Foto: Vitória Sarturi (Diário)
Com uma trajetória marcada pela fé e o serviço público, João Chaves reassumiu nesta segunda-feira (13) a Secretaria de Desenvolvimento Social de Santa Maria. A pasta estava sob responsabilidade do secretário Juliano Soares (Juba), que permaneceu por menos de um ano no cargo e continuará atuando na prefeitura como assessor superior — função antes ocupada por Chaves.
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Segundo o novo secretário, a decisão partiu do prefeito Rodrigo Decimo, que busca fortalecer as políticas voltadas a pessoas em situação de rua e crianças e adolescentes na cidade. O anúncio oficial da mudança foi realizado pela prefeitura na última quinta-feira (9).
Teólogo, gestor público e acadêmico de Direito, Chaves tem uma longa trajetória ligada ao poder público e à área social. Foi professor, pastor e vereador por dois mandatos. Durante gestões anteriores junto à Secretaria, destacou-se pela criação do Programa Emprega Santa Maria, do Feirão de Empregos, da reabertura do Restaurante Popular, da implantação de cozinhas comunitárias, além de iniciativas como o Auxílio Inclusivo, o Cartão Alimentação e o CRAS Volante.
Em entrevista ao Bom Dia, Cidade! (Rádio CDN 93.5), o secretário falou sobre os desafios da nova fase da gestão e reforçou o compromisso com políticas que promovam acolhimento, reintegração e dignidade.
Aumento de pessoas em situação de rua

Chaves destacou que o aumento de pessoas em situação de rua é uma das pautas mais sensíveis e urgentes da secretaria. Segundo ele, esta população cresceu de forma visível após a pandemia, o que exige respostas articuladas entre diferentes áreas do poder público — como assistência social, saúde, segurança e habitação.
Ele relembrou que, quando assumiu a secretaria pela primeira vez, Santa Maria não contava com uma equipe de abordagem especializada. Hoje, há profissionais efetivos atuando nas ruas e três casas de acolhimento mantidas pelo município. Além disso, foi criada a Patrulha da Solidariedade, responsável por realizar visitas, orientar e acolher pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade extrema.
– As pessoas em situação de rua têm histórias. Nenhum caso é igual ao outro. Há quem esteja nas ruas por problemas de saúde mental, perda de emprego, rompimentos familiares ou dependência química. O nosso papel é reconstruir laços e oferecer uma nova oportunidade de vida – afirmou o secretário.
Chaves também lembrou experiências de sucesso do município, como a reinserção de pessoas no mercado de trabalho por meio do Emprega Santa Maria e o retorno de indivíduos às suas famílias de origem após o acolhimento realizado durante a pandemia no Centro Desportivo Municipal (CDM).
Segundo ele, a gestão tem buscado inspiração em modelos de outras cidades, como Chapecó (SC), onde políticas de internação involuntária, desintoxicação e reinserção profissional reduziram significativamente o número de pessoas nas ruas. Embora o investimento exigido seja elevado, o secretário afirma que Santa Maria pretende adaptar parte das estratégias dentro das condições locais.
– Se nós olharmos o orçamento da prefeitura de Chapecó passa de R$ 2 bilhões, é mais que o nosso, mas toda a política requer recurso. Agora a gente precisa começar – pontuou.
Centro Pop
Entre os principais projetos previstos pela Secretaria está a implantação do Centro Pop, equipamento público destinado ao atendimento de pessoas em situação de rua que não aderem às casas de acolhimento.
De acordo com Chaves, o espaço funcionará durante o dia e oferecerá estrutura para higiene pessoal, lavagem de roupas, guarda de pertences e encaminhamento a serviços de saúde, educação e trabalho. O local também servirá como ponto de referência para ações de acolhimento e acompanhamento social.
– Não existe solução mágica. O trabalho com pessoas em situação de rua é um processo contínuo, de escuta e confiança. O objetivo é garantir dignidade e oportunidades reais para que cada pessoa possa reconstruir sua história – concluiu João Chaves.
Cozinhas Comunitárias

Outra frente que continuará em expansão é o programa de cozinhas comunitárias, criado durante a gestão anterior de Chaves. Atualmente, o município conta com três unidades em funcionamento, responsáveis por preparar e distribuir refeições diárias a famílias em situação de vulnerabilidade alimentar.
Segundo o secretário, além de combater a fome, as cozinhas têm um papel social importante, funcionando como espaços de convivência e fortalecimento comunitário. Ele adiantou que a secretaria pretende ampliar o projeto para outros bairros de Santa Maria, com o apoio de parcerias públicas e comunitárias.
– As cozinhas comunitárias são uma política que dá certo. Elas alimentam, acolhem e criam vínculos. A gente sabe que muitas pessoas não vão até os CRAS, mas vão até a cozinha buscar a refeição. É ali que conseguimos conversar, entender a realidade e encaminhar para outros serviços. A alimentação é o primeiro passo da dignidade. Ninguém consegue pensar em futuro se estiver com fome. – destacou Chaves.