Vinicius Saldanha do Carmo morreu quando trabalhava em uma borracharia, na cidade de Santiago. Ele estava manuseando o pneu de um caminhão, quando estourou e atingiu o borracheiro, que não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital.
Confira o vídeo:
O proprietário da borracharia, Peterson Fagundes, conversou com o Diário. Muito abalado com tudo que aconteceu, ele afirma que Vinicius tinha experiência na área. Antes de ir para o seu estabelecimento, ele trabalhava na borracharia de um posto de gasolina da cidade. Ao ser questionado sobre o que pode ter acontecido, afirma que o procedimento foi feito da forma correta.
– O procedimento foi feito como de costume. O pneu estava fora há um tempo, foi batido, colocado ar... estava indo normalmente. No momento em que o Vinicius foi levantar o pneu com a alavanca para colocá-lo de volta no caminhão, o aro saiu e aconteceu a explosão. Foi no final do processo – conta.
Ele diz que existe um procedimento de segurança usado em pneus de caminhões, justamente para diminuir o risco de acidentes:
– Quando você lida com um pneu desses, usamos uma mangueira para encher o pneu, não colocamos a mão diretamente nele, de forma alguma, ficamos mais longe. Essa fase, que pode ser considerada a mais arriscada, já tinha sido feita e tudo ocorreu tranquilamente.
Os motivos que podem ter levado ao estouro, segundo Peterson, são incertos.
– Se fosse estourar por estar muito cheio, já era para ter acontecido antes, quando estávamos colocando ar e não foi isso que aconteceu. Foi uma fatalidade, só Deus para explicar o que aconteceu naquela situação – desabafa.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e uma perícia técnica será feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) para apurar o que de fato ocorreu.
Especialista fala sobre o assunto
Sergio Pavani é professor da área de mecânica no Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM) e especialista em ar comprimido. Ele falou com a equipe do Diário sobre o que pode ter ocasionado a explosão.
Ele explica que pneus costumam estourar por dois motivos: excesso de calibragem e algum defeito. Esse defeito pode ser um corte ou até um pequeno furo, causado por um prego, por exemplo.
Ao analisar o vídeo do acidente, Sérgio acredita o pneu poderia estar com excesso de calibragem (muito cheio) e também com alguma falha. No momento em que Vinicius engatou a alavanca no pneu, existe a possibilidade de ter tocado justamente no local dessa falha, liberando o ar comprimido.
– Para começar, trabalho com ar comprimido há muitos anos e nunca tinha vi nada parecido, um pneu romper dessa forma – afirma Pavani.
Ele explica que mesmo em pouca quantidade, o efeito que o ar comprido causa, quando liberado, é extremamente violento. Se tratando de um pneu de caminhão, o impacto desse estouro contra o corpo de um ser humano pode resultar em lesões muito graves e até a morte:
– O efeito causado contra o corpo desse homem equivale a um tiro, um coice de cavalo. Primeiro, ele leva o impacto do estouro e depois tem a queda contra o chão; é um conjunto de agressões contra um corpo. Pela força, isso resulta em lesões internas gravíssimas e também ao óbito.
Acidentes e situações sem explicações lógicas podem acontecer. Mas Sérgio reforça a importância de uma boa manutenção periódica nos pneus, para que situações com essa não se repitam.
Alerta para prática perigosa
Sérgio também relatou sobre uma prática que tem sido feita em alguns lugares do Brasil: pneus que são cheios com uma mistura envolvendo gasolina e fogo.
– Existem muitos vídeos por aí mostrando essa prática. A pessoa coloca o combustível, acende o fósforo e essa fusão causa uma explosão, que enche o pneu. Tem sido comum, mas é muito perigoso.
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