segurança doméstica

VÍDEOS: especialistas orientam como usar lareiras e fogões a lenha de forma segura

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos
Modelo já é um dos mais procurados. Ao acender, é necessário deixar uma fresta de ar no ambiente

Devido às baixas temperaturas na região sul do Brasil, muitas pessoas buscam alternativas para aquecer os ambientes. É nesta época que, além do ar-condicionado, fogões a lenha e lareiras tornam-se protagonistas. No entanto, esses recursos podem ser perigosos e até fatais. Basta um descuido para que pequenas labaredas deem início a incêndios, ocasionando danos materiais ou, ainda, perdas humanas. Infelizmente, isso aconteceu, ainda este mês, no Rio Grande do Sul.

Em Lagoa Vermelha, a adolescente Terluize Toson, 12 anos, teve o corpo queimado devido à explosão de um tubo de álcool que foi aberto próximo a uma churrasqueira. Depois de dois dias no hospital, ela faleceu. Com o impacto da notícia, as primeiras conclusões do corpo de bombeiros da cidade foram de que o acidente aconteceu por conta do mau uso de uma lareira ecológica. No entanto, o pai de Terluize, Marcelo Farias Teixeira, em vídeo publicado pela Tua Rádio Cacique, de Lagoa Vermelha, em 8 de julho, esclareceu a causa.

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Segundo Teixeira, a churrasqueira estava acesa quando, ao lado do local, ele teria aberto um tubo de álcool. Com o calor do fogo, imediatamente, o líquido entrou em combustão. No ocorrido, a menina, os pais, o irmão e a avó dela sofreram queimadura.

Embora o acidente no norte do Estado não tenha sido por consequência de uma lareira, vale lembrar que "quem mexe como fogo pode se queimar, sim".

PREVENÇÃO
Em Santa Maria, já no início deste inverno, o corpo de bombeiros atendeu a uma ocorrência envolvendo vela acesa e duas por fogões a lenha. Vale lembrar que, apenas em maio deste ano, 12 incêndios em casas foram registrados na cidade.

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Além do mais, só em 2020, foram computados 738 incêndios em Santa Maria, entre diferentes causas. A maioria ocorreu em vegetações, em decorrência da seca deste verão.

Para evitar que esses números aumentem, alguns detalhes, como a escolha do modelo e local para a instalação da lareira, bem como o uso correto e o armazenamento dos combustíveis, devem ser observados.

Seja para aquecer, decorar ou dar sensação de proximidade e aconchego no inverno, há vários tipos de lareiras no mercado: a lenha, a gás, elétrica, ecológica e a óleo. Acidentes com aquecedores elétricos também acontecem. No entanto, o fogo representa perigos maiores, visto que pode causar explosões e incêndios em poucos segundos.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Gabriel Haesbaert
Diana Machado Busnello escolheu o modelo mais tradicional e instalou longe de tapetes, cortinas e outros objetos

Ainda era verão quando a designer de sobrancelhas Diana Machado Busnello decidiu comprar uma lareira à lenha. Hoje, ela já desfruta do aconchego que o objeto proporciona. Segundo ela, depois de uma dia de trabalho, nada melhor do que driblar o frio.


A lareira de Diana tem um duto (tubo) que conduz a fumaça para fora de casa. Ela ou o marido, o corretor de imóveis Juliano Estevão Nágera de Quevedo, usam lenha, acendedor em pastilha ou bastão, papel e álcool ou azeite reaproveitado para atear o fogo.

- Comprei a lareira de segunda mão e o vendedor não me passou instruções. Mas sabíamos, de antemão, dos cuidados necessários com os produtos inflamáveis e que não se instala a lareira perto de tapetes, cortinas, brinquedos ou outros objetos que possam queimar, seja com as fagulhas ou apenas com o calor do fogo. A nossa veio com equipamento adequado para limpar as cinzas - diz a designer de sobrancelhas.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Gabriel Haesbaert

Para Diana, os cuidados com a lareira já fazem parte da rotina da família:

- Nunca deixamos o fogo aceso. Se vamos sair ou dormir, colocamos um pouco de água para termos certeza de que nenhuma faísca irá escapar.

