berços dos dinossauros

FOTOS+VÍDEO: museu em São Pedro do Sul guarda fósseis de até 240 milhões de anos

José Mauro Batista


Foto: Pedro Piegas (Diário)

São Pedro do Sul é um dos berços dos "dinossauros" e uma grande floresta de pedra do Planeta. Além de ter sido habitada por animais pré-históricos, entre 230 e 245 milhões de anos atrás, a cidade é reconhecida como a maior reserva de fósseis vegetais do mundo. Parte dessa riqueza é encontrada no Museu Paleontológico e Arqueológico Professor Walter Ilha, na localidade de Carpintaria, e em 15 museus a céu aberto, na área urbana e no interior, como a reserva de Xiniquá ou Chiniquá, onde foi achado o primeiro fóssil de um dicinodonte, animal que se alimentava de plantas. 


Ossos de bichos pré-históricos, árvores que viraram pedra, também há milhões de anos, e desenhos e escrituras feitos pelo homem há mais de três mil anos compõem o acervo do Walter Ilha, aberto à visitação mediante agendamento e local de pesquisa de universidades. Esse patrimônio também é um incentivo ao desenvolvimento turístico da região.

- São Pedro do Sul tem grande relevância para o turismo do Rio Grande do Sul devido aos estudos paleontológicos e minerealógicos do mundo. Na década de 30 do século passado, foi encontrado o fóssil "Stahleckeria Pottens" e existem afloramentos de árvores petrificadas do período Triássico, com mais de 200 milhões de anos - ressalta o economista Abdon Barretto Filho, professor e especialista em Marketing Turístico.

RÉPLICA
No Museu Walter Ilha, há uma réplica do crânio do "Stahleckeria Pottens", que foi encontrado em 1935, no Xiniquá, pelos paleontólogos alemães Friedrich Von Huene e Rudolf Stahlecker - este último acabou dando nome à descoberta. Era um animal de grande porte, que se alimentava de plantas e, até hoje, é um dos maiores fósseis do período Triássico achadoss na América Latina. O fóssil original foi levado para um museu alemão. 

- O fóssil desse herbívoro, que seria como um boi gordo, está no museu da Universidade de Tübingen, na Alemanha, que doou a réplica feita de uma resina - explica a jornalista Luiza Bayer, diretora do Walter Ilha.

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Antes de 1942, quando entrou em vigor uma nova legislação sobre fósseis no Brasil, os restos de animais pré-históricos encontrados na região acabaram indo para outros países.  

Após a mudança na lei, todo o tipo de fóssil descoberto em território nacional passou a pertencer à União, integrando o patrimônio cultural e natural do país. Embora a lei não impeça a prática de furtos e o tráfico dessas peças, os museus e o tombamento de sítios e reservas protegem essas riquezas e garantem que elas possam ser pesquisadas e apreciadas.


Foto: Pedro Piegas (Diário)

RESPOSTAS PARA A VIDA
Os avanços na área de pesquisa de fósseis, a obstinação dos pesquisadores e, principalmente, e a preservação desse rico material por descobridores pioneiros permitiram que a ciência pudesse dar respostas a muitos questionamentos sobre a origem da vida. 

Estudos apontam que os fósseis vegetais de São Pedro do Sul se originaram de uma grande floresta de árvores coníferas existentes na área onde fica o município e que foi inteiramente coberta de gelo, há milhões de anos.

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Em um processo natural, provocado pela umidade, essas árvores pré-históricas passaram por mudanças envolvendo processos químicos e físicos, como se fossem se cristalizando, até se transformarem em uma imensa floresta de pedras. Esse fenômeno natural ocorreu durante a era Mesozóica, entre 206 milhões e 248 milhões de anos.  

Entre as inúmeras contribuições para a ciência e, consequentemente, para a humanidade, os fósseis auxiliam em descobertas de novos materiais, na medicina e em outras áreas. E o mais importante, ajudam a responder perguntas sobre como a Terra surgiu e como evoluiu.

Em ruas, pátios, jardins e propriedades rurais de São Pedro do Sul é comum a presença de árvores petrificadas. No entanto, a maior parte desse material está enterrado no subsolo.

- Em São Pedro, a maior quantidade de fósseis vegetais está debaixo da terra. Quando alguém vai fazer uma casa ou uma estrada, eles aparecem - diz a diretora do Museu Walter Ilha.

