criança e adolescente

Programa faz sentido aborda o impacto da exposição digital no desenvolvimento e no aprendizado

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Reprodução

As crianças e os adolescentes com quem você convive passam muito tempo na internet? Eles trocam esportes, livros e a vida ao ar livre por dispositivos móveis? Esse cenário é cada vez mais comum e, praticamente, nenhum lugar do planeta está isento dos benefícios e das desvantagens que a tecnologia representa.

No Faz Sentido do último domingo, a jornalista Fabiana Sparremberger e o psicólogo Patrick Ramos Camargo comentaram o assunto, com base no livro A Fábrica de Cretinos Digitais, o Perigo das Telas para as Nossas Crianças, do neurologista francês Michel Desmurget.

Até a última década, conforme aborda o autor, estudos confirmam que uma geração tende a ser mais inteligente que a anterior. No entanto, esse índice teve uma mudança brusca. Ou seja, está comprovado que os filhos estão menos inteligentes e criativos do que os pais. E a culpa disso, segundo Desmurget, é da excessiva exposição dos jovens ao mundo digital. Confira algumas questões:

A exposição digital é uma realidade sem volta?
Já é impossível não estarmos expostos às telas. Com certeza, o mundo virtual nos deu acesso à informação rápida, possibilidade de contatos com pessoas de longe e otimização de tempo. Trouxe benefícios aos sistemas de saúde, educação, segurança, entre outros. No entanto, também alcançou o mundo do entretenimento. Com isso, as pessoas tendem a estar, cada vez mais, "conectadas".

Por que o autor usa a expressão "cretinos digitais"?
Ele chama atenção para a maneira em que as crianças estão se desenvolvendo. Esse estudo, feito em muitos países, serve como um alerta. Na psicologia, por exemplo, já existe uma especialização em dependência tecnológica, e o assunto já faz parte do novo manual de saúde mental. O excesso de tempo na internet, dependendo do caso, é classificado como transtorno.

Quais impactos negativos para as crianças?
A exposição às "telas" tem sido excessiva. Muitas pessoas não têm limites, não conseguem parar o tempo de jogo. Aqui, entra a questão patológica, como transtorno e dependência tecnológica. Ambos ocasionam irritabilidade e diferença na maturação cerebral. Os nossos adolescentes não estão menos inteligentes, mas estão se privando de atividades que necessitam de atenção, como frequentar bibliotecas, quadras esportivas, parques, entre outros.

Crianças de apenas 1 ano manuseiam com facilidade um celular e os responsáveis se orgulham disso. Qual o perigo?
Na verdade, não se trata de crianças mais ou menos espertas. As gerações atuais vivem a exposição prematura à tecnologia, e isso tem riscos. Há várias pesquisas que apontam com que idade a criança deve começar o uso de um aparelho eletrônico, mas o ideal seria que não tivessem acesso nenhum. Muitas vezes, os pais veem celular, tablets e a TV como formas de entretenimento para a criança. Mas, ao fazer isso, negligenciam outras áreas de desenvolvimento. Os pais têm que limitar idade e tempo de uso dos dispositivos móveis pelos filhos. Caso contrário, o que hoje é um hábito pode gerar dependência, fragilidade emocional e desatenção para outras áreas importantes.

Países como Inglaterra, Taiwan e China contam com leis severas que remetem ao controle do que crianças e adolescentes acessam na internet e ao tempo de uso. Quais os benefícios?
Crianças e adolescentes precisam de qualidade do sono, devido à rotina escolar. O uso da tela traz prejuízos como ansiedade e insônia. O ideal é se abster do uso de aparelhos digitais pelo menos 2 horas antes de dormirmos. Por exemplo, crianças na China não podem ultrapassar 90 minutos de exposição em dias de semana, e 120 no final de semana. Esse pode ser um dos motivos do desempenho escolar lá ser muito satisfatório. Sem limites, crianças e adolescentes não terão interesse em estar com a família, assistir a filmes com amigos, andar de bicicleta... Para eles, é mais fácil interagir virtualmente do que socialmente, o que gera diversos problemas.

Qual seria a idade adequada para começar a usar aparelhos como celulares e tablets?
O ideal é analisar a finalidade. Crianças de 6 a 8 anos não deveriam usar celular. Além da exposição prematura, o universo virtual também é muito perigoso, como a questão da pedofilia e acesso a dado particulares. Afinal, muitas vezes, responsáveis não conseguem monitorar. Até mesmo pais de adolescentes deveriam monitorar o que os filhos fazem no celular, o que não representa invasão de privacidade.

