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Jovem é assassinado, e polícia suspeita que facções retomaram disputa pelo tráfico em Restinga Sêca

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Foto: Brigada Militar (divulgação)

A execução de um jovem, de 24 anos, na noite de sexta-feira, em Restinga Sêca, reacendeu a disputa de duas facções que tentam, novamente, firmar terreno no tráfico de drogas na cidade. Michael Jaquison Lima Martinez foi assassinado com pelo menos doze tiros na Rua Miguel Moraes, no Bairro Iberê Camargo. Desde julho de 2018, conforme apurado pela Polícia Civil, pelo menos oito pessoas foram executadas em crimes relacionados à disputa pelo tráfico na cidade.

Michael Jaquison havia sido preso em outubro de 2020, durante a Operação Manos da Felin, que investigou e prendeu suspeitos de integrar facções criminosas instaladas em Restinga Sêca, mas foi solto em 17 de dezembro. Ele tinha passagens pela polícia por crimes como lesão corporal, posse de entorpecentes, ameaça, roubo, entre outros. Segundo informações apuradas junto à investigação, o jovem estaria atrapalhando os negócios do tráfico e pode ter sido executado por essa razão.

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A Polícia Civil esteve no local do crime na noite de sexta-feira em busca de informações que pudessem ajudar na identificação do suspeito ou suspeitos da execução de Michael Jaquison. No entanto, eventuais testemunhas relutam em dar um passo a frente para colaborar com a investigação, com medo de represálias. Ninguém foi preso. De acordo com informações da Funerária Caminho da Luz, o corpo do jovem será sepultado às 17h deste sábado, na Localidade de Barro Vermelho, no interior de Restinga Sêca

- Vamos retomar todo o trabalho de investigação. Todos os esforços da nossa delegacia serão direcionados para apurar a autoria, causas e circunstâncias dessa execução - disse a delegada Elizabethe Shimomura, titular da Delegacia de Polícia de Restinga Sêca.

A MARCA DA VIOLÊNCIA

O assassinato de Michael Jaquison carrega a marca da violência que assustou os restinguenses no ano passado, quando 23 pessoas foram presas numa complexa investigação que visou estancar a atuação de dois grupos criminosos que mediam forças, por ordem dos chefes que comandavam as ações de dentro da Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas e Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).

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Entre as ordens, estavam a de matar concorrentes e de atear fogo em residências. A Polícia Civil, através de autorização judicial, obteve gravações de conversas por celular entre os dois presos e os colaboradores das facções em Restinga Sêca. Até a advogada que defendia os investigados acabou sendo presa, segundo a polícia, por suspeita de informar, em tempo real, sobre as ações de uma das facções e da Polícia Civil no município. Ela também foi investigada por, supostamente, alugar imóveis para os traficantes.

COINCIDÊNCIA OU NÃO

O alerta de que facções estariam novamente se movimentando para restabelecer terreno na disputa pelo tráfico em Restinga Sêca foi dado ainda na noite de 24 de janeiro último, quando que Luiz Henrique dos Santos Rodrigues, foi assassinado em um bar, que fica na Rua Virgílio Carvalho Bernardes.

Assim como no caso da morte de Michael Jaquison, na noite de sexa-feira, coincidência ou não, Luiz Henrique foi executado, também, com doze tiros. A diferença é que, por enquanto, a polícia acredita que Luiz Henrique não seria o alvo dos executores que teriam chegado no bar em uma motocicleta. Ele, que inclusive tinha problemas de visão, pode ter sido morto por engano ou como forma de deixar um recado para o suposto alvo, que não estaria no local naquele momento.

Conforme o delegado Laurence de Moraes Teixeira, que atendeu ao plantão da noite de 24 de janeiro último, Luiz Henrique não tinha histórico de envolvimento com crime organizado. Ainda segundo o delegado, o proprietário do bar, que não estava no local no momento em que o jovem foi executado, prestou depoimento, mas não trouxe novidade sobre o que possa ter motivado o crime.

A VINDA DE FACÇÕES PARA A REGIÃO

As facções criminosas da Região Metropolitana começaram a se instalar no Interior há pelo menos seis anos. Com isso, o tráfico de drogas e a criminalidade em pequenos municípios foi aumentando. Segundo a polícia, os criminosos estão investindo forte para expandir suas áreas de atuação e estão chegando a cada vez mais cidades da região.

Para o delegado Regional, Sandro Meinerz, a migração das facções para o Interior se deve aos conflitos na Região Metropolitana. Os criminosos teriam percebido que a maneira mais fácil de ampliar os ganhos era migrar para cidades mais afastadas e abrir "novos mercados" para o crime.

EFEITO COLATERAL

Segundo Meinerz, a chegada das facções não leva só o tráfico de drogas para o Interior. Muitas vezes, homicídios, roubos e furtos acabam sendo um efeito colateral da presença dos grupos criminosos.

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São os casos das cidades de Agudo, São Sepé, Júlio de Castilhos, Tupanciretã e Restinga Sêca, nas quais a polícia identificou a presença de grupos criminosos e um aumento da violência. Para frear a atuação das facções, o setor de inteligência policial faz um mapeamento da atuação dos bandos para poder atuar na prevenção. Para isso, investiga-se com quem os criminosos estão falando, que tipo de crime estão cometendo e quais parcerias estão sendo firmadas na região.


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