O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 76, afirmou, nesta terça-feira, que o surgimento da pandemia do coronavírus foi positivo para alertar o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a importância de um Estado forte para conter o avanço da crise econômica. O petista falou sobre o tema em uma entrevista à revista Carta Capital.
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- O que eu vejo? Quando eu vejo essas pessoas acharem que tem que vender tudo que é público e que tudo que é público não presta nada... Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o estado é capaz de dar solução a determinadas crises - declarou o ex-presidente.
Durante a tarde de quarta, no entanto, ele se desculpou pela declaração:
- Usei uma frase totalmente infeliz. E a palavra desculpa foi feita pra gente usar com muita humildade. Se algum dos 200 milhões de brasileiros ficou ofendido, peço desculpas. Sei o sofrimento que causa a pandemia, a dor de ter os parentes enterrados sem poder acompanhar - afirmou.
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Na entrevista à revista Carta Capital, Lula ainda criticou os problemas envolvendo o auxílio emergencial de R$ 600 concedido pelo governo federal durante a pandemia. A conduta de Bolsonaro na pandemia também foi criticada pelo petista. O ex-presidente disse que o atual está cometendo um genocídio ao "receitar remédio contra toda a comunidade científica" -referência à cloroquina. Para o petista, Bolsonaro está cometendo crime de responsabilidade ao "não respeitar a ciência".
Lula foi solto no início de novembro, após 580 dias preso na Polícia Federal em Curitiba, beneficiado por um novo entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) segundo o qual a prisão de condenados somente deve ocorrer após o processo transitar em julgado, ou seja, depois do fim de todos os recursos.
*Com informações da Folhapress