Maior parte dos roubos de carros ocorre na Região Oeste de Santa Maria

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Depósito Os veículos roubados em Santa Maria são usados para cometer outros crimes. Isso explicaria a ausência de desmanches clandestinos

A Brigada Militar e a Polícia Civil divulgaram a queda de pelo menos 60% no número de roubos de veículos no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A BM contabilizou nove roubos (quando há violência, diferentemente de furto) neste ano, contra 30 roubos no ano passado.  

Segundo a titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), Alessandra Padula (foto ao lado), a Polícia Civil contabilizou 13 roubos neste ano e 36 no primeiro semestre de 2017. A maioria dos casos ocorreu na Região Oeste (veja abaixo). Os casos registrados na Defrec são em maior número do que os na BM porque contabilizam roubos que também envolveram residências e que, provavelmente, não foram cadastrados pela Brigada Militar com a nomenclatura de roubo de veículo.

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Apesar de não divulgar quantos veículos foram recuperados nesses 13 roubos, a Polícia Civil diz que é alto o índice de devolução aos donos. Só a Brigada Militar recuperou 38 carros em 2018. Não há especificação se são de roubos ou de furtos de Santa Maria ou de outras cidades.

CASA DOS PADRES
A subtração do carro na sequência do roubo a residência, inclusive, foi o modus operandi dos assaltantes em vários casos que aconteceram em Santa Maria neste ano, segundo a delegada Alessandra. De acordo com ela, o caso do roubo à casa dos padres do Movimento de Schoenstatt, no Bairro Dores, em 28 de fevereiro, é um exemplo disso.  

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Os bandidos trancaram um dos padres residentes e uma funcionária dentro de um banheiro enquanto roubavam televisores, computadores, relógios, óculos de sol, máquina fotográfica, celulares, calçados, alimentos, cerca de R$ 15 mil e um Gol. O veículo pertencia à instituição e foi encontrado logo depois pela polícia. Os suspeitos foram presos, e os objetos, recuperados.

- O carro da vítima, nesses casos, é usado para carregar as coisas ou para a fuga. Eles acabam abandonando porque todo mundo acaba procurando o carro, e, aí, eles se tornam um alvo fácil. Posso dizer que a maioria dos veículos, talvez todos, foram recuperados. Houve casos em que os autores do roubo incendiaram o veículo para eliminar vestígios e prejudicar a perícia - explica a delegada.

FURTOS
Os crimes de furto de veículos, que ocorrem na ausência dos donos, ou seja, sem violência, também caíram, mas ainda são em grande número na cidade. Conforme o delegado regional Sandro Meinerz, no primeiro semestre de 2017 foram registrados 153 furtos. Neste ano, no mesmo período, foram 108 casos.  

A delegada Alessandra explica que, nesse crime, os alvos preferidos são carros mais antigos, em que o bandido consegue fazer uma ligação direta, leva para outros locais e retira os itens de valor, como bateria, pneus e bancos. Em regra, as peças são vendidas para a compra de drogas.

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De acordo com Meinerz, na maioria, o roubo de veículos em Santa Maria não tem a finalidade de desmanche para alimentar sucatas clandestinas. Grande parte dos bandidos usa o carro para transportar produtos roubados. Outra razão para a diminuição atribuída por Meinerz é a prisão dos autores de crimes dessa natureza. 

- Em 2017 e 2018, conseguimos realizar ações bem positivas no sentido de prender as pessoas envolvidas nesses crimes. O furto também diminuiu. Só um indivíduo era responsável por furtar vários carros por semana - diz Meinerz.

O tenente-coronel Erivelto Hernandes Rodrigues, comandante do 1ª Regimento de Polícia Montada (RPMon) da Brigada Militar, reforça a tese da ausência de mercado de peças clandestinas na cidade.

- Não existe, aqui, um mercado que a gente possa dizer que haja a venda de peças. Geralmente, o furto e o roubo de veículos, como acontece na região da Grande Porto Alegre, acontece porque lá existem muitas oficinas de fundo de quintal que são utilizadas para desmanche. Nós não temos esse tipo de coisa - avalia o comandante.

