Foto: Gabriel Haesbaert (Arquivo Diário)
Em agosto do ano passado, o Laboratório de Doenças Parasitárias (Ladopar) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou um experimento em suínos para verificar se a água pode ser considerada a principal fonte de infecção do surto de toxoplasmose. Em outubro, os primeiros resultados foram apresentados no 4º Simpósio Brasileiro de Toxoplasmose, em Brasília, que apontou que os animais que consumiram amostras de água potável coletada para a pesquisa foram infectados com a doença (dois suínos ingeriram, durante seis semanas, água esterilizada, e oito consumiram água potencialmente contaminada).
De lá para cá, o estudo avançou. Mas, apesar de ele reforçar que a água pode ser a principal fonte de infecção, os resultados ainda são preliminares. No entanto, de acordo com a professora do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva Fernanda Flores Vogel, responsável por coordenar o laboratório, a pesquisa deve ser concluída até julho.
- Nós ainda estamos avaliando os tecidos dos suínos, na fase da genotipagem, e continuamos avaliando as placentas de mulheres com diagnóstico de toxoplasmose. Antes era feito só o monitoramento sorológico. Hoje está se buscando um pouco mais, para tentar fazer a detecção de DNA do protozoário e, posteriormente, fazer a genotipagem dessas amostras - explica.
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O resultado do bioensaio deve ser anexado ao relatório final de investigação do surto. O Ladopar também auxilia no monitoramento da doença em Santa Maria por meio das placentas de gestantes que tiveram a confirmação da toxoplasmose na cidade. Os pesquisadores da UFSM, em colaboração com profissionais da Universidade Estadual de Londrina (UEL), recebem o material e, a partir das amostras, fazem a genotipagem para tentar associar se é o mesmo protozoário identificado no surto.
- O que estamos tentando manter é um grupo que continue trabalhando com a toxoplasmose para tentar entender o que aconteceu e impedir que isso ocorra de novo, e que Santa Maria se torne uma referência no diagnóstico da doença em humanos. É necessário que a gente dê essa resposta - destaca Fernanda.
O laboratório da UFSM também está responsável, desde março, por fazer o diagnóstico das amostras coletadas pela Corsan na água que abastece a cidade (desde outubro do ano passado, por recomendação do Ministério da Saúde, a companhia faz o monitoramento das barragens a cada 15 dias para a presença dos protozoários Giardia, Cryptosporidium e Toxoplasma gondii), que antes eram enviadas para o Laboratório de Parasitologia, Zoonoses e Saúde Pública da UEL.