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Além da alteração no sono, que outros impactos são causados pelo acesso digital sem monitoramento?
Esses impactos são comportamentais, cognitivos, emocionais e sociais, além de afetarem, consideravelmente, as fases de desenvolvimento e aprendizado. Ferramentas como Tik Tok, Instagram e Facebook, além dos jogos virtuais, têm como objetivo criar novidades para chamar a atenção de nossas crianças e adolescentes, de forma a segurá-los cada vez mais tempo à frente das telinhas. 

DEIXA FLUIR
O Faz Sentido foi às redes e perguntou:

As crianças com quem você convive

  • Exercitam-se e usam pouco o celular
  • Dividem o tempo entre tecnologia e outras atividades
  • Quase não se exercitam e não largam o celular*

*Maioria das respostas

Como controlar a exposição de crianças e adolescentes ao mundo digital?

  • Dando limites de tempo
  • Incentivando outros meios de entretenimento*
  • Mantendo-os longe dos dispositivos

*Maioria das respostas

Qual a idade ideal para uma criança usar um celular?

  • 0 a 3 anos
  • 3 a 5 anos
  • 6 a 7 anos
  • 8 a 10 anos*

*Maioria das respostas

COMO MUDAR ESSA REALIDADE

  • Adolescentes de 11 até 18 anos deveriam ficar, no máximo, até 3 horas expostos a dispositivos eletrônicos
  • Crianças de até 2 anos devem ficar longe da exposição à tecnologia
  • O uso de dispositivos móveis para crianças de 2 a 5 anos deve ser limitado a 1 hora por dia, no máximo
  • Entre 6 a 10 anos, o limite estabelecido é de 2 horas. Todos com supervisão
  • Ao perceber que essa exposição causa distúrbios de comportamento, busque ajuda profissional de psicopedagogos, psicólogos, entre outros
  • Não permita que crianças e adolescentes fiquem isolados em seus quartos com TV, computador, celular
  • Para todas as idades, é indicado a abstenção do uso de telas durante as refeições, além de se desconectar de 1h a 2h antes de dormir
  • Exercícios ao ar livre, contato com a natureza e interações sociais no mundo real são indispensáveis
  • Controle parental ao uso de aparelhos eletrônicos é indispensável
  • Incentive mais convivência e conexão familiar também por meio do exemplo
  • Convide os filhos para brincadeiras tradicionais e de custo baixo. Elas contribuem no desenvolvimento cognitivo, desenvolvem afetividade, união familiar e bem-estar
  • Relembre brincadeiras e momentos divertidos com seus pais durante a infância e adolescência, como passeios de bicicleta
  • A leitura é importante em todas as áreas profissionais e necessária ao desenvolvimento cognitivo
  • Tenham tempo de qualidade com os filhos. Limitar o tempo de tela vai dar trabalho, mas, ao mesmo tempo, traz benefícios significativos ao longo da vida
  • Na Inglaterra, os diretores dos principais colégios ameaçaram denunciar para a polícia e a serviços sociais os pais que deixam seus filhos jogarem games violentos
  • Em Taiwan, onde tem um dos melhores desempenhos escolares do planeta, uma lei prevê pesadas multas para pais que expõem filhos com menos de 2 anos a qualquer aplicativo digital
  • Na China, as autoridades tomaram medidas drásticas para regulamentar o consumo de videogames entre os menores de idade. Lá, crianças e adolescentes são proibidos de jogar durante o horário de sono, que é entre 22h e 8h

Fonte: Patrick Camargo, psicólogo e especialista em crianças e adolescentes, Janice Bertoldo, psicopedagoga

PROGRAMA FAZ SENTIDO

  • Quando - Domingo, das 11h ao meio-dia
  • Tema - Espiritualidade e Saúde Mental é o tema do Faz Sentido deste domingo. Não perca!
  • Como acompanhar - Pela CDN, 93.5 FM, e pela TV Diário, nos canais 26 e 526 da NET, no YouTube da TV Diário e site do Diário
  • Apresentadores - Jornalista Fabiana Sparremberger e psicólogo Carlos Eduardo Seixas

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