Fotos: Renan Mattos (Diário)
A segunda-feira começou com despedida para 131 famílias de Santa Maria, Porto Alegre, Alegrete, Pelotas e São Gabriel. É que o primeiro grupo de militares gaúchos embarcou rumo a cidades de Boa Vista, Pacaraima e Manaus para atuarem, pela primeira vez, no atendimento humanitário de refugiados venezuelanos.
Antes mesmo de amanhecer, as famílias começaram a chegar na Ala 4 (nova denominação da Base Aérea de Santa Maria) para acompanhar a formatura e o embarque da tropa.
Beijos, abraços, fotos e muitas lágrimas marcaram a despedida. Rosaina Guerreiro Steglich, 59 anos, trabalha como dentista no Hospital Geral de Santa Maria (HGeSM). Pela experiência que já tem, ela vai reforçar o time das mulheres e apoiar o grupo mais jovem.
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- A gente sabe bem o que vai encontrar, sabemos a realidade. A expectativa é trazer um pouco mais de conforto para esse povo que está precisando tanto, para que eles encontrem um caminho aqui no país. Estou mais acostumada, mas sempre fica a saudade da família, quem é militar sabe que a qualquer hora somos chamados e precisamos ir para a missão - disse Rosaina.
O marido dela, Edson Steglich, 58 anos, e a filha, Ana Guerreiro Stecglich, 31, contam que a internet será o meio de comunicação entre a família para amenizar a saudade.
- Vai ser mais um situação de separar a família, mas a gente sabe que é por um período curto, a missão é nobre e a gente sabe que vai se dar bem. Hoje com as redes sociais fica mais fácil manter o contato - disse Edson.
Ana estava acostumada a ver a mãe todos os dias em casa e também no trabalho, mas até novembro a rotina será diferente.
- Eu vou sentir bastante falta dela, mas eu sei que ela está indo por um bem maior e como tudo que ela faz ela faz bem, vamos ficar esperando ela voltar - completou Ana, emocionada.
OPERAÇÃO ACOLHIDA
A Operação Acolhida, é a primeira missão de natureza humanitária em território nacional. As Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) prestam apoio à operação com ações em infraestrutura, transporte, saúde e administração. Os cerca de 580 militares vão atuar no trabalho de identificação, recepção e acolhimento dos refugiados, além de emissão de documentos e vacinas. Ao todo, 11 ministérios estão envolvidos na operação.
- É uma missão ímpar e única. Vamos lá prestar apoio e solidariedade a quem está em vulnerabilidade extrema. Nós somos um pedacinho da esperança que eles têm para resgatar a dignidade deles. Acredito que depois dessa missão, vamos voltar mais solidários, somos todos voluntários e estamos prontos para ajudar - garante Marne Dias Real, coronel da 6ª Brigada de Infantaria Blindada que é farmacêutico e vai chefiar a sessão da saúde durante a operação.
A ação é das Forças Armadas, em parceria com órgãos da esfera federal, estadual e municipal, além de agências internacionais e organizações não governamentais.
A tropa já passou por um processo de simulação e treinamento durante duas semanas, em junho, com profissionais da Organização Mundial de Imigração (OMI) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), ambos vinculados à Organização das Nações Unidas (ONU).
OUTROS EMBARQUES
Ao todo, 580 militares serão encaminhados. O restante do grupo partirá em outras três datas: 28 de julho, 3 e 9 de agosto.