reportagem especial

Coronavírus fez número de mortes disparar em Santa Maria

Mauricio Araújo

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário) 

Quando você disse o seu último adeus? Para cerca de 470 famílias santa-marienses, a despedida de uma pessoa amada foi em silêncio e solitária, sem abraços entre amigos ou a oportunidade de lançar um último olhar para quem partiu vítima da pandemia mais severa do século: a de coronavírus. Pessoas que morrem com Covid-19 ou suspeita de contaminação são sepultadas de forma direta, sem velório e com o caixão lacrado.

Uma cena de ainda mais sofrimento para quem fica. Somente no primeiro trimestre deste ano, foram 713 mortes por diferentes causas na cidade, 257 delas por causa da Covid, o equivalente a 36%. Mesmo que haja dezenas de óbitos por outras doenças e circunstâncias, a Covid foi uma das principais causas de mortes nos meses de janeiro, fevereiro e março. Assim, as funerárias viram seus serviços aumentar e se prepararam ainda mais para garantir o pleno atendimento. 

O sentimento geral é de perplexidade pelo aumento de casos e mortes. Quase um ano depois do primeiro óbito na cidade, registrado em 14 de maio de 2020, famílias ainda enfrentam a dor e o difícil processo de luto intensificado pela pandemia. Em uma reportagem especial, o Diário vai além dos números de mortes e mostra como é a rotina de quem trabalha nas funerárias e a história de quem perdeu um familiar, além de falar sobre como é o luto em tempos pandêmicos. 

Leia também: 

Em março, 47% dos funerais seguiram protocolos de isolamento

Após perda na família, a memória de Léo foi eternizada na pele do pai e do irmão 

A história da mãe que perdeu o filho e do filho que perdeu a mãe

Quem acessa os comentários nas redes sociais do Diário já deve ter lido as seguintes perguntas: "ninguém morre de outras doenças?" ou "só morrem de Covid agora?". A resposta é sim e não, respectivamente. Outras doenças e causas também levam a óbitos. Dezenas de pessoas morrem todos os meses em Santa Maria por diferentes fatores. Em todo o ano passado, 2.211 santa-marienses morreram. Números aproximados também foram registrados em 2018 e 2019. A diferença é que desde 2020 tem o fator Covid, que faz o número de mortes crescer.

As informações são da prefeitura, e são consideradas todas as mortes, por diferentes causas, de residentes de Santa Maria que morreram no município. Óbitos por Covid-19 são incluídos na causa da morte por "alguma doença infecciosa ou parasitária". Contudo, os números apresentados neste item são referentes a todas as enfermidades que se enquadram como infecciosas ou parasitárias.

Mesmo que haja outras doenças neste mesmo grupo, percebe-se o claro aumento dos números deste quesito em 2020 e em janeiro, fevereiro e março de 2021. A média de todos os meses de 2018 e 2019 é de 92 mortes por alguma doença infecciosa. Em 2020, foram registrados 217. Agora, só o primeiro trimestre já soma 233 mortes neste grupo.

Além de Covid-19, pessoas morrem em Santa Maria por diversas outras doenças: do aparelho circulatório (582 perderam a vida em 2020); Neoplasias - tumores (520 mortes no ano passado); doenças do aparelho respiratório (191 mortes); causas externas de morbidade e mortalidade (150 óbitos em 2020); entre outras mortes listadas pelo município.

Conforme o enfermeiro da Vigilância Epidemiológica do município, Márcio Difante, as mortes por coronavírus contribuíram para o crescimento dos números:

- Percebemos um aumento expressivo porque são muitos casos de pessoas que morreram de Covid-19 ou em decorrência da doença. Em tempos não pandêmicos, as doenças infecciosas não levam a tantas mortes como agora, durante a pandemia de coronavírus.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Pedro Piegas (Diário) 

Março foi o mês mais letal dos últimos seis anos
De acordo com o portal de transparência do Registro Civil, com base em dados dos cartórios de registros civis, março de 2021 foi o mês mais letal dos últimos seis anos em Santa Maria, com total de 316 óbitos registrados pelos cartórios, 125 mortes a mais do que a média para o mês desde 2015.

