data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pâmela Rubin Matge (Diário)
Uma família que se mostrava perplexa por não saber do que aconteceu dentro da própria casa ainda tentava retomar as forças na tarde deste domingo. A mãe, o padrasto, os irmãos e as irmãs da menina de 5 anos, que foi estuprada e morreu no hospital na madrugada de sábado, afirmavam nunca suspeitar de um familiar ter sido o autor do crime. A criança era cadeirante e alimentava-se por meio de sonda. Na residência que fica no Loteamento Leonel Brizola, no Bairro Diácono João Luiz Pozzobon, convivem pelo menos 12 pessoas.
As delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investigam o caso.
De acordo com a mãe da menina, que acabara de sepultar a filha por volta das 14h30mim no Cemitério Jardim da Saudade, o que restou foram as boas lembranças e o desejo de Justiça. Acompanhada do marido, ela relatou as horas que antecederam o crime e das imediatas providencias tomadas assim que a notaram que a criança não respirava.
O Diário não irá divulgar o nome da mãe da criança porque o caso está sob sigilo.
Confira a entrevista:
Diário de Santa Maria - A senhora não percebeu nada de diferente ao longo do dia ou da noite?
Mãe - Ela estava bem, dormindo no bercinho. Eu estava medicada com corticoides. Meu marido me acordou por volta das 4h45min, horário que sempre acordamos para nebulizar e aspirar, e estava espantado apontando para ela. Coloquei a mão no pulso e ela ainda tinha pulsação. Quando peguei no colo, ela se amoleceu e corremos para o hospital. Percebi que saía secreção do narizinho e mal respirava.
Diário - A senhora teve a notícia do óbito no hospital?
Mãe - Sim. A médica me deu a notícia e eu saí lá fora para informar toda a família. Minutos depois, ela me chamou de volta e disse que precisava avisar a polícia. Foi aí que não entendi mais nada. Fiquei pensando em tudo o que fiz: na sexta-feira à tarde, saí pagar contas e retornei cansada, às 19h. Tenho bronquite, estava em crise, tomei um remédio com corticoide e fui deitar. Pedi para o meu marido tirar ela da cadeira de rodas e colocar no berço. Ali por 21h, meu marido fez sopa, tomei, olhei para ela, que estava dormindo quietinha. Ele tinha "dado mamá". Às 21h45min tomei um chá e outro remédio. Até que meu marido me acordou por volta das 4h45min...
Diário - O quarto tem chave. A porta estava trancada?
Mãe - Não. Deixei destrancada para entrar um ar, pois eu estava respirando mal. Meu marido tem problema de audição e eu estava medicada. Ela também tinha um "bloqueio para dor" e, por isso, dificilmente chorava quando sentia dor. Descobrimos por uma neurologista quando ela ainda era pequenininha. Segundo a médica, pelos exames, tudo aconteceu (estupro) na madrugada (de sábado).
Diário - Que providências a família pretende tomar a partir de agora?
Mãe - Vamos depor e fazer o que for preciso. Não consigo entender como ele (autor) fez isso. Ninguém é conivente e só esperamos por Justiça. Ela (vítima) foi uma menina que nasceu de sete meses, dentro de uma ambulância, em frente ao hospital. Faltou oxigenação durante o parto e desde os três meses passou a ter crises convulsivas e epiléticas. E, a partir daí, problemas nos sistemas neurológico, respiratório e digestivo. Por isso, era uma criança amada, bem cuidada, o xodó da casa. Eu ainda estou me perguntando como tudo isso aconteceu.