Há cerca de dois anos, a dona de casa Viviane dos Santos Tilimann, moradora de Itaara, adquiriu uma lareira ecológica para reforçar o aquecimento da casa:

- Compramos por curiosidade, porque já tínhamos um fogão à lenha há mais de seis anos. Gostamos, mas não esquenta tanto quanto o fogão.

O lugar escolhido para a lareira, que neste inverno tem sido acesa quase todos os dias, é o espaço gourmet.

- Compramos de uma loja virtual, com manual e certificação, ou seja, comprovação de que o produto atende às normas técnicas necessárias para funcionar com segurança. A estrutura é composta por duas paredes de vidro e apagador, bem simples, mas seguro.

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Viviane e o marido, o empresário Lauricio Budel Possebon, tomaram todos os cuidados para instalar a lareira fora do alcance do filho, Davi, 3 anos.

- Como é bem pequena, alternamos o local entre uma pia de mármore e uma pedra de piso, mas sempre em um lugar alto. Mesmo assim, Davi já ficava distante do fogão a lenha - conta a dona de casa.

LONGE DAS CHAMAS
Para acender a lareira ecológica, Viviane usa álcool e fósforo. Já para o fogão, ela usa gravetos, papel e lenha. Sempre com vistas à segurança, o casal espera as chamas apagarem totalmente para reabastecer o recipiente, ainda de acordo com a dona de casa.

O professor de educação física e empresário Henrique Adornes Beltrame e a namorada, a estudante de Ciências Contábeis Bruna Cardoso Fernandes, adquiriram uma lareira ecológica com acendedor automático há três meses.

- Ao acendê-la, abro a janela para o ar circular. Tapetes e cortinas ficam longe, é claro. Optamos por este modelo em razão de morarmos em apartamento. Não temos espaço para uma lareira convencional, a lenha - explica Henrique.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Felipe Castro
Adriana Dias não abre mão do fogão a lenha. O filho, Isaque, e os gatinhos da família aproveitam o calor e o aconchego à beira do fogo

Já a secretária Adriana Dias e o vendedor Felipe Castro preferem o tradicional fogão à lenha. Há oito invernos, eles usam o fogão para aquecer a casa e cozinhar.

- Encontramos esta alternativa e não abrimos mão porque nossa casa é muito fria. Desde que as temperaturas começaram a baixar, o fogão tem sido aceso todos os dias. Com certeza, ele ajuda a aquecer o ambiente - comenta ela.

O filho, Isaque Dias Castro, 11 anos, e os cinco gatinhos da família, ficam em torno do fogão para aproveitar o calor do fogo.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Felipe Castro

A estrutura da casa de Adriana e Felipe, com exceção da cozinha, onde eles instalaram o fogão, é de alvenaria. Para evitar qualquer risco de incêndio, eles se certificam de que o fogo cessou e fecham a portinha do fogão para não cair fagulhas.

- Usamos gravetos, jornal e pinhas para fazer o fogo. Não temos o costume de usar líquidos combustíveis para fazer as chamas - conta ela.

SEM INCIDENTES
Mas o que fazer para aproveitar o calor desses objetos sem correr riscos?


Sargento do 4º Batalhão de Bombeiro Militar (BBM), de Santa Maria, Marcelo Lovatto Mariani recomenda que ao fazer o fogo é necessário deixar ao menos uma fresta de ar no local:

- Na combustão, ou seja, na transformação do líquido em chama, há também consumo de oxigênio. Então, para que esse ar não falte às pessoas que estão perto, é fundamental que sempre tenha ao menos uma fresta no local. Se o ambiente ficar totalmente fechado, pode haver sintomas como tontura e desmaio em quem estiver no lugar. 

E QUANTO AO COMBUSTÍVEL?
Outra recomendação, e talvez a principal delas, é utilizar o combustível correto para cada lareira. Esta especificação vem junto do manual técnico, de acordo com Régis Ferreira, técnico em segurança do trabalho que trabalha com prevenção de incêndios há mais de duas décadas:

- Para o modelo ecológico, recomenda-se o álcool líquido 92.8°. Não se pode utilizar álcool gel ou etanol, por exemplo. Jamais use outro além do recomendado. Essa orientação vale para qualquer tipo de lareira.