Diante do avanço da pandemia e do elevado número de vítimas, o primeiro trimestre registrou 781 óbitos nos cartórios, o que representa aumento de 231 mortes se comparado com a média do mesmo período.

O aumento dos casos de Covid-19 tem feito, nas últimas semanas, a curva de mortes superar a de nascimentos no mês de abril. Neste mês, em Santa Maria, são 112 nascimentos e 140 mortes, por todas as circunstâncias.

Em março, os números de mortalidade no Rio Grande do Sul superaram os nascimentos. Foram 11.971 nascimentos enquanto os óbitos chegaram a 15.802. O presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Rio Grande do Sul (Arpen/RS), Sidnei Hofer Birmann, afirma não lembrar nos últimos 20 anos de situação semelhante. Segundo ele, os cartórios de todo o Estado têm visto acréscimo significativo das mortes sobre os nascimentos.

Além da Covid-19
Diferentes doenças e causas externas de morbidade (doenças) e mortalidade (acidentes, homicídios, suicídios) levam os santa-marienses à morte. Mas desde 2020, a Covid-19 tem contribuído para aumentar o número de óbitos, especialmente no primeiro trimestre de 2021, como mostra o gráfico a seguir: 

data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Em março, 47% dos funerais seguiram protocolos de isolamento



Na linha de frente para atender os casos de mortes, as funerárias de Santa Maria também sentiram os impactos da Covid-19 e o quanto o aumento de mortes significa na cidade. Quatro funerárias prestam o serviço em Santa Maria, e, conforme os registros de obituários disponibilizados pelas empresas foram 715 funerais na cidade no primeiro trimestre deste ano, 37% deles eram casos de coronavírus ou suspeita de contaminação. Ano passado, conforme os registros de janeiro, fevereiro e março, foram 455 sepultamentos. O aumento de um ano para o outro é de 57%.  Em uma reportagem especial, o Diário vai além dos números de mortes e mostra como é a rotina de quem trabalha nas funerárias e a história de quem perdeu um familiar, além de falar sobre como é o luto em tempos pandêmicos. 

O Ministério da Saúde publicou o Guia para o Manejo de Corpos no Contexto do Novo Coronavírus e dá várias recomendações, como: não são recomendados velórios e funerais de pacientes confirmados ou suspeitos da doença; a cerimônia de sepultamento deve ocorrer em lugares ventilados e, de preferência, abertos; durante todo o velório o caixão deve permanecer fechado para evitar qualquer contato com o corpo.

O coronavírus se intensifica desde janeiro, mas é em março que os números foram ainda mais tristes. Um levantamento feito pelo Diário aponta que no mês passado, as funerárias de Santa Maria, juntas, fizeram 307 serviços fúnebres. Destes, 146 foram sem velório, o que representa 47% do total. Nas funerárias, o aumento é perceptível. Para o subgerente da funerária Cauzzo, Fábio Coelho Monteiro, a situação foi de aumento e tensão no mês de março, quando foram 46 serviços funerários na Cauzzo e metade envolveu suspeita ou confirmação do vírus. Situação semelhante aconteceu na funerária São Martinho. Conforme o proprietário, Felipe Knackfuss, números altos assim são registrados no inverno. No mês passado, 49% dos serviços fúnebres foram por conta do coronavírus:

- É comum nos primeiros meses do ano termos um número menor de óbitos, mas o que acontece neste ano é diferente. Estamos com taxas semelhantes as de julho e agosto, que normalmente têm crescimento de mortes.

Foram considerados os registros de obituários de santa-marienses sepultados no município. Casos em que os obituários registraram "sem velório", conforme as funerárias, significam que a pessoa morreu por confirmação ou suspeita de Covid. São raros os casos de mortes não relacionadas à Covid em que a família opta por não fazer esse ritual.

PROCEDIMENTO
Conforme o gerente administrativo e comercial da funerária São Martinho, Silvio Borges Cabral, o processo para o sepultamento de casos de Covid é ainda mais delicado, pois os familiares, assim que comunicados do falecimento, procuram as funerárias sem ter tido contato com o ente que perdeu a batalha para o coronavírus. A última despedida dessas famílias é feita, normalmente, direto no sepultamento.

