ineditismo

VÍDEO: equipe do Husm usa técnica inédita de reconstrução de crânio em 3D e salva vida de paciente

Dandara Flores Aranguiz


Foto: Charles Guerra (Diário)
Paciente do SUS que sofreu acidente de trânsito perdeu uma grande parte da calota craniana em função do inchaço do cérebro

No final de março deste ano, Odirlei Pavão Leal, 39 anos, deu entrada no Pronto-Socorro do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) como vítima de acidente de moto e com traumatismo craniano. Depois de ter sido avaliado, foi preciso fazer uma craniectomia descompressiva (procedimento em que a lateral óssea é retirada para que o inchaço ou edema no cérebro possa expandir) devido à pressão cerebral alta.

Como a área afetada era grande e a recolocação de parte da calota craniana não seria possível, o hospital optou por uma técnica até então inédita para fazer esse tipo de procedimento. Trata-se de planejamento cirúrgico por meio de impressão de biomodelos em impressoras 3D, para dar forma a uma peça que pudesse servir de molde para o implante de cimento ósseo, que também fosse biocompatível.  

No vídeo abaixo, os médicos explicam a técnica que utilizaram para salvar a vida de Odirlei.


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- Por conta do traumatismo, ele não conseguia ficar com a cabeça parada e começava a comprimir o cérebro no travesseiro. Então, tínhamos uma urgência em fechar, para não danificar o tecido vital. Uma das alternativas era usar o que é comumente utilizado no SUS, que é o metilmetacrilato, que a gente molda na hora. Eventualmente, a gente faz em pacientes com traumas menores. Em vez de mandar terceirizar a prótese, e aproveitando as tecnologias já disponíveis dentro do Husm, começamos a pensar nas possibilidades - explica o neurocirurgião Diogo Trevisan Silveira, que comandou a cirurgia.  

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Por exigir mais habilidade e certa agilidade no manuseio do cimento ósseo (que tem secagem rápida, de 10 a 15 minutos) e por ter uma área extensa removida (cerca de um terço da calota craniana foi retirado do paciente), foi preciso imprimir a peça a ser alocada na área fraturada antes da cirurgia para a reconstrução do crânio, o que reduziu o tempo de procedimento e diminuiu os riscos de infecção.  

- A chance de morte era muito grande, ele nasceu de novo. Tivemos de produzir a peça do tamanho ideal para fechar a cavidade. O trabalho em impressão 3D facilita o molde, pois a gente consegue reconstruir de forma perfeita, preservando o contorno do crânio - comenta Gustavo Dotto, professor do curso de Odontologia da UFSM e chefe da Unidade E-Saúde do Husm.

A cirurgia para o implante - a cranioplastia - foi feita no dia 23 de abril e durou pouco menos de três horas. Segundo o neurocirurgião responsável pelo caso, na rede privada, a colocação de uma prótese nesse estilo pode chegar a custar entre R$ 60 e R$ 150 mil. No Husm, a impressão 3D já era usada nas áreas de ortopedia e odontologia. No entanto, a técnica nunca havia sido utilizada pela neurologia.  

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A RECONSTRUÇÃO

  • Como havia uma grande área fraturada, não era possível moldar o implante diretamente no paciente. Então, foram usadas imagens da tomografia, antes e depois da primeira cirurgia, para fazer o molde na impressora 3D em tamanho real
  • O biomodelo do crânio foi utilizado, então, para construir um molde do implante personalizado
  • A peça foi feita antes da cirurgia para reconstrução do crânio. A impressão durou cerca de 30 horas
  • O cimento ósseo foi colocado diretamente no molde, e a inserção do material durou cerca de 15 minutos
  • Depois que o implante ficou pronto, foi preciso esterilizá-lo e fazer testes e análises do material para saber como o cimento se comportaria depois do processo de esterilização
  • O implante chegou pronto e esterilizado no bloco cirúrgico. A equipe contou com o neurocirurgião Diogo Trevisan Silveira, a cirurgiã e traumatologista buco-maxilo-facial Wâneza Dias Borges Hirsch, o cirurgião-dentista Marcelo Fontana e o especialista em radiologia odontológica Gustavo Dotto

RECUPERAÇÃO 

Foto: Charles Guerra (Diário)/Neurocirurgião Diogo Silveira (segundo à esq.) comandou a cirurgia feita em Odirlei Leal (à frente)

Além da recuperação do paciente e da preservação de sua estética facial, a equipe comemora também o avanço na técnica utilizada. Após a cirurgia de reconstrução craniana, Odirlei começou a apresentar uma melhora cognitiva.

- Eu nunca vou esquecer o que a enfermeira me falou no dia que em ele se acidentou. Ela disse que era uma tentativa heroica para salvá-lo. Depois de ele sobreviver ao primeiro procedimento, ele não dava muito retorno, a gente chamava, e ele não respondia. Logo depois da reconstrução, ele começou a dar mais sinal de que estava entendendo a gente - conta Giane Goularte de Jesus, 24 anos, esposa do paciente. 

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