"Vamos ter que aprender a conviver com a dor de perder os dois", diz familiar de casal que morreu em acidente com motorista bêbado

Foto: Arquivo Pessoal

Sonhos deixados pelo caminho e uma imensidão de saudade em quem ficou. Na noite de sábado (16), um casal de jovens trafegava pela BR-158, em Santa Maria, quando um motorista de um VW Gol colidiu contra a traseira da moto em que eles estavam. Com o impacto, Otávio Silva, 21 anos, e Yasmim Pacheco, 20, morreram no local. Na ocasião, teste realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontou que o condutor do veículo estaria alcoolizado.   


Ambos foram sepultados na tarde de segunda-feira (18). A cerimônia de despedida de Yasmim ocorreu em Santa Maria, enquanto Otávio foi sepultado em Cachoeira do Sul. O Diário conversou com familiares do casal para conhecer um pouco mais sobre os jovens. Ambas as famílias planejam um protesto para a sexta-feira (22), pedindo justiça.


Yasmim tinha o sonho de cursar Direito

Foto: Arquivo Pessoal


Segundo Emilene Gerhard, 25 anos, irmã de Yasmim, ela era a mais nova entre quatro irmãos. Atualmente, trabalhava no setor de crediário nas lojas Colombo, em Santa Maria. Emilene conta que a jovem será lembrada como uma pessoa alegre, justa, madura e cheia de sonhos:


– Ela fez a prova do Enem pois queria realizar o sonho de cursar Direito, era a profissão que ela sonhava. Além disso, há 20 dias, ela tirou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para conduzir motocicletas. Ela estava muito feliz.


Emilene relembra que Yasmim adorava passear com o namorado e que eles viajavam juntos sempre que podiam. 


– Agora vamos ter que aprender a conviver com a dor de perder os dois. É uma dor que não desejo para ninguém – afirma a irmã.


Otávio era apaixonado por motos

Foto: Arquivo Pessoal


Elton Siqueira é pai de Otávio, filho caçula entre três irmãos. Ele relembra que o filho, na infância, adorava jogos online. Aos 18 anos, após o Ensino Médio, Otávio entrou no Exército e para facilitar o seu deslocamento até o trabalho, os pais lhe presentearam com a primeira moto.


– Não havia fascínio por motos naquela época, somente uma necessidade de deslocamento. Mas ele se fascinou e, a partir dali, simplesmente se apaixonou por motos. Moto era tudo para ele – conta o pai.


Elton afirma que o filho sempre foi uma pessoa amorosa, respeitosa e muito inteligente, com um sorriso largo. Depois que saiu do Exército, também trabalhou nas Lojas Colombo e, recentemente, atuava como supervisor de vendas da Claro em Santa Maria. Simultaneamente, cursava técnico de informática:


– Ele sempre afirmou que desejava fazer as coisas com excelência. Ele me deu uma lição enorme neste sentido, pois eu não esperava isso dele, ele desabrochou neste sentido. Era um rapaz bagunceiro em casa, mas no trabalho era um excelente profissional.


Otávio era colorado, mas sem fanatismo. Segundo Elton, só tocava no assunto para "provocar o pai gremista". Emocionado, o pai desabafa sobre a saudade que ficará do filho:


– Vou sempre guardar aquele sorriso dele e o companheirismo. Fico com vazio enorme, é algo que nunca vou conseguir tapar, nunca. Ele vai fazer falta em todos os sentidos para mim. Sempre que olho para uma moto, vou lembrar dele. Ele também era meu parceiro nos passeios de moto.


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Namoro

Na última sexta-feira (15), Otávio e Yasmim completaram três anos de namoro. Eles teriam se conhecido por meio de amigos em comum. Ambas as famílias moram no Bairro Tancredo Neves, então o casal sempre estava junto. Segundo os familiares, Otávio passava grande parte do tempo na casa da namorada, então já era considerado morador da casa.


Protesto

Está programado para sexta-feira (22) um ato em homenagem a Otávio e Yasmim. Com início previsto para as 17h, no Ginásio do Oreco, no Bairro Tancredo Neves, amigos e familiares do casal pretendem se reunir e sair em cortejo até a sede do Ministério Público de Santa Maria, também como forma de protesto contra a liberação do motorista que colidiu contra a moto do casal, que ocorreu na segunda-feira (18).

– Só sossego depois que conseguir justiça. Eu não vou parar. Eu não quero dinheiro nem indenização, porque nada disso trará os dois de volta. Eu só quero que o motorista que colidiu contra a moto do meu filho, alcoolizado, não volte a cometer outras mortes. Eu sei a dor que isso causa e não desejo para ninguém – afirma Elton, pai de Otávio.


A reportagem do Bei e do Diário procurou a defesa do motorista Lucas Diefenthaler, 41 anos, que teria causado o acidente, mas não houve retorno até a publicação desta matéria. 


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