Ao ser acionada pelos hospitais, explica Silvio, a funerária vai até o local e recebe o corpo do paciente que morreu em decorrência da Covid em um saco plástico lacrado. Os agentes funerários colocam a pessoa na urna e, imediatamente, fecham o caixão. Dependendo do horário, o corpo já é encaminhado ao cemitério escolhido pelo familiar, onde uma pequena e restrita despedida - com pouquíssimas pessoas - acontece ali mesmo, em todos os casos com o caixão cerrado.

As despedidas comoventes, sem velório e com a urna fechada, também sensibilizam quem já está acostumado com esses rituais. Agentes funerários mudaram suas rotinas e adaptaram-se à nova realidade. Toda vez que acionados para atender uma morte por coronavírus, os trabalhadores se preparam com proteção completo, com máscaras, luvas, óculos e vestimenta adequada. A cada novo trabalho, o equipamento é desinfectado.

Junto aos familiares que acompanham o cortejo no cemitério, os agentes funerários Volmar Cassanego e Alciomar Trindade relatam as cenas, em que os rituais de despedida, culturais no país, precisaram ser abolidos em casos de coronavírus.

- É difícil para a gente ver aquela situação de muito sofrimento, sem ninguém ao menos poder se despedir como culturalmente estamos acostumados. Mas precisamos ser resistentes, porque naquele momento nós precisamos ser o que há de mais forte para aquelas famílias - diz Trindade.

Registros nas funerárias em 2021*

Janeiro

  • 226 mortes
  • 66 por Covid-19 ou suspeita (29%)

Fevereiro 

  • 182 mortes
  • 51 por Covid-19 ou suspeita (28%)

Março

  • 307 mortes
  • 146 por Covid-19 ou suspeita (47%)

Total de mortes no primeiro trimestre de 2021

  • 715
  • 263 por Covid-19 ou suspeita - 37%

* casos "sem velório" nos obituários São considerados confirmados ou suspeitos de coronavírus
*obituários e dados das quatro funerárias que prestam o serviço no município

COMO ENFRENTAR O LUTO 
Em 1917, o pai da psicanalise Sigmund Freud trouxe no livro "Luto e Melancolia" que o luto é um processo lento e doloroso. As características passam por tristeza profunda, afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a pensamentos do que foi perdido, perda de interesse no mundo externo, entre outras definições. Especialistas não conseguem estipular em quanto tempo o luto é superado, já que ele ocorre de forma diferente para cada pessoa. O que se sabe, é que este processo dura meses. Não cumprir com os rituais estabelecidos na sociedade, como o velório, torna ainda mais complicado.

O psiquiatra Vitor Crestani Calegaro foi um dos primeiros a atuar no ambulatório de psiquiatria do Centro Integrado de Atendimento às Vítimas de Acidentes (Ciava), criado em função da tragédia da Boate Kiss. O profissional também lidera uma pesquisa nacional sobre saúde mental na pandemia. Para o psiquiatra, os rituais de passagem na nossa cultura, como velório, enterro e missa de 7º dia fazem com que a pessoa compreenda melhor a morte. Ao não ver o ente querido, como nos casos de enterros de Covid, o processo de luto se torna ainda mais difícil.

Segundo Calegaro, o luto faz parte da nossa existência, mas como não falamos com naturalidade desta realidade acabamos por não ter um bom preparo para enfrentar a morte, ainda mais de uma pessoa amada. Um processo de luto pode passar por várias fases, como revolta, negação - intensificada ainda mais nos casos de Covid por não ver a pessoa -, até a aceitação e estabilidade emocional, assumindo que o ente morreu e que ficam as boas memórias.

- Vivenciar a tristeza da morte é algo que ajuda neste processo de luto, já que ele faz parte da nossa existência.

ALTERNATIVAS

Buscar outros rituais para superar o luto, como rezas, lembranças e homenagens podem ajudar a superar a dor, explica Calegaro, apesar de não ser a mesma coisa. Casos em que o luto toma proporções que geram prejuízos, como evoluir para um quadro depressivo, devem receber atenção de profissional.

