Polícia Civil deve concluir até esta quarta inquérito que investiga morte de mulher em suposto trabalho espiritual

Polícia Civil deve concluir até esta quarta inquérito que investiga morte de mulher em suposto trabalho espiritual

Foto: Rafael Menezes

Polícia Civil deve concluir até esta quarta inquérito que investiga morte de mulher em suposto trabalho espiritual

A Polícia Civil de Formigueiro deverá encaminhar até esta quarta-feira (21) o relatório de conclusão do inquérito que investiga a morte de Zilda Correa Bitencourt, 58 anos. Conforme apurado no inquérito, Zilda perdeu a vida em um suposto "ritual religioso", realizado entre a noite de sexta-feira (9) e a madrugada de sábado (10), no cemitério da Colônia Antão Faria, interior do município.


No dia do fato, o companheiro da vítima, de 63 anos, e o filho, de 29, conduziram a mulher até a localidade de Passo dos Maia, com o propósito de buscar assistência com "pai de santo" Francisco Rosa Guedes, o Chico Guedes, 65 anos, e os irmãos Nayana Rodrigues dos Santos, 33, e Larry Chaves Brum, 23, autodenominados "mentores espirituais".


 Após algumas "sessões", Zilda foi conduzida em duas ocasiões ao cemitério, onde, conforme a investigação, após ser vítima de diversas agressões, acabou perdendo a vida no local.


A investigação inclui os três mencionados "mentores espirituais", além de Jubal dos Santos Brum, 57 anos, proprietário da residência onde as "sessões" ocorreram no Quilombo Passo dos Maia.

Zilda Correa Bittencourt, 58 ano teria sido morta durante um suposto ritual religioso dentro do cemitério da Colônia Antão Faria, em FormigueiroFoto: Rafael Menezes

Prisão


Na tarde de quarta-feira (14), em São Sepé, ocorreu a audiência de custódia e a Justiça decidiu pela conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva dos quatro envolvidos no caso que seguem detidos no presídio da cidade.


O advogado Ariel Cardoso, responsável pela defesa de Francisco da Rosa Guedes, que se identifica como pai de santo, informou que formalizou um pedido pela liberdade de seu cliente, assim como a revogação da prisão preventiva com aplicação de medidas cautelares. O defensor argumentou que o suspeito tem 65 anos, é réu primário, tem residência fixa, recebe aposentadoria, não possui antecedentes criminais e não tem na religião sua fonte de sustento.


— Nós entendemos que ele não apresenta risco para a sociedade, que é a garantia da ordem pública. A gente pediu nas medidas cautelares a suspensão das atividades religiosas de Francisco ao público porque, se o crime que investigam é relacionado a uma atividade religiosa, ele suspende as atividades, e a sociedade, teoricamente, estaria segura. Nós ainda oferecemos a cautelar de proibição de aproximação entre os acusados do processo para que se evite qualquer imaginação quanto à combinação de depoimentos.


As medidas cautelares solicitadas pela defesa, entretanto, foram negadas pela Justiça. Também foi negada a conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar. O advogado havia amparado a solicitação no fato de Francisco ser um homem idoso, com doença pulmonar, cardiopatia, além da diabetes, que o faz necessitar do uso de insulina três vezes ao dia.


— Apresentamos documentos e laudos médicos pedindo a prisão domiciliar porque, certamente, não é um presídio o melhor local para que alguém se recupere de questões de saúde. Agora, iremos entrar com um habeas corpus no Tribunal de Justiça pedindo as mesmas coisas da revogação da prisão preventiva com aplicação de medidas cautelares que, certamente, serão suficientes para manter a ordem pública ou mesmo evitar qualquer risco de reiteração criminosa — acrescenta.


Ariel destacou que também será pedida a prisão domiciliar nos próximos dias.

Em meio à comoção gerada pelo caso, as advogadas Márcia Pereira da Silva e Liégy Pereira da Silva Meneghetti, representantes dos demais acusados, divulgaram uma nota oficial visando esclarecer aspectos cruciais do caso e refutar possíveis preconceitos e intolerância religiosa.


Nota à Imprensa:


Diante da crescente repercussão do caso envolvendo nossos clientes, é nosso dever esclarecer alguns pontos cruciais para uma compreensão justa e imparcial dos fatos. Em primeiro lugar, ressaltamos que os acusados são membros de uma comunidade quilombola, onde as práticas religiosas variam entre a umbanda e o catolicismo, demonstrando a riqueza e harmonia cultural existente.


Dois dos acusados seguem a religião umbandista, enquanto o terceiro é católico, evidenciando que a diversidade de crenças coexiste pacificamente. É imperativo desvincular qualquer ato praticado por indivíduos específicos da totalidade de uma comunidade que cultiva sua fé de maneira respeitosa.


Durante os mais de 200 anos de história da cidade de Formigueiro, onde cerca de 20% da população é quilombola, nunca houve registro de eventos similares. Nosso cliente, Jubal Brum, ex-presidente do quilombo por 17 anos, goza de reputação ilibada, sendo reconhecido pela comunidade por sua compaixão e luta pelos direitos de seu povo.


Quanto às alegações de práticas violentas em rituais religiosos, afirmamos categoricamente que nenhum dos acusados violou os princípios de suas respectivas crenças. Nenhuma religião prega a violência, e é necessário aguardar o desenrolar da investigação, que até o momento corre em sigilo, para obter informações mais concretas.


Na audiência de custódia realizada em 14 de fevereiro de 2024, as prisões foram mantidas. Nos próximos dias, impetraremos Habeas Corpus no Tribunal de Justiça, confiantes de que não há risco à sociedade e de que a verdade será estabelecida.


Reiteramos nosso compromisso em esclarecer a verdade dos fatos e provar a inocência dos acusados. Acreditamos na justiça e na capacidade do sistema legal em conduzir uma investigação transparente e imparcial.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Burros e cavalo resgatados em ruas de Santa Maria na noite de segunda seguem à espera da identificação de responsável Anterior

Burros e cavalo resgatados em ruas de Santa Maria na noite de segunda seguem à espera da identificação de responsável

VÍDEO: Burro é flagrado atravessando avenida em Santa Maria Próximo

VÍDEO: Burro é flagrado atravessando avenida em Santa Maria

Polícia/Segurança