Santa-mariense cria 1ª loja virtual do mundo voltada à prevenção do HIV

Foto: Reprodução

A primeira loja online do mundo destinada à prevenção e luta contra o preconceito ao HIV é do Brasil e foi criada por um santa-mariense. O administrador de empresas Lucian Ambros, 31 anos, mora em Balneário Camboriú, Santa Catarina, mas residiu em Santa Maria até os 18 anos. No último dia 16, ele lançou a plataforma e-commerce Posithividades, voltada para dar visibilidade, motivar a prevenção e agregar informação sobre o vírus HIV, causador da Aids.

Em 2017, o jovem conquistou o primeiro lugar estadual no prêmio Empreendedor Universitário, pelo Sebrae, e teve o seu projeto classificado entre os 10 melhores do país na etapa nacional. O Posithividades nasceu como um aplicativo para smartphones, como uma rede social onde as pessoas que vivem ou convivem com o vírus podiam falar abertamente sobre HIV e interagir com as outras. Em seis meses, a ferramenta impactou mais de 10 mil pessoas em 60 países. Por falta de verba, o projeto durou seis meses e teve que ser remodelado.

- Fiquei um ano pesquisando, fazendo um estudo de comportamento para ver como eu poderia aliar uma fonte de renda para o próprio projeto se manter. A ideia é, no futuro, colocar o aplicativo no ar novamente, a partir da renda gerada pelo e-commerce. Um dos serviços que pretendo acrescentar no app é um suporte psicológico. Volta e meia eu recebo mensagens de pessoas que descobriram que estão com HIV. E ter esses profissionais ajudaria bastante - relata Ambros.

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Na plataforma online, é possível adquirir camisetas, livros e até mesmo kits de autotestes. A ideia é disseminar dados, informações e dar visibilidade à causa de uma forma leve.

- Nem todo mundo usaria uma camiseta assim, até mesmo quem não tem. Estamos abrindo um espaço para as pessoas falarem mais sobre HIV. Nossos produtos chamam a atenção para nossa mensagem: somos cataventos de informação, podemos espalhar esta mensagem de amor ao invés do preconceito - completa.

Todos os recursos arrecadados são direcionados para a manutenção do projeto, reativação do aplicativo e o lançamento de outras campanhas relacionadas ao assunto.

INSPIRAÇÃO
A motivação para criar a plataforma e dar o pontapé inicial no projeto partiu da própria experiência de vida de Ambros. Diagnosticado em 2010 com o vírus HIV, ele demorou cinco anos para começar o tratamento contra a doença, por vergonha e medo do comportamento das outras pessoas.

- Eu contei para a minha mãe só em 2012, pois quando eu morei em Santa Maria, lá pelos meus 12 anos, um primo meu contou que tinha (a doença) e a família inteira tratava ele com diferença. A primeira vez que eu fui a público falar da minha sorologia, em 2017, na etapa nacional do prêmio, quando expliquei no que realmente tinha me inspirado. Eu tinha medo dos efeitos colaterais, achava que teria vários problemas de saúde por conta da medicação, até que um dia criei coragem e vi que não era nada daquilo que eu imaginava - desabafa.

A ideia, segundo o empreendedor, é fazer com que as pessoas iniciem o tratamento mais cedo, e que não tenham medo de fazer o teste.

- As pessoas têm medo da sociedade, tem gente que convive com o vírus e não sabe. E, depois de descoberto, não é o fim do mundo, a gente quer que as pessoas busquem estar indetectáveis, essa é uma bandeira nossa. Estamos na sociedade e estamos fazendo a nossa parte. A informação faz com que a gente acabe com o preconceito - enfatiza.