VÍDEO: com seca, moradores de distritos dependem de caminhão-pipa para ter água potável

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Caminhão adaptado tem capacidade para carregar 5 mil litros de água

A seca que atinge a região fez praticamente sumir a água dos dois poços da residência de Maria Conceição Maia Leite, de 60 anos, no Distrito do Passo do Verde, em Santa Maria, às margens da BR-392. Moradora do distrito há mais de 40 anos e sem água potável encanada, Maria está acostumada com a situação, mas, mesmo assim, precisa de ajuda para obter a água que necessita para o dia a dia. Nos vizinhos, ela busca alguns galões de água potável para beber e cozinhar. E da Defesa Civil, desde a semana passada, quando as fontes naturais secaram, vem o líquido utilizado nas demais tarefas domésticas.

- A seca agravou bastante nossa situação. A gente ficou sem água mesmo. Nessa semana, o poço aqui dos fundos parou de dar água, e nesse poço da frente  só dá para tomar banho, lavar roupa e limpeza de casa, para tomar não dá. Aí temos que ir nos vizinhos pegar água boa para tomar e fazer comida, ou minha filha tem que trazer de Santa Maria - relata.

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Maria Leite ao lado do poço que precisou ser reabastecido

Na quarta-feira pela manhã, a Defesa Civil trouxe água e reabasteceu um dos poços com água potável. Porém, como Maria não tem um reservatório adequado, como uma caixa d'água, o líquido jogado no poço suja e se torna impróprio para o consumo. Para a semana que vem, a Defesa Civil deixou no pátio dela um reservatório provisório, com capacidade para mil litros.

Com a estiagem, o trabalho de entrega de água, desempenhado pela Defesa Civil, é realizado de segunda à sexta e deve ser ampliado nas próximas semanas. Atualmente, a entidade entrega 25 mil litros de água por semana para 320 famílias espalhadas pelos distritos de Santa Maria. A entrega é feita com um caminhão baú adaptado com cinco reservatórios de mil litros e uma motobomba. Conforme o superintendente da Defesa Civil, José Almir Monteiro do Amaral, está nos planos a contratação de um caminhão-pipa, que ampliaria a capacidade de entrega diária em 10 mil litros. Isso será necessário com o crescimento da demanda por água, o que deve acontecer nas próximas semanas.

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- Segundo o Centro de Monitoramento de Desastres Naturais, possivelmente nos meses de novembro, dezembro e janeiro teremos uma estiagem bem prolongada. Isso vai afetar muitos pontos de distribuição de água - afirma Amaral.

Já foram entregues, em 2020, 978 mil litros de água, mais de cinco vezes o distribuído em 2019 (176 mil). A água é obtida pela Defesa Civil com a Corsan ou com o Corpo de Bombeiros do Parque Pinheiro Machado.

BALNEÁRIO DO PASSO DO VERDE
A situação do Rio Vacacaí preocupa. Não há uma medição oficial do nível, mas é visível a escassez de água. Conforme o presidente da Associação de Moradores do Balneário do Passo do Verde, Roberto Antônio Paim, 57 anos, a situação tem se agravado nos últimos meses e é possível que o fluxo do rio seja cortado. A água do rio é imprópria para consumo, e as cerca de 60 famílias com residência permanente no balneário também necessitam do abastecimento constante de água da Defesa Civil.

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Nível do Vacacaí está baixo

- Os poços artesianos daqui estão contaminados ou salobros. A água não é potável. O meu poço não tem condições mais. Então eu uso essa que vem da Defesa Civil e a do poço fica para lavar o chão, ou até mesmo uma louça - relata.

Na residência de Roberto, a água que sai das torneiras, proveniente de um poço, tem um odor ruim.
Todos os dias, ele ou a esposa Geni Seeger vão até a caixa de água abastecida pela Defesa Civil semanalmente para encher galões de água  que serão utilizados para cozinhar ou beber.

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Roberto retira água do reservatório abastecido pela Defesa Civil

O reservatório, de 5 mil litros, é o único abastecido com água potável no Balneário. Com a chegada do verão, os moradores sazonais começam a chegar e o consumo aumenta. Mesmo durante a pandemia, as praias do Rio Vacacaí têm recebido cerca de 500 pessoas nos fins de semana, que também usam a água disponibilizada ali.

PREVISÃO DO TEMPO
Desde junho, chove abaixo da média em Santa Maria. Conforme o meteorologista Gustavo Verardo, da BaroClima Meteorologia, a média histórica de chuva em outubro é de 173 milímetros. Em 2020, choveu 64 mm, menos da metade. Em novembro, a tendência segue. Até o momento, choveu apenas 10 mm dos 132 da média histórica.

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Conforme Verardo, a região está sob influência do fenômeno La Niña, que significa chuvas irregulares durante todo o verão. Está prevista uma chuva considerável para a próxima semana, entre os dias 26 e 27, que deve trazer alívio. Dezembro também pode ter mais chuvas, mas com distribuição irregular. Em janeiro e fevereiro a região volta ao cenário crítico.

*colaborou Felipe Backes