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Entenda por que é necessário tomar a segunda dose contra a Covid

Leonardo Catto

As duas vacinas contra Covid-19 disponíveis no Brasil, a CoronaVac e a de Oxford, precisam de duas doses. A primeira, produzida no país pelo Instituto Butantan, tem a recomendação de intervalo entre as aplicações de duas a quatro semanas. Já para a segunda, que no Brasil é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o recomendado é de quatro a 12 semanas.

Com a ausência na segunda dose em todo o país, há a mobilização do poder público pela busca e complemento da vacinação. Em Santa Maria, são 296 pessoas que faltaram na segunda dose.

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O chefe da Unidade de Pesquisa Clínica no Hospital Universitário de Santa Maria, Alexandre Vargas Schwarzbold, explica que a falta da segunda dose é um problema individual, mas que reflete no coletivo.

- A primeira serve para estímulo à resposta imune. O reforço é fundamental. A resposta celular, além de anticorpos, se dá a partir da segunda dose. Não vamos produzir uma imunidade de rebanho se um bom número de pessoas tiver feito apenas a primeira - afirma.

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O biólogo Átila Iamarino, especialista em virologia, ganhou destaque durante a pandemia com explicações didáticas sobre o coronavírus. Ele defende campanhas de conscientização pela "noção completa" da necessidade de se vacinar.

- Quem toma só uma dose pode desenvolver imunidade parcial, o que não seria suficiente para proteger. Mas pode ser suficiente para selecionar linhagens virais que escapam dessa imunidade - escreveu uma rede social.

Os dados a nível nacional, porém, precisam de cautela na análise. Segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, o Ministério da Saúde pode ter números defasados pela demora no envio pelos municípios. O médico explica, ainda, que a chamada "taxa de abandono" é comum em vacinações por etapas.

- Às vezes, por ter reação, (a pessoa) não quer ir mais. Ou acha que já está protegida. O esforço deve ser para a taxa ser menor. Zero, nunca vai ser - fala.

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Kfouri cita exemplos de vacinações como a do HPV e da Hepatite B, que ocorrem em três doses. A cada etapa, a taxa de abandono costuma ser maior. A expectativa é que, no caso da Covid, a situação da pandemia fizesse com que menos pessoas faltassem.

O recomendado a quem faltou todas as oportunidades de segunda dose é recuperá-la assim que possível. Schwarzbold, contudo, atenta para o cuidado do tempo entre as doses. A eficácia é prejudicada se o intervalo é maior que o recomendado.

- No caso da vacina de Oxford, em jovens, três semanas após primeira dose, a eficácia pode ser de 70%, mas não de forma duradoura. Quando a gente adia muito, depende da vacina, a perda de eficácia é maior. No caso de Oxford, que nos permite dizer uma eficácia ótima com três meses, não adianta tomar com cinco, por exemplo - explica o coordenador dos testes do imunizante na UFSM.

No Brasil, até 13 de abril, 24.433.064 pessoas receberam a primeira dose. O dado, no Rio Grande do Sul, é de 1.809.582. Já, em Santa Maria, são 52.861, segundo a atualização do vacinômetro da prefeitura em 12 de abril.

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