismo é atacado por um vírus ou bactéria, o sistema imunológico (de defesa) dispara uma reação em cadeia com o objetivo de frear a ação desses agentes. Infelizmente, nem sempre essa 'operação' é bem-sucedida e ficamos doentes. O que as vacinas fazem é se passarem por agentes infecciosos para estimular a produção das nossas defesas, criando anticorpos específicos contra o "inimigo". Quando o ataque de verdade acontece, a defesa é reativada por meio da memória do sistema imunológico.

Vacinar se tornou questionável nos últimos tempos. Por quê?

Há pelo menos 20 anos há quem questione a importância de vacinar os filhos, por exemplo. É uma parcela pequena da população, mas existe. Um dos argumentos é que a vacina introduz o vírus (inativado ou enfraquecido) no organismo. Essas essas preferem acreditar que é melhor contrair a doença e produzir a defesa após, o que é um risco. Há também pessoas que defendem o modo de vida 100% natural e refutam a vacina porque ela contém elementos como o zinco, que é um dos componentes de ligação às células, e hidróxido de alumínio. Nos últimos tempos, o movimento antivacina, aliado a fake news, ganhou força disseminado nas redes sociais. O risco de não vacinar é grande porque as pessoas ficam expostas às doenças na forma mais grave. Doenças que podem ser letais.

Em Santa Maria, qual o percentual geral de cobertura vacinal?

Não temos um índice geral. Cada vacina tem o seu percentual. O que podemos afirmar é que a imunização é considerada muito boa de uma forma geral. A maioria das salas de vacinação está sempre cheia e temos boas respostas em campanhas, como a do sarampo e influenza.

Há alguma faixa etária mais negligente em relação à vacinação?

Geralmente, a população cumpre o calendário de vacinação até os 14 anos, quando meninas e meninos fazem a última dose da vacina do HPV. Depois, parece que a caderneta é esquecida por jovens e adultos, que costumam se vacinar somente quando querem viajar para um país que exige uma vacina ou quando se cortam e lembram que precisam do reforço da vacina do tétano.

PRINCIPAIS VACINAS BRASILEIRAS

 Vacina 
BCG ID*
Poliomielite*
Tríplice bacteriana*
Tríplice viral
Influenza
Pneumocócica 10 valente
Meningocócica C
Varicela
Hepatite A
HPV*
Febre Amarela
Pneumocócica 23 valente
Herpes Zóstera
Dengue*
Rotavírus
Meningo ACWY
Pentavalente 
Rede pública e privada
 

Proteção

Forma grave de tuberculose
Paralisia Infantil
Difteria, tétano e coqueluche
Sarampo, caxumba e rubéola
Gripe
10 tipos do vírus
da pneumonia, meningites
Meningite
Catapora
Hepatite A
Papilomavírus humano
Febre Amarela
23 tipos do vírus
da pneumonia, meningites
Forma mais grave da catapora
Dengue
Rotavírus
 Meningite
Difteria, tétano, coqueluche
hepatite B e Haemohilos B
Só rede privada
FIQUE POR DENTRO

Os sites do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) fornecem informações importantes:
Em familia.sbim.org.br/doencas, encontramos informações sobre todas as doenças que são evitáveis pelas vacinas, suas causas e consequências para o organismo humano.
Em familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis há informações sobre as vacinas disponíveis, suas composições, doses recomendadas e calendário
Em sbim.org.br/calendarios-de-vacinacao, há informações sobre o calendário de vacinação por faixa etária e quais estão disponíveis na rede pública ou privada
Em sbim.org.br/midia/canal-sbim/32-vacinacao-pela-vida-covid-19,
encontramos informações sobre a vacina da Covid-19, principais dúvidas, grupos prioritários e videos explicativos

Leia mais sobre o caderno Bem-viver

É FALSO

O Ministério da Saúde elaborou um guia com as principais informações falsas sobre vacinação. Veja o que é fake news
Doenças evitáveis por vacinas estão quase erradicadas, por isso não há razão para me vacinar

Não se pode relaxar em relação à vacinação. Embora essas doenças tenham se tornado raras em muitos países, os agentes infecciosos que as causam continuam a circular. Em um mundo altamente interligado, esses agentes podem atravessar fronteiras geográficas e infectar qualquer pessoa que não esteja protegida. Desde 2005, por exemplo, ocorrem focos de sarampo em populações não vacinadas na Europa Ocidental (Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Espanha, Suíça e Reino Unido).

Aplicar mais de uma vacina ao mesmo tempo em uma criança pode aumentar o risco de eventos adversos prejudiciais, que podem sobrecarregar seu sistema imunológico

Não é verdade. Evidências científicas mostram que aplicar várias vacinas ao mesmo tempo não causa aumento de eventos adversos sobre o sistema imunológico das crianças. Elas são expostas a centenas de substâncias estranhas, que desencadeiam uma resposta imune todos os dias. O simples ato de comer introduz novos antígenos no corpo e numerosas bactérias vivem na boca e no nariz. Uma criança é exposta a muito mais antígenos de um resfriado comum ou dor de garganta do que de vacinas. Quando é possível ter uma vacinação combinada - como para sarampo, caxumba e rubéola - menos injeções são aplicadas

As vacinas contêm mercúrio, que é perigoso

Não existe evidência que sugira que a quantidade de tiomersal utilizada nas vacinas represente um risco para a saúde. O tiomersal é um composto orgânico, que contém mercúrio, adicionado a algumas vacinas como conservante. É o conservante mais utilizado para vacinas que são fornecidas em frascos multidose

Vacina causa autismo

Não. Um estudo de 1998 chegou a levantar preocupações sobre uma possível relação entre a vacina contra o sarampo, a caxumba e a rubéola e o autismo, mas foi posteriormente considerado falho.

Melhor higiene e saneamento farão doenças desaparecerem

A melhor higiene, lavagem das mãos e uso de água limpa ajudam a proteger as pessoas de doenças infecciosas. Entretanto, essas infecções podem se espalhar, independentemente de quão limpos estamos.

Vacinas têm efeitos colaterais prejudiciais e desconhecidos

Não é verdade. As vacinas são muito seguras. A maioria das reações é pequena e temporária, como braço dolorido ou febre baixa. Eventos graves de saúde são extremamente raros. É muito mais provável que uma pessoa adoeça gravemente por uma enfermidade evitável pela vacina do que pela própria vacina.

Vacina combinada contra difteria, tétano e coqueluche e vacina contra a poliomielite causam a síndrome da morte súbita infantil

Não é verdade. Não há relação causal entre a administração de vacinas e a síndrome da morte súbita infantil (SMSI). No entanto, essas vacinas são administradas em um momento em que os bebês podem sofrer com essa síndrome. Em outras palavras, as mortes por SMSI são coincidentes à vacinação e teriam ocorrido mesmo se nenhuma vacina tivesse sido aplicada. É importante lembrar que essas quatro doenças são fatais e que os bebês não vacinados contra elas estão em sério risco de morte ou incapacidade grave.

Fontes
Sites do Ministério da Saúde (saude.gov.br) e Sociedade Brasileira de Imunizações (sbim.org.br)
Crisiele Vargas, técnica de enfermagem do setor de imunização da Vigilância em Saúde de Santa Maria
Cecília Mariane Pinheiro Pedro, enfermeira do setor de imunização da Vigilância em Saúde de SM
Wilson Roberto Juchem, pediatra e diretor técnico da Multivacin



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