O psicanalista Volnei Dassoler, coordenador do Santa Maria Acolhe - criado em 2013 para atender as vítimas diretas e indiretas do incêndio na Boate Kiss -, também cita as redes sociais como uma forma de expressar os sentimentos neste momento em que não pode haver contatos físicos, já que as plataformas são maneiras de compartilhar memórias, manifestar a dor e de receber acolhimento.

Assim como Calegaro, Dassoler ressalta que todas as culturas estabelecem estratégias simbólicas e ritos de despedidas. O velório é entendido como um momento de acolhida dos familiares e amigos, sendo também um espaço de despedida para quem partiu. A impossibilidade destes atos impactam na elaboração do luto, dando a sensação de que o ciclo ainda não está encerrado:

- No mínimo, não ter estes ritos estabelecidos na sociedade, causa um sofrimento ainda maior. Então, o tempo é um fator importante para elaborar o luto. Entende-se que nestes casos, devido à pandemia, é impossível ter velório, mas essa ausência dificulta ainda mais o processo - explica o profissional.

Outra maneira, diz Dassoler, que muitas pessoas encontram para aliviar o sofrimento é indo aos cemitérios. Para ele, as pessoas não terem este acesso, mesmo em um espaço aberto e de pouca aglomeração, gera uma angústia ainda maior às famílias.

Durante a pandemia, as visitas aos cemitérios administrados pelo município eram agendadas. No entanto, afirma a prefeitura por meio de nota, as visitas estão suspensas enquanto vigorar a bandeira preta no modelo de distanciamento controlado do governo do Estado. O agendamento, diz o Executivo, voltará a ser realizado quando a região de Santa Maria for classificada em outra bandeira que não a preta.

Após perda na família, a memória de Léo foi eternizada na pele do pai e do irmão 
Mães, pais, irmãos, filhos, tios, avós, amigos. No Brasil, são mais de 360 mil vidas perdidas para a Covid. São pessoas que amaram e foram amadas e que fizeram a diferença na vida de alguém. A dor da perda de quem partiu dilacera o coração e abre um vazio no peito de quem fica. Para apaziguar a dor e a saudade, familiares de vítimas do coronavírus se apegaram a diferentes formas para seguir em frente, sem jamais esquecer.   Em uma reportagem especial, o Diário vai além dos números de mortes e mostra como é a rotina de quem trabalha nas funerárias e a história de quem perdeu um familiar, além de falar sobre como é o luto em tempos pandêmicos. 

Há nove meses, a família de Leonardo Comoretto convive com a dor e o luto. No dia 27 de março, o jovem faria 15 anos. O tempo ainda não foi capaz de amenizar a dor de Elisandro Comoretto e Daniela de Fortini por perder o filho. Leonardo, que tinha imunodeficiência e doença pulmonar crônica, chegou a ficar internado na UTI do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo. No dia 18 de agosto de 2020, o gremista fanático não resistiu ao coronavírus. Naquele mesmo dia, foi sepultado, sem velório, no Cemitério Ecumênico.

Hoje, as paredes do quarto de Léo, como carinhosamente era chamado pela família, já foram pintadas, e as roupas e os brinquedos doados.Um pequeno memorial foi montado na sala, com fotos, o urso preferido e alguns carrinhos da antiga coleção do adolescente. Outra lembrança constante são os cuidados com Kiara, uma cachorra da raça pastora maremano, xodó da casa. O pai e o irmão Gustavo eternizaram no braço o nome de Leonardo. A mãe, apegou-se na fé na tentativa de encontrar o conforto espiritual, e mantém tratamento psiquiátrico. O livro "Violetas na Janela" está sempre próximo e é lembrado por Daniela, afirma, como uma forma de encontrar aconchego, luz e um pouco menos de sofrimento, já que o romance espírita trata justamente sobre a morte e a continuidade da vida em outro plano.

