Provavelmente, em algum momento, você já deve ter se perguntado sobre a origem do calendário que utilizamos, principalmente no mundo ocidental. Afinal, qual seria a sua origem? E mais: de que forma ele foi calculado? O Politiza deste fim de semana conta a história do calendário gregoriano, usado hoje em dia na maior parte do mundo, inclusive no Brasil. Nesse contexto, a classe política e uma das mais influentes e seculares instituições do planeta, a Igreja Católica, tiveram papel determinante na definição.
Foi após o fim do Império Romano do Ocidente, em 525 d.C., que o abade de Roma, chamado Dionísio, com informações sobre a idade de Roma desde a época de sua fundação e com detalhes do período do nascimento de Cristo, estabeleceu o ano em que isso teria acontecido: o ano 1 do calendário cristão como o ano 754 da fundação de Roma. Até então, o mundo ocidental não tinha a contagem dos anos como conhecemos atualmente.
_ A construção do calendário ocidental mostra o poder da Igreja Católica em configurar a nossa civilização. Não vejo isso negativamente. As religiões, tradicionalmente, são fundamentais nas civilizações. No caso da nossa civilização, todos os nossos valores éticos têm sua matriz no cristianismo. Seríamos outra coisa sem essa matriz _ avalia o professor de História da UFSM Vitor Biasoli.
O calendário, então, passou a ser usado pelos cristãos e ganhou importância com a reforma empreendida pelo papa Gregório 13, em 1582, motivo pelo qual o calendário cristão ocidental é chamado de gregoriano, apesar de existirem calendários cristãos diferentes. O calendário gregoriano carrega erros de cálculo em relação ao ano de nascimento de Cristo, que provavelmente deve ter acontecido entre o que convencionamos de 4 a.C e 7 a.C.
A maior parte do mundo católico aceitou a mudança e adotou o calendário gregoriano. Porém, vários países rejeitaram as alterações, fazendo com que mais de um calendário existisse no mundo cristão. Os últimos países a adotarem o calendário gregoriano na Europa foram a Grécia, em 1923, e a Turquia, em 1926. Ainda assim, algumas repúblicas da ex-União Soviética e os cristãos ortodoxos em vários países continuam usando o calendário juliano _ em referência ao imperador romano Júlio César.
No entanto, há outros tipos de calendário, com distintas cronologias. O hindu, por exemplo, que é considerada a terceira maior religião do mundo, tem o tempo dividido em yugas, cujo período diminui à medida que o tempo passa, numa metáfora ao declínio da humanidade.
O calendário chinês teria surgido por volta de 2600 antes de Cristo, com a introdução dos anos regidos por cinco elementos (água, madeira, fogo, metal e terra) e de 12 animais, como rato, boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, cabra, macaco, galo, cachorro e porco. Segundo o calendário chinês, 2014 será o ano do cavalo.
Já o calendário judaico, diferentemente do gregoriano, é baseado no movimento lunar. Isso significa que cada mês começa com a lua nova. O início da contagem do calendário judaico se refere à criação do mundo.
E nas Américas, o calendário maia era conhecido por sua exatidão. Os maias organizavam as suas atividades cotidianas e registravam a passagem do tempo e os fatos políticos e religiosos mais marcantes.
A política e a criação de datas
É habitual da classe política a criação de datas, que são inseridas nos calendários estaduais e municipais. E Santa Maria não foge à regra. O Dia da Consciência Negra, por exemplo, celebrado em 20 de novembro e que marca a morte de Zumbi dos Palmares, foi instituído por meio de um projeto do então vereador José Carlos Silva (PT), no mandato de 2001 a 2004.
_ Muitos projetos são relevantes, mas caem no vazio. É muita data disso e daquilo. A sociedade se mobiliza para ajeitar o rumo das coisas. Nem sempre acerta. Nem sempre a sociedade adere. Tem datas que "colam". Faz parte do jogo _ diz Biasoli.
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