data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Quase 20 meses após o surto de toxoplasmose em Santa Maria, que teve a confirmação de mais de 900 casos da doença, o maior município do centro do Estado segue em busca de uma resposta que dê um desfecho a uma pergunta: como e de que forma a doença, que chegou a ter mais de 2,2 mil notificações e que acarretou em mais de uma dezena de abortos, tomou tamanha proporção? Há uma semana, a prefeitura teve acesso a um laudo que confirmou a existência de fragmentos do protozoário que causa a toxoplasmose (Toxoplasma gondii), em quatro amostras de água da cidade.
A informação foi dada à reportagem, nesta segunda-feira, pelo secretário municipal de Saúde, Francisco Harrisson, que disse que, mesmo assim, "se tratam de indicativos e que não se pode fazer qualquer leitura equivocada e, inclusive, é cedo para se dar uma resposta definitiva (sobre a origem da toxoplasmose)". Em junho deste ano, o Executivo municipal contratou o Laboratório de Doenças Parasitárias da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a um custo de R$ 2,6 mil para fazer o levantamento.
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Foram, então, coletadas 26 amostras de água de diferentes pontos do perímetro urbano. Na semana passada, o resultado foi encaminhado pelo laboratório à Secretaria de Saúde. Segundo o titular da pasta, desse total, o teste sinalizou positivo para quatro amostras. Mas Harrisson é cauteloso ao fazer a leitura do estudo:
_ É bom que se diga, e que a sociedade tenha esse entendimento, que isso (laudo) apontou para fragmentos do protozoário. O que é completamente diferente de termos (encontrado) o próprio protozoário. Seguiremos, agora, trabalhando para saber, por exemplo, a origem, de onde veio (o protozoário).
O estudo apontou positivo para quatro amostras: das barragens do DNOS e Saturnino de Brito, de um reservatório de água da Corsan (Bairro Cerrito) e de outro ponto que fica na Vila Lorenzi. A partir de agora, a prefeitura contratará uma empresa que ficará responsável por dar sequência aos estudos. Já em janeiro, a ideia é que seja realizado um teste chamado bioensaio em porcos. Ou seja, os animais serão submetidos _ durante um determinado período _ a ingerir a água das 26 amostras. Após, eles são sacrificados e se buscará a presença do protozoário, que podem ser dois: o endêmico (normal) ou de uma cepa mais agressiva (que desencadeou o surto).
_ O que queremos é elucidar o caso e dar uma resposta definitiva aos santa-marienses. Não se trata de achar culpados _ resume o secretário.
À reportagem, uma das profissionais do laboratório da UFSM, envolvida na produção do estudo, disse, na segunda-feira, que, por haver um contrato de confidencialidade entre contratada e contratante, não se pode adiantar detalhes do laudo. No dia 6 de janeiro, está prevista uma reunião entre as autoridades de saúde do município e a Corsan. A companhia, por meio de nota, afirma que aguardará o conteúdo do laudo para se manifestar. O documento ainda atesta que a água fornecida à população "é de qualidade e pode ser consumida sem receio".