A dor inevitavelmente, ainda arranca lágrimas dos pais e dos irmãos de Léo, Gustavo e Maria Luisa, mesmo que todos tentem buscar uma maneira de elaborar o luto. No trabalho ou quando alguma memória vem forte, Elisandro às vezes precisa parar:

- Por vezes, é uma música, uma lembrança. Olho para o lado e ele não está. Então, não tem como segurar. Perdi meu amigo, meu filho. O pai perder um filho não é certo, é uma dor muito grande. Eu tento ser forte para dar suporte, mas ainda é muito difícil.

Os últimos contatos da família com o menino foram no dia da internação no hospital e antes da transferência para a UTI. Somente um rápido acesso foi possível na hora do último adeus. Da UTI, o menino que sonhava em ser policial foi levado direto para o sepultamento. A família não pôde abraçá-lo ou lançar um último olhar.

- Um pedaço de mim foi arrancado. Não ter ele em casa é uma dor terrível. Tento me apegar a fé e compreender que ele está em um lugar melhor. Mas a vida agora está mais triste - conta Daniela.

A história da mãe que perdeu o filho e do filho que perdeu a mãe

Sozinha. É assim que se sente a aposentada Inês Maria Stangherlin, 71 anos, após perder o único filho para a Covid-19. Diogo Stangherlin tinha 35 anos quando precisou ser atendido na UPA. No dia seguinte, já no Hospital Regional, o licenciado em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) morreu. Diogo tinha doença neurodegenerativa e cardíaca.

Na tentativa de superar a dor, Dona Maneca, como é conhecida entre familiares e amigos, procura manter o jardim da residência sempre organizado. Mexer na terra é uma distração para se manter firme nos dias mais pesados. Lembrar das superações do filho ao longo da vida a enchem de orgulho. E não é para menos. Diogo tinha Ataxia de Friedreich, uma doença neurodegenerativa e, por conta disso, precisava de cadeira de rodas. Mesmo com todas as dificuldades, formou-se em 2015, já sem a presença do pai, falecido em 2011. Com o avanço da doença, perdeu a visão, mas, segundo a mãe, nunca deixou de ter o brilho no olhar, o carisma e a vontade de viver.

- Eu estou sozinha, perdi meu filho para a Covid. A pessoa que sempre esteve comigo, que eu amava acima de tudo. Hoje vivo só com as lembranças da pessoa amada, alegre, sensível e educada. Dói tanto que é difícil definir.

Assim como a maioria das vítimas da Covid-19, não houve velório. O corpo de Diogo foi cremado, e, conforme Dona Maneca, as cinzas estão junto as do pai.

SEM RITUAL DE DESPEDIDA 
No domingo do dia 21 de março, Elaine Flores Dias, 65 anos, sentiu falta de ar. A família recorreu à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). No dia seguinte, com diagnóstico positivo para o coronavírus, ela foi para a ala Covid da instituição. Dois dias depois, o filho Ricardo Helvin Jahnke, 38 anos, levou um celular à mãe para que pudessem se comunicar com mais facilidade. Na sexta-feira, dia 26, Elaine ligou para o filho, pedindo algumas frutas, que prontamente foram levadas. Por a paciente estar em um espaço restrito, não houve comunicação física. Aquela sexta foi a última vez que mãe e filho se falaram.

No sábado, Elaine piorou e precisou ser intubada, sendo transferida, no dia seguinte, para um leito de UTI em Rosário do Sul. Na segunda-feira, dia 29, após sucessivas paradas cardíacas, a aposentada morreu e foi sepultada em São Pedro do Sul no dia 30 de março. Aos familiares restou a dor e a saudade da mulher alegre e carinhosa.

- Nós deixamos minha mãe na UPA e buscamos dentro de um caixão em um hospital de Rosário do Sul. Não nos despedimos como ela queria, não vimos mais ela. É uma dor muito grande. Vão ficar as memórias e boas lembranças, mas é difícil - lamenta Ricardo. 

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Após perda na família, a memória de Léo foi eternizada na pele do pai e do irmão

A história da mãe que perdeu o filho e do filho que perdeu a mãe Próximo

A história da mãe que perdeu o filho e do filho que perdeu a mãe

Saúde