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Além de manter objetos de tecido, como cortinas e tapetes, distantes das chamas, é muito importante deixar frascos de líquidos inflamáveis, como álcool, gasolina e querosene, distantes do calor. Além disso, eles nunca devem ser manuseados perto de lareiras, fogões ou churrasqueiras acesos, a exemplo do ocorrido em Lagoa Vermelha, de acordo com Rogério Cattelan Antocheves de Lima, professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Rogério alerta que os combustíveis devem ser guardados em ambiente seguro e sempre longe do alcance de crianças e de animais de estimação. A orientação vale, da mesma forma, para frascos de álcool gel.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Gabriel Haesbaert

Segundo Régis, a lareira à lenha também precisa de limpezas periódicas do recipiente e dutos, além de ficar de olho nas fagulhas, que podem cair e causar incêndios. Uma boa alternativa para ficar mais seguro são as grades de proteção, que podem ser de vidro.

Para o bombeiro civil, engenheiro de Segurança do Trabalho e professor do curso de Segurança do Trabalho do Senac Santa Maria, Rosito Zepenfeld Borges, a maneira utilizada pelas famílias para atear fogo na lareira é correta:

- O azeite é um ótimo combustível, principalmente por não representar tanto perigo. Para começar o fogo, gravetos e papel são materiais de fácil combustão, que ajudam no processo.

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Rosito explica que a concentração e manejo dos combustíveis merecem atenção. O álcool 46° INPM, encontrado em mercados, é o ideal. Embora demore mais para atear fogo, é o mais seguro. Concentrações acima de 90° INPM são mais inflamáveis e, consequentemente, podem causar explosões com maior facilidade. O cuidado com a concentração também vale para gasolina e querosene.

Para o professor, a maneira mais segura de acender tanto lareiras quanto churrasqueiras são os acendedores em pastilha em gel, substância sólida também encontrada em mercados e que não geram explosão.

- Manter a distância entre a pessoa que ateia o fogo e o aparelho, além do uso da menor medida possível de combustível, é indispensável - conclui Rosito.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Gabriel Haesbaert

Álcool gel também apresenta risco?

Com as medidas para evitar a contaminação pelo coronavírus, outro hábito ficou ainda mais em evidência: o uso do álcool gel. Mas como aliar a proteção com álcool, fogo e segurança doméstica? Afinal, o produto, indispensável por conta da prevenção contra o coronavírus, deve ser usado, também, para higienizar os ambientes.

- Quando aplicado nas mãos, é conveniente esperar o álcool evaporar para, só então, manusear algo próximo de chamas, como as do próprio fogão a gás - diz o professor Rogério Cattelan Antocheves de Lima.

Confira, abaixo, algumas dicas de profissionais para fazer o melhor uso de lareiras e fogões a lenha

  • Adquira apenas lareiras verificadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
  • Ao comprar uma lareira ou fogão à lenha, exija o manual técnico e siga suas recomendações
  • Jamais use outro tipo de álcool ou combustível além do recomendado para sua lareira
  • Utilize combustíveis de baixa concentração
  • Ao utilizar a lareira, deixe uma fresta do ambiente da casa aberta, para a circulação do ar
  • Nunca reabasteça a lareira ecológica antes de totalmente apagada
  • Conserve o recipiente e dutos limpos, higienizando periodicamente
  • Guarde os tubos de álcool e outros líquidos inflamáveis longe de superfícies quentes e, de preferência, fora da cozinha
  • Espere o álcool evaporar da mão para, só então, lidar com superfícies em chamas, como bocas de fogão
  • Mantenha os inflamáveis fora do alcance de crianças e animais
  • Antes de dormir, tenha certeza que os ambientes com fogo estão totalmente apagados
  • Jamais saia de casa deixando a lareira ou fogão acesos
  • Priorize ter um extintor em casa, como prevenção

Fontes: Régis Ferreira, técnico em segurança do trabalho, Rogério Antocheves, professor do programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFSM, Marcelo Lovatto Mariani, sargento do Corpo de Bombeiros de Santa Maria (4º BBM) e Rosito Zepenfeld Borges, bombeiro civil e engenheiro de Segurança do Trabalho

*Colaborou: Gabriele Bordin

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