Husm está com pronto-socorro fechado há 7 dias e segue com cerca de 50 pacientes

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Eduardo Ramos (Especial)
Com superlotação, pacientes ficam em macas nos corredores do Pronto-Socorro do Husm

No sétimo dia após o fechamento do Pronto-Socorro (PS), o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) ainda conta com 50 pacientes que são atendidos no local nesta quarta-feira. Dos 50,  27 estão em macas nos corredores e aguardam vagas em leitos.  Outros 23 pacientes estão em leitos de UTI, três mais do que o local tem condições. Na UTI Neonatal, que tem capacidade para 10 pessoas, 14 estão internadas, e a maternidade também tem operado com mais pacientes do que a capacidade. O Pronto-Socorro foi fechado no dia 10 de março, quando operava 180% acima do limite.

Esse número é ainda maior do que na semana passada, quando o PS foi fechado. Mesmo com as portas fechadas para chegada de novos pacientes, casos como atendimento por ambulâncias são levados para o hospital. Por isso, o número registra aumento nos últimos dias. Conforme a gerente de atenção à saúde do Husm, Soeli Guerra, o local que é destinado a casos de urgência e emergência não poderá atender pacientes em casos de acidentes, por exemplo. 

- Precisamos de uma saída, que é a reativação de leitos em Santa Maria e na região - afirma.

Na tarde de terça-feira, a Secretária Estadual de Saúde (SES) anunciou a mudança de 10 leitos de UTI Covid, para UTI Geral, no Hospital Regional. A medida busca desafogar a demanda dos demais hospitais que atendem via Sistema Único de Saúde (SUS). A transferência é feita pelo sistema de regulação do Estado, que estabelece critérios de prioridade e emergência, e não há um remanejo direto de um hospital para o outro. Soeli explica que desde domingo, quatro pacientes foram transferidos da UTI do Husm para o Regional. Um quinto paciente que seria transferido ficou no Husm porque no Regional não havia disponível uma medicação necessária para o tratamento. 

- Além dos leitos, as condições precisam ser adequadas. Alguns hospitais têm leitos, mas faltam remédios ou exames ou equipe suficiente, o que, por vezes, impede as transferências.

Mesmo com as quatro transferências ao Hospital Regional, Soeli conta que o Husm não recebeu nenhum documento para transferências em maior número para o regional. No Gerint, programa que faz o gerenciamento de internações hospitalares, são 20 pacientes do Pronto-Socorro cadastrados que aguardam encaminhamento para outros hospitais do SUS.

REUNIÃO PÚBLICA 
Nesta sexta-feira, às 14h30min, a Câmara de Vereadores sediará uma reunião pública para discutir a questão da saúde pública em Santa Maria, especialmente sobre o funcionamento do Hospital Regional. A reunião é organizada pelo deputado estadual Valdeci Oliveira (PT), presidente da Assembleia Legislativa, que defende o funcionamento de 100% da estrutura do hospital. 

ENTENDA 

• O Pronto-Socorro do Husm foi fechado na manhã da última quinta-feira. Ainda assim, recebe casos de urgência e emergência que chegam no hospital pelas ambulâncias 
• Na quinta-feira, 30 pacientes aguardavam em espaços improvisados no corredor 
• A maternidade do Husm, desde a sexta-feira, também opera com uma média de 6 a 8 leitos extras, acima da capacidade 
• O Hospital Regional, inagurou em 2018 com atendimentos ambulatoriais em algumas especialidades, e desde então, novas foram anunciadas. Atualmente atende pessoas em tratamento para hipertensão, diabetes e cardiologia, sem internações. Outras especialidades foram anunciadas e serão implantadas a partir de abril 
• As internações no Hospital Regional começaram durante a pandemia, com abertura de leitos específicos para Covid-19. Nesta semana, 10 leitos de UTI Covid-19 foram transformados em UTI Geral, para auxiliar na alta demanda da rede pública 
• O Regional, desde inaugurado, não conta com atendimento em pronto-socorro e não funciona no sistema "porta aberta", ou seja, apenas pacientes encaminhados pela rede básica de saúde são atendidos lá 

*Gabriel Marques