O QUE É POSSÍVEL ENCONTRAR NO MUNICÍPIO
Município é rico em fósseis animais e vegetais de milhões de anos e também coleciona registros da história recente:

BICHOS QUE VIVERAM NA REGIÃO HÁ 240 MILHÕES DE ANOS

  • Réplica do crânio do Prestosuchus chiniquensis, animal carnívoro que viveu no período triássico. O primeiro Prestosuchus descrito foi encontrado no Chiniquá
  • Réplica do crânio do Staurikosaurus pricei, um dinossauro que viveu no período Triássico e foi encontrado em Santa Maria. É um dos mais antigos dinossauros do mundo
  •  Crânio original de um rincossauro encontrado em Santa Maria, outro animal que viveu no período Triássico. Esse tipo de fóssil é encontrado de forma considerável na Região Central do Rio Grande do Sul, onde há grandes registros daquele período
  • Réplica do crânio do Stahleckeria potens, um dicinodonte que viveu no Triássico Médio. O Stahleckeria foi encontrado pela primeira vez na localidade de Xiniquá, interior de São Pedro do Sul, pelos paleontólogos alemães Friedrich Von Huene e Rudolf Stahlecker (que acabou dando seu nome ao achado). Era um grande herbívoro. Até hoje, é um dos maiores fósseis do período Triássico encontrados na América Latina 
  • Fósseis de peixes da região de Araripe, no Ceará. Esses fósseis eram trocados por fósseis de São Pedro

ÁRVORES QUE VIRARAM MADEIRA 

  • Fósseis de vegetais de 240 milhões de anos que sofreram processo de fossilização (petrificação). Grande parte desses fósseis estão embaixo do solo, mas eles também podem ser encontrados em vários locais em São Pedro do Sul, principalmente no Sítio Paloebotânico da Ermida, no interior do município

A HISTÓRIA PELAS MÃOS HUMANAS

  • Inscrições em pedras que datam de cerca de mais de três mil anos
  • Urnas funerárias, instrumentos de caça (lanças e machadinhas) e a imagem de um santo esculpida em madeira entre os anos 1.600 a 1.700 d.C (depois de Cristo)

MUSEUS A CÉU ABERTO

Sítio Paleobotânico da Ermida

  • Reserva de troncos petrificados em meio à paisagem atual a 12 km da cidade. É um dos locais de pesquisa mais procurados por universidades

Sítio Arqueológico da Pedra Grande

  • Considerado o maior monumento petroglífico (de inscrições rupestres como desenhos e marcações) do Rio Grande do Sul, com grande quantidade desses registros feitos pelo homem. Fica a 13 km da cidade
  • Xiniquá ou Chiniquá - Área de 57 hectares, a 38 km da cidade, rica em fósseis animais, vegetais e em minerais
  • Passo do Leonel - Área a 15 km da cidade, onde há árvores petrificadas espalhadas pelo mato e pasto de propriedades particulares 
  • Antônio Lima - Afloramento de 78 hectares de árvores petrificadas, a 10 quilômetros da cidade
  • Água Boa - Área de 60 hectares, a 6 km da cidade
  • São Pedro (sede) - Área de afloramento que fica dentro da cidade tem 92 hectares, abrangendo pátios de casas, beira de estradas e ruas
  • Piscina - Área de afloramento na localidade de Carpintaria
  • Faxinal - Área de 40 hectares, a 4 km da cidade
  • Capeletto - Área de 68 hectares em pasto e mato, a 10 km da cidade
  • Carpintaria - Reserva de 10 hectares em campo e mato a 8 km da sede, na localidade de mesmo nome
  • Inhamandá - Área de dois hectares, a 3 km da cidade
  • Serra Alegre - Área de afloramento localizada no interior
  • Serra Alegre - Área de afloramento localizada no interior
  • São João - Área de afloramento localizada no interior

O MUSEU PALEONTOLÓGICO E ARQUEOLÓGICO
A fundação e a sede 

  • Inaugurado em 1980, como Museu Paleontológico Municipal de São Pedro do Sul, funcionou na cidade até 2014, dividindo espaço com o Museu Histórico Fernando Ferrari Em 1987, o museu foi rebatizado com o nome Walter Ilha, seu principal pesquisador e idealizador, passando à denominação de Museu Paleontológico e Arqueológico Professor Walter Ilha 
  • Em 2014, foi transferido para a nova sede, na localidade de Carpintaria

O IDEALIZADOR

  • Walter Ilha, o patrono do museu, era proprietário da Tipografia do Comércio, em São Pedro do Sul, e um entusiasta da paleontologia e da arqueologia
  • Dedicou-se à preservação e à divulgação dos materiais fósseis e arqueológicos encontrados no município
  • Faleceu em 1987

O ACERVO

  • 60 fósseis de animais que viveram na região há 245 milhões de anos
  • 200 fósseis de vegetais fossilizados (petrificado) com idades de 245 milhões de anos
  • 100 peças de mineralogia
  • 40 peças de arqueologia (urnas, pontas de lança, escritos em pedras e outros materiais que remontam
  • Incluindo peças da reserva técnica (que não estão em exposição, como material para pesquisa ou retirado temporariamente), o total passa de 400 itens

O QUE O MUSEU OFERECE

  • Além de visitas, são promovidas atividades abertas ao público, como o "Domingo Paleontológico", que já teve duas edições
  • Oficinas de paleontologia oferecidas às escolas

COMO VISITAR

  • É preciso agendar a visita com cinco dias de antecedência, preenchendo um formulário disponível no site da prefeitura (saopedrodosul.rs.gov.br) ou pelos telefones (55) - 3276-6145 e 55) 9 97254715

ONDE FICA

  • Na Estrada da Carpintaria, na BR-287, a 15 minutos da cidade de São Pedro do Sul. A sede fica a 55,8 quilômetros de Santa Maria (52 minutos)

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