A titular da Defrec, Alessandra Padula, acrescenta que o trabalho integrado das polícias civil e militar possibilita a conclusão rápida dos inquéritos e o pedido de prisão preventiva dos autores ao Judiciário.

PLACAS CLONADAS
Diferentemente dos "roubos-relâmpago" de automóveis em Santa Maria, a polícia ainda apreende vários veículos roubados em outras cidades. A Polícia Civil não divulgou o número de carros apreendidos em outros municípios, mas, segundo o delegado regional Sandro Meinerz, os casos são frequentes. Os chamados clones são encontrados, na maioria das vezes, apenas com placas alteradas. 

- Antigamente, clonavam tudo: chassi, numeração de motor, vidros, placas. Hoje em dia, eles só alteram a placa. Todos são roubados em outras cidades e trazidos para cá para vender, no Facebook, a um preço bem abaixo do que valem. Nesse contexto, as pessoas que investigamos incorrem no crime de receptação - define a delegada titular da Defrec, Alessandra Padula.

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Segundo a delegada, a maioria dos carros roubados e clonados vem de Porto Alegre e Região Metropolitana. Para o delegado Sandro Meinerz, os carros que não são vendidos pela internet são usados para distribuição e transporte de drogas ou transporte de homicidas que vêm se envolver em crimes em Santa Maria.

O ENDEREÇO DOS ROUBOS 
Onde e quando ocorreram os roubos de veículos no primeiro semestre deste ano em Santa Maria: 

• 20 de janeiro - Distrito de Passo do Verde, zona rural: Hilux 
  
• 26 de janeiro - Rua Silva Jardim, Centro: Corolla
• 1º de fevereiro - Rua Raul Soveral, Bairro Perpétuo Socorro, Região Norte: Fiat Uno
• 3 de fevereiro - Estrada Juca Monteiro, distrito de São Valentim, zona rural: HB20
• 7 de fevereiro - Avenida Liberdade, Bairro Passo D'Areia, Região Centro-Oeste: Astra
• 7 de fevereiro - Avenida Paulo Lauda, Cohab Passo da Ferreira, Bairro Tancredo Neves, Região Oeste: motocicleta (modelo não informado)
• 28 de fevereiro - Avenida Dores, Bairro Dores, Região Nordeste: Gol
• 23 de março - Avenida Principal, Alto da Boa Vista, Bairro Nova Santa Marta, Região Oeste: motocicleta (modelo não informado)
• 19 de abril - Rua José Bonifácio, Centro: carro (modelo não informado)
• 16 de abril - Rua Alfredo Assunção, Alto da Boa Vista, Bairro Nova Santa Marta, Região Oeste: motocicleta (modelo não foi informado)
• 16 de maio - Rua Comissário Justo, Bairro Itararé, Região Nordeste: motocicleta (modelo não informado)
• 21 de maio - Rua Irmã Dulce, Bairro Renascença, Região Oeste: carro (modelo não foi informado)
• 18 de julho - Rua Walter Jobim, Bairro Patronato, Região Centro-Oeste: Sandero

Fontes: Brigada Militar e Polícia Civil 

FIQUE ALERTA
A delegada Alessandra Padula, titular da Defrec, dá dicas para que as pessoas não se tornem vítimas do roubo de veículos. Segundo ela, as vítimas, geralmente, são pessoas que andam distraídas. Confira: 

• Se estiver circulando de carro à noite, cuide ao parar nas sinaleiras 
  
• Tente andar em ruas mais iluminadas
• Ao entrar e sair de casa, observe se não há pessoas com atitude suspeita
• Ao chegar na garagem, se notar movimentação estranha, acione a Brigada Militar e dê uma volta na quadra

PENAS

• O crime de roubo de carros pode resultar em pena de 4 a 10 anos de prisão
• Pena tem aumento de 1/3 até a metade quando o veículo é levado para outro Estado, para outro país, ou quando é utilizado em sequestro-relâmpago
• Pena tem aumento de 2/3 se é utilizada arma de fogo ou explosivo
• Quando há latrocínio (roubo com morte da vítima), a pena é de 20 a 30 anos de prisão